Moldes e matrizes: expectativa positiva com 2019

Nos últimos quatro anos, o setor de moldes e matrizes enfrentou uma de suas mais fortes e demoradas crises. 

Nesse período, as empresas desse segmento – em sua grande maioria formado por pequenas e médias – viram os negócios diminuírem ao mesmo tempo em que crescia a presença de concorrentes estrangeiros no mercado brasileiro, em especialmente os chineses. As perspectivas para 2019, porém, são distintas, e boa parte das ferramentarias nacionais aposta suas fichas na recuperação do setor, em especial no segundo semestre.

Diogo Winter, diretor da Winter Ferramentaria, de Joinville (SC), diz já ter notado sinais de melhora no mercado, mas por enquanto o que “está havendo é um boom de cotações”. Ele diz que as montadoras – setor responsável pela maior fatia da demanda de moldes e matrizes – estão com novos projetos para ser lançados e a expectativa é de bons negócios ainda este ano.

Fabricante de moldes para injeção de plástico, a Winter tem procurado fazer a sua parte, investindo em máquinas e equipamentos, visando ao aumento da produtividade e da competitividade. “No ano passado, investimos em duas máquinas de 5 eixos. No próximo ano, planejamos adquirir outra, esta com capacidade para blocos de até 8 t (as atuais são de até 600 kg)”, afirma.

Guilherme Bolson, gestor Comercial da Moldar Matrizes, de Caxias do Sul (RS), faz análise semelhante sobre as perspectivas para as ferramentarias este ano. Em sua opinião, “2018 foi um ano apenas para se manter”. Diferente de 2019, que “já apresenta um cenário mais favorável, com muitas cotações, mas ainda sem nada de concreto em termos de negócios”.

Para Bolson, a grande esperança está no segundo semestre, quando devem entrar no mercado os pedidos de moldes para os novos projetos de veículos das montadoras, como Ford e Fiat. “Então, certamente, vai gerar negócios e aquecer o mercado”, diz o gestor, frisando, no entanto, que até aqui, mesmo com Inovar Auto e Rota 2030, a grande maioria dos pedidos de moldes tem ido para os fornecedores chineses.

A Moldar, assim como as demais empresas entrevistadas para esta reportagem, esteve participando do estande coletivo da Abinfer, na Plástico Brasil 2019, feira realizada no final de março em São Paulo. Bolson diz que no evento foi possível constatar que o mercado parece estar caminhando para a retomada. “Fizemos bons contatos aqui, os clientes estão mais otimistas e confiantes de que o segundo semestre será bom”, diz. Se essa perspectiva se confirmar, o gestor afirma que a Moldar deve dar início à modernização do parque fabril, com a aquisição de uma máquina portal e um centro de 5 eixos. “Como são máquinas de alto valor, precisamos de um sinal de melhora do mercado para dar sequência a este planejamento”.

Vanderlei Nunes, diretor Comercial da JN Ferramentaria, de Joinville, informa que sua empresa também tem boas expectativas para 2019, mas até aqui a política tem prejudicado o avanço dos projetos de investimento. “A gente sabe que os projetos existem, mas os pedidos não saem, pois os investidores estão apreensivos”, observa. Para ele, assim que as questões políticas forem encaminhadas e/ou equacionadas “vai haver demanda, vai haver corrida por moldes e teremos gargalos...”.

“O momento é de apreensão, mas a perspectiva é boa. Temos muitos orçamentos hoje”, diz, acrescentando que o movimento na feira confirma esta análise. “Fizemos muito contatos com montadoras, que estão se preparando para renovar a cadeia de fornecedores com uma demanda maior”, diz. A JN fabrica moldes para injeção de plástico e de alumínio e o setor automotivo responde por cerca de 95% dos negócios da empresa.

Já Herten, também de Joinville, não só tem uma boa expectativa com 2019, como, na prática, já conseguiu realizar alguns bons negócios este ano. Em março, por exemplo, fechou contrato para fornecer moldes de injeção de alumínio para uma empresa do setor automotivo. “O setor de caminhões também está reagindo”, comenta Edson Steuernagel, coordenador Técnico-Comercial da Herten Engenharia de Moldes.

O coordenador observa que, a se levar em conta os pedidos de orçamento que tem recebido de vários segmentos, como automotivo, de construção civil e de linha branca, o mercado vai deslanchar. “Vai haver recuperação, ainda que não nos níveis de 2011/2012. É uma necessidade do País”, afirma. “Fizemos muitos contatos aqui na feira. Por isso digo que teremos oportunidade de formar uma boa carteira de projetos”.

Steuernagel reconhece que, após tantos anos de retração, o setor está defasado tecnologicamente. “No momento temos que melhorar as vendas, nos recuperar e aí então investir em equipamentos. Temos estudos para retirar essa defasagem. Se este ano for bom e se conseguirmos enxergar mercado para 2/3 anos, certamente isso vai correr”.

Fonte Usinagem Brasil 

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