Renault investirá R$ 1,1 bi até 2022 para renovar produtos e introduzir motor turbo

Aportes são para estratégia de curto prazo, novo programa mais longo depende da evolução do mercado

A Renault divulgou um programa de investimento de curto prazo no Brasil, de R$ 1,1 bilhão até o primeiro semestre de 2022 para renovar cinco dos seus veículos produzidos no País, introduzir versões com novo motor turbo, que num primeiro momento será importado, e trazer mais dois veículos elétricos ao mercado brasileiro. 

O anúncio foi feito na segunda-feira, 1º, pelo presidente da Renault do Brasil, Ricardo Gondo, ao governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Jr.

Segundo Gondo, um dos fatores que viabilizaram a aprovação do investimento de curto prazo foi o acordo negociado em agosto no ano passado com os empregados até 2024, que entre vários pontos envolveu a substituição de reajustes salariais por abonos fixos e o encerramento do terceiro turno de produção na fábrica de São José dos Pinhais (PR), com o desligamento de 747 funcionários – a maior parte já saiu por meio da adesão ao plano de demissão voluntária (PDV) e outra parte permanece em regime de layoff, com suspensão temporária dos contratos de trabalho que deve ser encerrado em breve e está em negociação com o sindicato. “Com isso hoje temos uma estrutura adequada ao tamanho atual do mercado”, disse o executivo. 

A redução de pessoal e custos e a renovação de produtos segue o plano estratégico global do Grupo Renault apresentada no fim de 2020, denominado “Renaulution”, focado no aumento da rentabilidade em detrimento de grandes volumes. 

“Para aprovar esses investimentos fizemos a nossa lição de casa em linha com o plano global do Grupo Renault, reduzimos o quadro de pessoal e garantimos mais competitividade por meio de um acordo com os empregados que nos dá mais previsibilidade e flexibilidade. Do lado comercial, deixamos de vender algumas versões de veículos que eram pouco rentáveis”, explicou Ricardo Gondo.  

A estratégia incluiu reajustes de preços de 16% em média e o fim das vendas de carros mais baratos de até R$ 70 mil com isenção de impostos para pessoas com deficiência (PcD), o que causou impacto imediato nos volumes da Renault. “Vínhamos ganhando participação ao longo de dez anos e em 2020 reduzimos”, lembra Gondo. 

No ano passado as vendas de 131 mil unidades no Brasil representaram expressiva queda de quase 45% sobre 2019 (bastante acima da retração média de 27%) e a marca caiu do quarto para o sétimo lugar no ranking das mais vendidas, sua fatia de mercado declinou de 9% para 6,75%. 

Primeira etapa, tiro curto 

O presidente da Renault do Brasil afirmou que esta é uma primeira etapa de um plano para manter a marca competitiva, mas ele admite que precisa de um programa de mais longo prazo para além de 2022, ainda dependente de como o mercado de veículos vai evoluir no País até o ano que vem, com expectativa de aprovação de reformas para reduzir os custos locais de produção. 

“Normalmente temos necessidade de investimentos mais elevados, baseados em ciclos de produtos mais longos de até seis anos. Validamos agora um ciclo curto para viabilizar projetos que já estavam em curso. É um bom sinal para planejar uma segunda etapa, que vai depender de como evolui a competitividade do País, que tem elevados custos tributários, trabalhistas e de logística”, pontuou Gondo. 

Diante de resultados globais e locais ruins, sem fôlego para ir mais adiante, a Renault restringiu seus investimentos a renovar cinco modelos da sua gama brasileira (Kwid, Sandero, Longan, Duster, Oroch, Captur e Master), que também vão originar pequenos ajustes na fábrica do Paraná. 

Boa parte da linha já foi atualizada nos últimos dois anos, como o novo Duster lançado há apenas um ano, mas Gondo garante que serão feitas “renovações importantes de design interior e exterior”. A ideia, segundo ele, é subir a linha de produtos para segmentos mais rentáveis onde marca não atua hoje. “Com isso poderemos até ganhar volume e rentabilidade ao mesmo tempo”, destaca. 

Motor turbo 1.3 será flex e importado 

Uma das maneiras de ganhar mais será o lançamento de versões equipadas com o motor turbo de 1,3 litro, que inicialmente deverá ser importado da Espanha já adaptado ao sistema flex bicombustível etanol-gasolina (fator que consumirá parte do investimento). 

O propulsor de quatro cilindros é fruto da parceria de desenvolvimento que a Renault mantém com o Grupo Daimler, atualmente já é utilizado com 163 cavalos nos modelos Mercedes-Benz Classe A e GLA. 

Apesar de enfrentar no Brasil a concorrência de três fabricantes que já produzem (Volkswagen e GM) ou vão produzir ainda este ano (Stellantis) motores turbinados nacionais para aplicação em seus carros, Gondo afirma que o motor turbo da Renault importado a peso de dólar caro “será competitivo”. “Vamos entrar em uma gama superior de produtos com o turbo, enquanto continuamos a fazer aqui e oferecer os motores 1.0 e 1.6”, explica. 

Gondo não esconde, no entanto, que na esperada segunda etapa do ciclo de investimentos no País, se ela de fato ocorrer, existe a intenção de nacionalizar a produção dos motores turbinados. 

Entre os dois novos carros elétricos prometidos para o Brasil, o primeiro já está definido: é o novo Zoe, que chega no segundo semestre deste ano. 

O segundo ainda não foi revelado, mas existe a expectativa de ser o Spring, um compacto elétrico baseado no Kwid que o Grupo Renault está lançando pela Dacia este ano na Europa, com o objetivo de ser o BEV (Battery Electric Vehicle) mais barato do mercado.

Por Automotive Business

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