Candidatos prometem volta do MDIC e indústria comemora

Em evento realizado pela CNI, presidenciáveis também acenaram para temas como reforma tributária e matriz energética

A ressurreição do MDIC, o antigo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e Serviços que foi extinto pelo atual governo federal em 2019, entrou na pauta de parte dos candidatos que vão concorrer à presidência da república em outubro. 

A medida é vista como um aceno à indústria, sobretudo àquelas ligadas ao setor automotivo, que perdeu interlocução em Brasília (DF) com a extinção da pasta.

Na semana passada, durante encontro realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com os presidenciáveis, Ciro Gomes (PDT), e o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), prometeram a volta do MDIC caso sejam eleitos no pleito deste ano. 

Bolsonaro, que firmou a absorção dos profissionais da antiga pasta ao que foi chamado de super Ministério da Economia, prometeu, em maio, o retorno ainda este ano, mas voltou atrás.

À reportagem, fonte ligada às montadoras classificou como ótima a volta do MDIC à estrutura ministerial do país. 

"A medida é ótima para as fabricantes, é para comemorar. Não temos hoje um interlocutor forte na pasta da economia e parte das discussões ligadas ao setor que foram levadas até Brasília se perderam na burocracia ou ficaram para trás na lista de prioridades do governo", informou em off um executivo que esteve no encontro da CNI.

Volta do MDIC pode retomar ponte do setor com Brasília

O MDIC, criado na década de 1960, serviu ao longo dos anos como ponte entre o poder público e o privado nos diálogos envolvendo a industrialização do país. 

No que diz respeito ao setor automotivo, foi por meio do ministério a criação de diversas políticas para a indústria de veículos instaladas aqui, como o Inovar-Auto e o Rota 2030, para ficar nos exemplos mais recentes.

Sua erradicação levou as montadoras, por meio da Anfavea, a buscarem outras formas de aproximação com a capital federal para que fossem levadas adiante as pautas setoriais. 

Dado o distanciamento, e a urgência dos temas, tentou-se nos últimos meses um movimento de aproximação da atual gestão da entidade com o Poder Legislativo. 

Essa relação, inclusive, deverá ser mantida nos próximos anos como forma de diversificação dos canais de contato no governo.


Indústrias organizam propostas

O encontro realizado pela CNI com os presidenciáveis é tradicional em anos eleitorais. Na oportunidade deste ano, a entidade entregou aos candidatos uma lista que reúne 21 propostas ligadas às demandas do setor industrial. 

No documento é possível verificar antigas bandeiras defendidas pelo setor automotivo, como apoio à inovação, às exportações, diversificação da matriz energética, crédito e reforma tributária.

"Precisamos de uma reforma que tribute menos o consumo para impactar menos a população mais carente, simplifique e desburocratize, onere menos a pessoa jurídica. E que através de uma tributação eficiente, transparente e célere tenhamos a retomada do desenvolvimento", disse a candidata Simone Tebet (MDB), durante o evento com os industriais brasileiros, a respeito da reforma.

Já Ciro Gomes defendeu a criação do IVA, o chamado imposto único, em substituição aos tributos federais e estaduais, além de propor a recriação do MDIC. 

"Vou recriar o ministério da indústria e do comércio, mas vou criar um grande aforamento [ato de conceder a si mesmo certos direitos] ao presidente da república para discutir e supervisionar prioridades do projeto nacional de desenvolvimento", explicou o candidato do PDT.

Em seu discurso, Jair Bolsonaro afirmou que o país está olhando para os caminhos que o mundo seguirá em termos de energia. 

"Não dá pra falar em inovação sem energia. Temos potencial no Nordeste, no Sul, em energia eólica. Aqui não tem vendaval, tsunami. E o mundo está de olho no hidrogênio verde. Com energia vamos superar os obstáculos. A política industrial tem que vir de vocês [empresários]", contou o candidato à reeleição pelo PL.

Líder nas pesquisas de intenção de voto para presidente, o candidato Luis Inácio Lula da Silva (PT) não participou do encontro com os representantes da indústria. 

Seu plano de governo, divulgado pelo seu partido em junho, propõe, no entanto, "reverter o processo de desindustrialização e promover a reindustrialização de amplos e novos setores e daqueles associados à transição para a economia digital e verde".

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