O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) está trabalhando com a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep) no programa ‘Ferramentarias Brasileiras Mais Competitivas’, que tem por objetivo a integração da indústria automotiva nacional às cadeias globais de valor, focando no fortalecimento da cadeia ferramental e no desenvolvimento da cadeia produtiva.
Um workshop foi
realizado dia 26/11 no campus do IPT para apresentar as potencialidades do
programa, identificar as demandas tecnológicas do segmento e promover conexões
para o desenvolvimento de trabalhos.
O projeto
faz parte do Rota 2030, um programa federal criado em 2018 para estimular o
investimento e o fortalecimento das empresas brasileiras do setor automotivo,
por meio de metas mensuráveis, desenvolvimento e aplicação de novas tecnologias
e benefícios fiscais. A iniciativa com as ferramentarias tem a Fundep como
coordenadora, o IPT como responsável técnico, e conta com o apoio de
instituições de ensino e pesquisa, parques tecnológicos e entidades
representativas (ver lista ao final da matéria).
O objetivo
principal é solucionar dificuldades de empresas com baixa produtividade e
defasagem tecnológica, o que traz como consequência uma indústria cada vez
menos competitiva nos mercados nacional e internacional. “Nós temos o objetivo
de desenvolver e capacitar 250 empresas da linha IV do programa Rota 2030, que
é o setor de ferramentarias, para que se tornem exportadoras”, afirma Jefferson
de Oliveira Gomes, diretor-presidente do IPT. “Vamos colocar como meta a
exportação e não o conhecimento para um setor que não está desenvolvendo
pesquisas: assim foi direcionada a estratégia final”.
Os recursos
disponíveis para a execução do programa em cinco anos são de R$ 200 milhões.
Cada um dos projetos será submetido ao crivo de um conselho e deverá ter a
participação de, no mínimo, cinco ferramentarias e três fornecedores. Como se
trata de um projeto nacional, a expectativa é ter um mínimo de 50 projetos de
aplicação tecnológica e trabalhar basicamente nas regiões de Caxias do Sul,
Joinville, ABC Paulista e Belo Horizonte.
Os projetos
terão a duração máxima de um ano e o resultado final buscado será a
produtividade, seja por meio da diminuição no tempo de fabricação de uma
cavidade, por exemplo, ou da redução no tempo de fixação das peças. A comissão
deverá eleger também de dois a três projetos estruturantes, ou seja, aqueles de
risco – a maior parte dos projetos está voltada basicamente à aplicação.
Desenvolvimento do setor
Para Gomes, a iniciativa vai além do
objetivo de trazer benefícios às ferramentarias isoladamente, uma vez que
deverá propiciar condições para o desenvolvimento do setor – “se for possível
fazer o setor exportar, novos negócios irão aparecer”, afirma ele. Para chegar
ao número de 250 empresas preparadas para exportar (atualmente, o Brasil conta
com 1.852 ferramentarias), os coordenadores estimam trabalhar com cerca de mil
delas durante o programa.
Além disso, os stakeholders também
deverão estar envolvidos, o que inclui mais 300 empresas fornecedoras de
materiais. Instituições de ciência e tecnologia entram no desenvolvimento de
profissionais, conhecimento e tecnologia, e mais 100 startups nessa linha de
projeto. “Não podemos pensar pequeno. Quem não é global no mundo global, não
precisa estar aqui”, completa ele. “Com tudo isso bem delineado, o governo
receberá diretrizes para auxiliar o desenvolvimento de políticas públicas, uma
vez que será possível conhecer a fundo os setores e suas necessidades, que vão
aparecer ao longo do processo”.
Para o sucesso do programa, Oliveira
enfatiza a necessidade de ações voltadas ao tripé da educação, treinamento e
formação. Ele dá como exemplo uma iniciativa feita no início da década de 2000
na cidade de Caxias do Sul com a Virfebras, que era a Associação das Ferramentarias
da região. Foi possível diminuir o tempo de fabricação das cavidades para os
moldes, em um projeto de aplicação usando máquinas-ferramenta com outros tipos
de estratégia de corte, mas três meses mais tarde a situação voltou ao ponto
inicial. “Não foi colocada em prática uma formação contínua de ferramenteiros.
Precisamos de um volume de pessoas que detenham o saber”, diz Gomes.
Instituições envolvidas
Associação Brasileira da Indústria de
Ferramentais (ABINFER)
Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA)
Arranjo Produtivo Local (APL) do Grande ABC
Fundação Getúlio Vargas (FGV)
Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen)
Instituto SENAI de Inovação
Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA)
Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
Instituto Mauá de Tecnologia
Parque Tecnológico de São José dos Campos
Universidade Federal do ABC (UFABC)
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Como Participar
Confira mais detalhes sobre o Programa Rota2030 e como participar das
linhas coordenadas pela Fundep.
Acesse: rota2030.fundep.ufmg.br
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Revista Ferramental
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