Metalúrgicos se mobilizam para manter fábrica da Toyota no ABC

Depois de conquistarem na Justiça do Trabalho a abertura de uma mesa de negociação com a Toyota, com o objetivo de discutir alternativas para reverter a decisão da empresa de fechar a planta de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos da região também iniciaram conversações com representantes do governo estadual.

Na última terça-feira, 12, a direção do sindicato se reuniu com representantes da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo, que aceitaram integrar o Grupo de Trabalho que discutirá a viabilidade da permanência da Toyota na cidade.

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A montadora anunciou no começo deste mês que pretende fechar a unidade de São Bernardo, inaugurada há 60 anos e que atualmente produz componentes para as outras três fábricas do grupo no interior de São Paulo – localizadas em Sorocaba, Indaiatuba e Porto Feliz -, e para exportações.

A intenção da Toyota é transferir as operações de forma gradual para as três unidades do interior a partir de dezembro de 2022, com conclusão prevista para novembro de 2023. 

O objetivo da empresa, com a medida, é buscar mais sinergia entre suas unidades produtivas.

A Toyota afirmou que os cerca de 550 funcionários que trabalham na operação do ABC terão seus empregos preservados, desde que eles aceitem se transferir para alguma das três outras fábricas.

O presidente do Sindicato, Moisés Selerges, já havia se reunido na semana anterior com o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando, que também se manifestou contrário ao fechamento da planta.

O prefeito inclusive também se reuniu com diretores da Toyota, para começar a discutir alternativas para o local da fábrica do ABC.

De acordo com Selerges, o pleito do sindicato, nesse momento, é a abertura de um diálogo amplo pela permanência da Toyota na cidade.

“Estamos buscando apoios para isso, e montando um calendário de discussões”, disse. “A economia da cidade e da região perderão muito em receita com a saída da Toyota, sem falar que mais de 3 mil empregos diretos e indiretos podem ser afetados”, destacou o sindicalista.

Primeira vitória

O presidente do sindicato acredita que o movimento já conquistou uma primeira vitória ao conseguir, na audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT/SP), realizada no último dia 8, não só a criação de uma mesa de negociação com a empresa, como a garantia de que os dias da curta paralisação promovida pelos trabalhadores não serão descontados dos salários.

A audiência ocorreu, na verdade, porque a própria empresa entrou na Justiça contra a mobilização dos trabalhadores, iniciada logo após a entrega de um aviso de greve, no dia 6, em protesto contra o anúncio do fechamento. Os trabalhadores não entraram na fábrica nos três dias seguintes.

Na manhã do mesmo dia 8, os trabalhadores também promoveram manifestação junto com seus familiares na portaria da empresa, e que teve a participação solidária da direção da Federação Única dos Petroleiros (FUP).

Logo após a manifestação, representantes do sindicato foram recebidos pelo CEO da Toyota para América Latina e Caribe, Masahiro Inoue, mas, segundo os sindicalistas, a empresa não apresentou alternativas ao anúncio de fechamento.

De qualquer forma, na reunião com o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando, o presidente da Toyota do Brasil, Rafael Chang, afirmou que vai ajudar a buscar um comprador que queira o espaço para manter a produção local.

Para isso, será formada ma comissão encabeçada pela prefeitura e dois diretores da Toyota. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC já avisou, porém, que não vai participar do grupo, pois insiste na permanência da montadora na região.

A alegação dos sindicalistas é a de que, quando a Ford anunciou o fechamento de sua fábrica em São Bernardo, em 2019, o próprio governador do estado de São Paulo, João Doria, envolveu-se na busca por um comprador que mantivesse a produção de veículos nas instalações, sem sucesso algum.

Foi quase um ano de negociações, com vários anúncios de venda que não se confirmaram, até que a área acabou vendida para um grupo que está construindo no local um grande centro logístico e comercial.

No ano passado, a Ford fechou outras três fábricas no país e passou a ser apenas importadora de modelos da marca.

Fonte: Usinagem Brasil

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