Guerra comercial EUA x China já preocupa indústria brasileira

A disputa comercial que vem desde junho de 2018 entre Estados Unidos e China pode ter beneficiado as exportações brasileiras em um primeiro momento, mas o impacto do conflito sobre o crescimento mundial pode reverter dramaticamente este quadro, com um resultado para o Brasil bastante ruim no médio e longo prazo.

A análise é de Fabrizio Panzini, gerente de Negociações Internacionais da CNI - Confederação Nacional da Indústria, segundo quem, ainda no ano passado, já foi reduzida a previsão de crescimento mundial em 2019 por conta da guerra comercial. “Ela poderá prejudicar até as vendas externas globais do Brasil”, alerta o executivo.

Com a aplicação pelos EUA de sobretaxas contra centenas de produtos chineses e uma contramedida equivalente do país asiático, as exportações brasileiras para a China aumentaram de forma significativa. Só em 2018, cresceram mais de 30% na comparação com o ano anterior. Segundo levantamento da CNI, o incremento nas exportações para o mercado chinês foi de US$ 8,1 bilhões, permitindo ao Brasil atingir o maior superávit da história com a China, de US$ 30 bilhões.

O grande destaque foi a soja, que, devido ao conflito, teve oportunamente o seu preço aumentado. As exportações do produto, do qual o Brasil é maior exportador mundial, tiveram um ganho de US$ 7 bilhões em 2018 na comparação com 2017 (aumento de 34,6%). Já nas exportações para o mercado norte-americano não houve um ganho expressivo. O aumento, de US$ 1,2 bilhão em 2018 diante do ano anterior, não impediu que a balança comercial com os EUA voltasse a ser deficitária.

O fogo cruzado entre Estados Unidos e China apresenta outro ponto de preocupação para a CNI, principalmente no tocante à indústria: ele gera inseguranças sistêmicas, tornando praticamente impossível fazer um planejamento de investimentos, tendo como pano de fundo um conflito tão imprevisível e sem data para terminar. O momento pedirá cautela antes de se realizar qualquer investimento.

“Para os industriais, só é possível investir com segurança no que for duradouro, pois o investimento tem um período de maturação. Caso contrário, o empresário não investe e não consegue aproveitar as oportunidades”, afirma Panzini.

Fonte: CNI

Tags
CNI China EUA indústria brasileiraBrasil Mercado
Compartilhe

Revista Ferramental

Fique por dentro das noticias e novidades tecnológicas do mundo da ferramentaria.