Ferramentarias se reúnem com ministro da Casa Civil por renúncias fiscais

A Associação Brasileira da Indústria de Ferramentarias (ABINFER) vai se reunir com o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, na próxima terça-feira em Brasília. 

O setor está preocupado com a recusa do Ministério da Fazenda em conceder vantagens fiscais no contexto do programa Rota 2030, que ainda tem de ser regulamentado antes de entrar em vigor. Este novo modelo deverá substitui o Inovar Auto, extinto em dezembro passado e que deixou órfãs centenas de empresas da cadeia produtiva do segmento automotivo brasileiro.

O vácuo legal – se durar muito tempo – poderá prejudicar as atividades de dezenas de ferramentarias nacionais, alerta o presidente da ABINFER, o empresário joinvilense Christian Dihlmann. Joinville e Caxias do Sul (RS) são os mais importantes polos econômicos da indústria de ferramentaria do país.

Neste contexto, toda a cadeia produtiva (autopeças, ferramentarias, entre outras) está empenhada e ansiosa para poder atender à demanda das montadoras. Depois de forte retração dos negócios no triênio 2014-2016  e recuperação iniciada no ano passado, os fabricantes de veículos e caminhões vão apresentar muitos novos projetos neste 2018 – ano de esperada melhora de vendas.

Em Santa Catarina, há 380 ferramentarias. O número já chegou a 450. Lenta e progressivamente, dezenas delas encerraram suas atividades. Ou por inviabilidade de se manter no mercado ou porque a longa crise de três anos no setor automotivo derrubou as vendas drasticamente.

Dihlmann explica as razões para justificar a apreensão:

– No Inovar Auto, os ferramentais importados pagavam um pedágio: o governo cobrava delas adicional de 30 pontos percentuais no IPI. Agora, no Rota 2030, pedimos que os importados sejam onerados em 15% em projetos que envolvem pesquisa e desenvolvimento e engenharia.

O Ministério do Planejamento concorda. Até mesmo o ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, em sua carta de renúncia ao cargo, mostrou a necessidade do Rota 2030 ficar de pé. 

Escreveu no parágrafo quarto: “Não conseguimos entregar ao país, por fatores alheios à nossa vontade, uma política automotiva compatível com a grandeza e a importância dessa cadeia produtiva, que emprega 1,6 milhão de pessoas”.

A costura técnica estava sendo preparada, mas Henrique Meirelles, o homem do caixa, interessado em ser candidato a presidente da República, é opositor ferrenho e rejeita novas concessões e renúncia fiscal.

Para 2018, há expectativa bem positiva para a indústria automobilística brasileira. Se 2017 foi um ano de pouco crescimento, a projeção agora é de expansão de 20% a 30% na fabricação de carros.

Em dinheiro, isso significa que o setor deve obter receita adicional estimada em R$ 20 bilhões. Lógico: as empresas brasileiras querem fatia expressiva desse bolo, afirma Dihlmann.

Nos bastidores, o raciocínio é simples: um governo fraco, impopular e em ano eleitoral não quer dar apoios a setores específicos porque isso só aumentaria a impopularidade, além de elevar o déficit fiscal bilionário já conhecido. Abinfer, Sindipeças e Anfavea estão juntos na causa. Exercem, historicamente, forte lobby junto aos governos na defesa 

de seus interesses.

– Estamos pisando em ovos. Queremos construir um modelo, uma política nacional para a indústria automotiva – diz Dihlmann.

O Rota 2030 prevê aumento de eficiência energética dos veículos, incentivo à produção de carros elétricos e aumento de segurança veicular, entre outros pontos. Tudo isso é essencial.

– De nossa parte, necessitamos de vantagem fiscal. Sem ela, não há como concorrer com os chineses – alerta o presidente da Abinfer.

FONTE: NSC total

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