FCA e PSA negociam fusão de US$ 50 bilhões

União das duas empresas criaria o quarto maior fabricante de veículos do mundo

FCA e PSA confirmaram que negociam a fusão dos dois grupos, que juntos formariam uma companhia com valor de mercado somado de US$ 50 bilhões, com faturamento combinado que em 2018 chegou a € 184 bilhões (€ 110 bilhões da FCA e € 74 bilhões da PSA), criando o quarto maior fabricante de veículos do mundo, com potencial de produzir 9 milhões de unidades/ano – atrás do Grupo Volkswagen, Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi e Toyota.

Após a revelação da nova aproximação ter sido publicada pelo The Wall Streel Journal, os grupos divulgaram notas na quarta-feira, 30, dizendo que confirmam “que há negociações em curso com o objetivo de criar um grupo líder mundial de mobilidade”, escreveram ambas as empresas. “A Fiat Chrysler Automobiles não tem nada mais a acrescentar neste momento”, adicionou a companhia ítalo-americana. As duas companhias marcaram reuniões extraordinárias de seus conselhos para avaliar as condições de uma possível fusão total.

O anúncio surge cinco meses após a frustrada proposta de união entre FCA e Renault, apresentada no fim de maio passado e retirada 10 dias depois, após oposição do governo da França, principal acionista que detém 15% de participação na Renault. É possível, contudo, que a nova negociação de fusão bilionária enfrente o mesmo problema, já que o Estado francês também tem participação acionária importante na PSA, de 12% atualmente. Analistas avaliam que pressões políticas podem novamente representar um obstáculo ao negócio.

Em comunicado, o Ministério da Economia da França afirmou que será “particularmente vigilante” a respeito do impacto sobre empregos, governança corporativa e fábricas antes de aprovar qualquer fusão. Pelo lado italiano a reação é parecida: o vice-ministro da Economia, Antonio Misiani, disse que “será vital preservar as plantas (existentes) na Itália”.

Ainda assim, os investidores receberam bem a notícia na Europa. As ações da PSA valorizaram 4% na Bolsa de Paris, enquanto os papéis da FCA subiram 9% em Milão. Fontes relataram a jornais europeus que se a fusão for aprovada a ideia é manter Carlos Tavares, atual CEO do Grupo PSA, no comando executivo da companhia, enquanto John Elkann, presidente do conselho (chairman) da FCA, manteria a mesma cadeira na nova diretoria.

Complementações 


Os rumores sobre a possível união entre PSA e FCA datam de 2011, quando ambas as empresas passavam por momentos de dificuldade. Depois o assunto esfriou, mas cresceu a necessidade de união de empresas do setor para fazer frente a investimentos bilionários, que incluem drástica redução de emissões, eletrificação do powertrain, sistemas avançados de assistência ao motorista e condução autônoma, além da transformação da indústria em provedora de serviços de mobilidade. Analistas avaliam que somente grandes corporações terão caixa para sobreviver às profundas disrupções que estão transformando a indústria.

Ambas as empresas têm complementariedades interessantes a dividir com a soma de 13 marcas de veículos: Peugeot, Citroën, DS, Opel e Vauxhall pelo lado do grupo francês, e são da FCA Fiat, Chrysler, Dodge, Ram, Jeep, Maserati, Alfa Romeo e Lancia.

Com a fusão a PSA ganharia acesso ao mercado norte-americano, onde não atua até agora e a FCA tem boa participação com as marcas Chrysler, Dodge, Ram e Jeep. O grupo francês também cresceria na América do Sul ao aliar seu baixo volume na região com as vendas bem maiores de Fiat e Jeep.

Na mão contrária, a FCA pode ter acesso às novas plataformas elétricas e híbridas desenvolvidas pela PSA, mais adiantada nesse campo do que o possível novo sócio. A PSA também consolidaria a posição de segundo maior fabricante de veículos da Europa com suas cinco marcas e adicionaria o portfólio da FCA, que vem perdendo escala nesses mercados com vendas descendentes de Fiat, Alfa Romeo, Maserati e a moribunda Lancia.

FONTE Automotive Business

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FCA PSA setor automotivo carronegócio investimento
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