Participação da região Sudeste na produção industrial recua; em outras regiões aumenta

Em uma década, ocorreu uma importante desconcentração da indústria brasileira, com redução da participação da região Sudeste no PIB industrial e um aumento na participação das demais regiões geográficas, Sul, Centro-Oeste, Nordeste e Norte. 

Nesse movimento, São Paulo perdeu 5,5 pontos percentuais de participação na produção manufatureira do Brasil, a maior queda entre os 26 estados e o Distrito Federal. O Rio Janeiro obteve o segundo pior desempenho, com recuo de 1,1 ponto percentual. A pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) compara os biênios 2007-2008 e 2017-2018.

De acordo com o economista-chefe da CNI, Renato da Fonseca, São Paulo continua sendo o principal parque industrial do país, mas a indústria brasileira tem migrado do Sudeste, que perdeu 7,5 pontos percentuais na indústria de transformação, principalmente para as regiões Sul e Nordeste, que aumentaram 3,2 pontos e 2,9 pontos respectivamente. São Paulo responde por 38,15% do valor adicionado da indústria de transformação, o segundo colocado, Minas Gerais, tem 10,09%.

“Essa diversificação regional é um movimento positivo, porque observamos o desenvolvimento econômico de outros estados. A indústria usualmente paga os melhores salários e fermenta indústrias menores dentro da mesma cadeia produtiva e alavanca os outros setores, como o de serviços”, avalia o presidente da CNI Robson Braga de Andrade.

Pará foi o estado que mais ganhou espaço na produção industrial nacional total, em razão do crescimento de sua indústria extrativa, sobretudo da extrativa mineral. 

Aumentou 1,5 ponto percentual. Junto com o Pará, Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco e Mato Grosso do Sul, formam o grupo dos cinco estados de melhor desempenho. 

Além deles, a Bahia se destaca por ter sido o estado que mais ganhou importância na produção da indústria de transformação no período. Sua participação também aumentou em 1,5 pontos.

Mesmo com o movimento de descentralização da indústria total – Extrativa, Transformação, Construção e serviços Industriais de Utilidade Pública – cerca de 80% da indústria brasileira estão concentradas no Sul e Sudeste do Brasil.

“O que o Brasil precisa é fortalecer o setor industrial, para que ele seja cada vez mais dinâmico e competitivo, ajudando a superar a mais grave crise sanitária, econômica e social que já vivenciamos. Não existe país forte sem indústria forte”, diz Robson Braga de Andrade.

SÃO PAULO – São Paulo perdeu participação na produção nacional de 20 dos 24 setores que compõem a Indústria de Transformação entre 2007-2008 e 2017-2018. As maiores perdas se deram nos setores de celulose e papel, produtos de metal, vestuário e acessórios e máquinas e materiais elétricos.

A participação do estado de São Paulo na produção nacional de celulose e papel caiu de 50,3%, no biênio 2007-08, para 32,2%, em 2017-2018. Ainda assim, São Paulo continua sendo o maior produtor, seguido por Paraná, que responde por 14,1% da produção nacional. A perda de São Paulo se deve sobretudo ao crescimento de Mato Grosso do Sul, que saiu do 14º lugar no ranking, com 0,23% da produção nacional, para a 3ª posição, com 11% da produção nacional.

Na década analisada, o estado de Santa Catarina ultrapassou São Paulo no setor de Vestuário e acessórios, se tornando o maior estado produtor do Brasil. Santa Catarina passou a ter 26,8% da produção nacional, superando a produção de São Paulo, que corresponde a 22,5%.

São Paulo continua sendo o principal produtor de veículos automotores e manteve-se responsável por 52% da produção nacional do setor. Paraná subiu do 3º para o 2º lugar (com 13,8% da produção nacional), ultrapassando o estado de Minas Gerais (com 9,7%).

Apesar das perdas na indústria de transformação, São Paulo ganhou importância na indústria extrativa. Passou de 1% para 7,7% de participação nesse segmento entre 2007-2008 e 2017-2018.

PETRÓLEO – O estudo da CNI mostra que parte considerável dos estados que mais perderam participação no PIB da Indústria têm indústrias intensivas na produção do petróleo: Rio de Janeiro, Espírito Santo, Sergipe e Rio Grande do Norte.

Chama atenção, no entanto, a perda de participação da indústria extrativa do Rio de Janeiro para a produção nacional desse segmento da indústria. Ela caiu de 61,5% para 39%, em razão da queda no valor adicionado no setor de extração de petróleo e gás natural, que responde por quase um quarto (24,1%) do PIB industrial fluminense no biênio 2017-2018.

Além disso, o estado perdeu importância para a produção brasileira de 16 dos 24 setores da Indústria de Transformação, as maiores perdas sendo dos setores de impressão e reprodução, farmoquímicos e farmacêuticos e manutenção e reparação.

O estado do Rio de Janeiro perdeu a segunda posição no ranking dos maiores parques industriais entre as unidades da federação brasileiras para Minas Gerais, em razão do desempenho da indústria extrativa e da indústria de transformação. A participação do Rio de Janeiro no PIB industrial caiu de 14,5% para 10,1%.

Principais movimentos

–  SANTA CATARINA ultrapassou São Paulo no setor de Vestuário e acessórios, se tornando o maior estado produtor do Brasil.

BAHIA foi o que mais ganhou importância na produção da Indústria de Transformação brasileira entre os biênios 2007-2008 e 2017-2018. Teve esse ganho associado principalmente à conquista de uma maior parcela da produção brasileira de Máquinas e materiais elétricos, Borracha e material plástico, Bebidas e Produtos de minerais não metálicos, como cimento, tijolos e vidro.

PERNAMBUCO foi o segundo estado que mais ganhou importância na produção industrial. Aumentou em 1,3 ponto percentual a sua participação, por ter conquistado uma parcela maior da produção brasileira de Veículos automotores, Outros equipamentos de transporte, Derivados do petróleo e biocombustíveis e produtos de metal.

PARANÁ, com o terceiro maior ganho de participação na produção industrial brasileira na última década, se destaca com uma fatia adicional importante da produção nacional dos setores de impressão e reprodução, produtos de madeira, veículos automotores e celulose e papel.

RIO GRANDE DO SUL, quarto estado com melhor desempenho nacional do indicador de participação na indústria brasileira na última década, tem esse ganho associado principalmente aos setores de máquinas e equipamentos, derivados do petróleo e biocombustíveis, celulose e papel e produtos de metal.

SÃO PAULO continua sendo o principal produtor de veículos automotores e manteve-se responsável por 52% da produção nacional do setor. O estado do Paraná subiu do 3º para o 2º lugar (com 13,8% da produção nacional), ultrapassando o estado de Minas Gerais (com 9,7%).

MATO GROSSO DO SUL se tornou um dos mais importantes para a produção do setor de Celulose e papel na última década. O estado avançou da 14ª para a 3ª colocação no ranking nacional de maiores estados produtores do setor de celulose e papel.

PARÁ foi o estado que mais ganhou espaço na produção industrial nacional (+1,5 ponto percentual), em razão do aumento do valor adicionado de sua indústria extrativa. Entre os biênios 2007-2008 e 2017-2018, o valor (nominal) da produção da indústria extrativa do pará registrou alta, em reais, de mais de 300%. Esse aumento é resultado de alta dos preços (172%), acompanhada de crescimento do volume produzido (76%).

Fonte: Ipesi Digital

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