O anúncio feito nesta terça-feira (5/4) de fechamento da fábrica da Toyota, em São Bernardo, trará consequências para a economia da região.
O anúncio encerra uma história de 60 anos da fábrica que foi a primeira da marca fora do Japão. A decisão pegou de surpresa o poder público e o meio sindical que trabalhavam pela retomada de investimentos na unidade
O prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB) contou que foi surpreendido pela notícia.
O comunicado foi feito pelo diretor de Relações Governamentais da empresa, Roberto Braun, que disse que a decisão ocorre porque no espaço industrial estava apenas em funcionamento apenas o setor administrativo, já que a produção de veículos já estava paralisada.
A companhia disse que vai remanejar seus colaboradores para outras filiais, sem realizar demissões. Morando, lamentou a decisão da empresa.
A unidade de São Bernardo foi a primeira fábrica da montadora fora do Japão, inaugurada em 1962. O prefeito disse que irá procurar o presidente da Toyota do Brasil, Rafael Chang, para tentar mudar a decisão da companhia.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges Júnior, disse que é o setor fabril que está sendo desmobilizado e não o administrativo que já havia sido transferido.
A montadora informa que não vai demitir e que vai realocar os trabalhadores, mas o sindicato diz que ainda vai tentar reverter o posicionamento da Toyota.
“Se fosse uma empresa que estivesse em dificuldade, que não apresentasse resultado, tudo bem, mas esse não é o caso da Toyota. Em todas as conversas que tivemos discutimos os investimentos. A empresa produz peças mecânicas que, inclusive, são exportadas. O que a empresa tinha de fazer é chamar o sindicato para conversar e não fez, mandou só uma carta, isso foi um desrespeito com o trabalhador”, disse o sindicalista.
O sindicato realizou uma primeira assembleia com os trabalhadores do turno da tarde ainda da terça-feira (5) e nesta quarta-feira (6) haverá uma nova reunião com os operários de todos os turnos.
“Queremos abrir a negociação com a empresa e temos esperança que se reverta essa decisão”, disse Selerges Júnior, que quer também o envolvimento do poder público.
“Falta uma política para a indústria no País. A indústria de transformação que já representou 25% do PIB (Produto Interno Bruto) hoje representa apenas 10%”, completa.
Para o professor de economia da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Jefferson José da Conceição, o fechamento da Toyota revela a busca por reestruturação das grandes empresas e também a falta de uma política de incentivos e de aproximação das empresas com as universidades e o poder público.
“Há uma sobreposição de crises. O mercado mundial de automóveis passa por uma reestruturação, soma-se a isso a crise brasileira que se alonga desde 2014.
Percebemos a ausência de um regime automotivo, como o Inovar Auto que, apesar dos problemas, trazia benefícios por investimentos.
Uma das beneficiadas foi a própria Toyota pelo desenvolvimento de motores híbridos e que agora busca redução de custos e toma como medida fechar a planta.
É uma empresa importante para o ABC, lastimo a saída, pois será uma perda muito grande. É preciso sentar para traçar um plano estratégico do ABC, que passa pela aproximação das universidades; pensar em como podemos aproximar as indústrias das startups, que podem achar soluções para os problemas com baixo custo”, completa o professor da USCS.
Fonte: Repórter Diário
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