A bem-sucedida experiência da Walter com o trabalho 100% remoto

Ninguém poderia imaginar que o projeto da Walter Tools do Brasil de adotar o trabalho 100% remoto, no início de 2019, acabaria se transformando numa referência para o mercado, com o início da pandemia de Covid-19, o que viria a ocorrer quase um ano depois.

Salvador Fogliano, diretor-geral da filial brasileira, conta que há muito tempo a matriz e a Walter do Brasil vinham trabalhando no desenvolvimento de várias ferramentas digitais para auxiliar a área de vendas, com informações sobre pedidos, estoques etc. via celular. 

A disponibilidade dessas soluções fomentou a intenção de colocar em prática um plano de adotar o trabalho remoto em algumas áreas da empresa. 

De janeiro a junho, foi estruturado um projeto, a partir de reuniões com todos os funcionários, com total apoio da matriz, na Alemanha.

A partir daí, a empresa buscou conhecer experiências semelhantes e o projeto acabou se estendendo para todas as áreas da empresa. 

Ficou evidente que, para funcionar a contento, era necessário treinar os funcionários para o trabalho em home office, assim como oferecer toda a estrutura, como mesas de trabalho, cadeiras ergonômicas, e demais recursos, como computador, impressora, internet de banda larga e até uma ajuda de custo para o custo de energia e ar-condicionado, para que todos tivessem um ambiente saudável para desenvolver suas atividades.

Em termos de estrutura física, a empresa trocou o prédio onde funcionava a sede administrativa, em Sorocaba (SP), com área de construída de 6 mil m², por uma sala num prédio comercial, batizado de Smart Office Walter, equipado com toda a estrutura de TI, tanto para a comunicação com a matriz, quanto com os clientes, para a realização de apresentações e demonstrações. 

Podendo também ser utilizado para reuniões presenciais com clientes, quando necessário, além do que a estrutura do novo prédio conta com auditório para a realização de convenções ou reuniões da equipe de vendas.

“O objetivo era ser mais eficiente e flexível. Não era só a economia com estrutura, mas também aumentar a produtividade. 

Além disso, vinha ao encontro da demanda dos jovens, que estão entrando no mercado de trabalho... Não imaginávamos o que tínhamos pela frente”, comenta Fogliano.

Oficialmente, com a presença do CEO global e do CEO para as Américas, o projeto teve início em setembro de 2019.

 “Vale ressaltar que fizemos todo esse processo com total transparência para os clientes e fomos ficando cada vez mais surpresos com os bons resultados. A equipe realmente abraçou a ideia”, afirma o diretor.

DIFERENCIAL - “Quando veio a pandemia, estávamos preparados. Este foi nosso diferencial. Tínhamos os recursos, estávamos treinados e ambientados naquele processo. 

Obviamente também sofremos o impacto de não poder visitar os clientes, lembrando que o contato direto é fundamental no nosso trabalho”, observa Fogliano.

“Esta preparação certamente nos ajudou a enfrentar aquele período. Mantivemos toda a estrutura da Walter, não houve cortes de pessoal, fizemos tudo o que foi possível para manter a equipe”, diz, acrescentando que o resultado acabou sendo melhor que o projetado no início da pandemia.

“Em março, abril, prevíamos uma queda de até 30%, mas chegamos ao final do ano - com o aquecimento no terceiro e principalmente no quarto trimestre - no mesmo nível de 2019, o que consideramos realmente muito bom”.

Obviamente, com o início da pandemia, muitas outras filiais da companhia na Europa e nos EUA e também de outras empresas do grupo, procuraram mais informações sobre o processo implementado pela Walter do Brasil. 

“A filial dos Estados Unidos, por exemplo, espelhou muito do que havíamos implementado aqui. 

Mas acredito que esta solução não pode ser aplicada a qualquer estrutura, mas pode ser aplicada em diversos países, em estruturas de médio e pequeno portes”, avalia.

Fogliano conta que uma pesquisa realizada com os funcionários da filial dos EUA apurou que 90% deles aprovaram a ideia do home office e não gostariam de voltar ao modelo anterior. 

Para ele, a grande maioria das empresas adotará um modelo híbrido, com parte presencial, parte em home office. “Apesar de ter sido implementado em muitas empresas em meio à urgência, a maioria delas pode perceber os benefícios”.

2021 - Na avaliação do executivo, nos primeiros meses de 2021 foi mantido o ritmo dos negócios registrado no final de 2020, puxado principalmente pelo setor de equipamentos pesados, como caminhões e máquinas agrícolas, apesar de uma queda no setor aeroespacial, segmento onde a Walter está bem situada. 

“Em janeiro e fevereiro, que costumam ser mais fracos, tivemos um mercado atípico, com alta. E março vinha também assim, até a chegada da segunda onda”.

Fogliano se diz otimista e avalia que o mercado - apesar da paralisação da produção em montadoras, em função da pandemia e da falta de peças e de matérias-primas - deve apresentar algumas turbulências até abril, mas ainda assim deve se manter num patamar bom até o final do primeiro semestre.

“Se conseguir alterar o gerenciamento da pandemia, dar maior velocidade à vacinação, se houver envolvimento do governo e da população, o mercado vai retornar. 

E precisa retornar, pois temos o aumento do déficit público, a inflação batendo à porta etc.”, diz. “São muitos desafios à frente, mas estou otimista. 

Com todas as dificuldades o Brasil tem um potencial econômico muito forte e a indústria brasileira - ainda que sem um plano de desenvolvimento industrial de médio e longo prazos - vai continuar mostrando seus resultados e seu desenvolvimento”.

Fonte Usinagem Brasil 

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