Em menos de um mês, Brasil perde quatro fábricas de veículos

Em menos de um mês, o setor automotivo brasileiro sofreu duas grandes perdas. Em 17 de dezembro, a Mercedes-Benz comunicou o encerramento da produção da fábrica de automóveis instalada em Iracemápolis, no interior de São Paulo. 

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Agora, no dia 11 de janeiro, a Ford anunciou o fechamento de suas três unidades no País: a fábrica de motores de Taubaté (SP), a fábrica de veículos em Camaçari (BA) e a unidade da Troller em Horizonte, no Ceará - esta última com previsão de funcionamento até o final do ano; nas demais, a paralisação das atividades é imediata. Além disso, a Audi havia anunciado em setembro que suspenderia a produção no Paraná, a partir de dezembro e por um ano, enquanto avaliaria investimentos em um novo modelo.

A situação contrasta, e muito, com a situação verificada no início da década passada, quando o mercado brasileiro estava no centro das atenções de muitas montadoras, que demonstravam interesse em se instalar por aqui, como acabou aontecendo nos casos da Hyundai, Nissan, BMW, Chery, enquanto outras investiram em novas unidades no País, como a FCA/Fiat, em Pernambuco, e a GM, em Santa Catarina.

De lá para cá muita coisa mudou. De um lado, o mercado automotivo mundial passou a trafegar no sentido da eletrificação, enquanto os consumidores (segundo especialistas), principalmente os mais jovens, já não demonstram o mesmo interesse que as gerações anteriores em possuir veículos próprios, Custo Brasil, entre vários outros fatores. O resultado é que, nos últimos anos, vêm caindo mundialmente as vendas de novos veículos, situação agravada com a pandemia de Covid-19. Porém, isto só não basta na explicar o fechamento dessas fábricas.

A Mercedes-Benz AG informou que a decisão foi tomada com base em vários fatores, incluindo a atual situação do mercado brasileiro. “A situação econômica no Brasil tem sido difícil por muitos anos e se agravou devido à pandemia da Covid-19, causando uma queda significativa nas vendas de automóveis premium”, afirmou Jörg Burzer, membro do Board da Mercedes-Benz AG. “Ao longo do nosso processo de transformação, continuamos a reestruturar a nossa rede de produção global. Aumentar nossa eficiência, otimizando a nossa capacidade de utilização é um facilitador importante. Por isso, decidimos encerrar a produção de automóveis premium no Brasil”.

A montadora informou, porém, que segue “comprometida com o Brasil e que manterá forte presença no país com unidades de produção caminhões e chassis de ônibus em São Bernardo do Campo (SP) e cabinas de caminhões em Juiz de Fora (MG)”.

Já a Ford, que havia encerrado a produção de caminhões no Brasil, com o fechamento da fábrica de São Bernardo do Campo, em 2019, divulgou comunicado à imprensa, escrito de modo a parecer que se tratava de um boa notícia: “A Ford Motor Company anunciou hoje que atenderá os consumidores na América do Sul com um portfólio empolgante de veículos conectados, e cada vez mais eletrificados, incluindo SUVs, picapes e veículos comerciais, provenientes da Argentina, Uruguai e outros mercados, ao mesmo tempo em que a Ford Brasil encerra as operações de manufatura em 2021”.

O título do press release também é no mínimo curioso: “Ford avança na reestruturação da América do Sul, encerra as operações de manufatura no Brasil e atende clientes com nova linha de produtos”.

A Ford foi a primeira montadora a se instalar no Brasil, em 1919, com uma unidade de montagem do modelo Ford T instalada, veja só, na Rua Florêncio de Abreu, no centro da capital paulista. “A Ford está presente há mais de um século na América do Sul e no Brasil e sabemos que essas são ações muito difíceis, mas necessárias, para a criação de um negócio saudável e sustentável”, disse Jim Farley, presidente e CEO da Ford. “Estamos mudando para um modelo de negócios ágil e enxuto ao encerrar a produção no Brasil, atendendo nossos consumidores com alguns dos produtos mais empolgantes do nosso portfólio global. Vamos também acelerar a disponibilidade dos benefícios trazidos pela conectividade, eletrificação e tecnologias autônomas suprindo, de forma eficaz, a necessidade de veículos ambientalmente mais eficientes e seguros no futuro.”

No mesmo comunicado, Lyle Watters, presidente da Ford América do Sul, explicou que o “nosso dedicado time da América do Sul fez progressos significativos na transformação das nossas operações, incluindo a descontinuidade de produtos não lucrativos e a saída do segmento de caminhões”. E acrescentou: “entretanto a continuidade do ambiente econômico desfavorável e a pressão adicional causada pela pandemia deixaram claro que era necessário muito mais para criar um futuro sustentável e lucrativo".

A Ford informou ainda que “a produção será encerrada imediatamente em Camaçari e Taubaté, mantendo-se apenas a fabricação de peças por alguns meses para garantir disponibilidade dos estoques de pós-venda. A fábrica da Troller em Horizonte continuará operando até o quarto trimestre de 2021. Como resultado, a Ford encerrará as vendas do EcoSport, Ka e T4 assim que terminarem os estoques”.

Segundo a montadora, as operações de manufatura na Argentina e no Uruguai e as organizações de vendas em outros mercados da América do Sul não serão impactadas. A empresa também irá manter o Centro de Desenvolvimento de Produto, na Bahia, o Campo de Provas, em Tatuí (SP), e sua sede regional em São Paulo.

Fonte Usinagem Brasil 

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