Visão, conexão e ação... O agradável ato de viver!

Adquirimos e desenvolvemos em nossa vida maneiras de interpretar o que vivenciamos, e utilizamos essas interpretações para nos guiar em nossos caminhos e escolhas. As diferentes maneiras de interpretar as experiências vão se tornando uma espécie de lente particular, intermediando nossa relação com as outras pessoas, com os objetos e com os espaços que transitamos.


Durante nossa infância, nossa lente ainda está aberta para agregar novas e diferentes experiências, mas com o passar do tempo ela vai se fixando e constituindo o nosso modo particular de interpretar o que vivemos.


Quando nos encontramos com pessoas com modos de ser ou agir diferentes dos nossos, o conflito é inevitável. Ele acontece justamente pelo contato com o diferente.


Os modos de ser que desenvolvemos nem sempre estão em sintonia com os modos de ser de outras pessoas e isso não é negativo, pois representa o valor da singularidade de cada um. A maneira como lidamos com as contradições pode colaborar para o nosso desenvolvimento pessoal, pois por meio delas conhecemos outros pontos de vista.

Quando negamos a contradição e evitamos o contato com pessoas que pensam e agem diferente de nós, evitamos possibilidades de conceber outros caminhos e outras maneiras de ser, nos fechando nas próprias certezas ao invés de nos abrir para o novo.


Neste artigo, compartilho mais de 30 anos de conteúdo sobre como compreender o ponto de vista das outras pessoas e utilizar estas diferenças para fortalecer amizades, forjar alianças, engrandecer times e por que não, gerar lucro! Afinal, dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço, mas duas ideias sim.


Quando seres humanos partilham diferentes informações entre si, estamos falando do princípio básico da comunicação, pelo qual nos relacionamos com os outros, influenciando e sendo influenciados.


O que observamos também é que as falhas de comunicação interferem e distorcem o ponto de vista que tentamos comunicar, ou o que entendemos do interlocutor da mensagem. 


De um modo geral, três tipos de obstáculos impedem a comunicação eficiente:


1.
As intervenções do nosso corpo e mente; 


2. As crenças de que as outras pessoas compreendem as coisas e reagem ao mundo da mesma maneira que nós e; 


3. O excessivo orgulho de ser autor de algo que você criou.... Porque o amor excessivo à criação muitas vezes ofusca o julgamento.

 
Orgulho de autor é perigoso porque ofusca o julgamento! - Paulo Silveira
 

Se existe algo que todo mundo têm é opinião, o que, aliás, é ótimo, pois assim todos são capazes de refletir e interagir com tudo o que acontece ao nosso redor. A opinião é um dos motivos desencadeadores de conflitos, pois como nem todas as pessoas pensam igual sempre tem aquelas que gostam de resolver seus problemas de divergências através de discussões ou até mesmo de guerras.


Imprescindível para a vida em sociedade, saber respeitar opiniões divergentes. É o primeiro passo para melhorias individuais e sociais. 


As organizações se modificam por causa das condições do mercado, das diretrizes das pessoas que comandam, da tecnologia, da mudança de estratégia, e tudo isso interfere e influencia opiniões já formadas, a forma de se comunicar, e é preciso cada vez mais habilidade e flexibilidade para se adaptar às situações as quais você se encontra.


É comum e saudável, em conversas no cotidiano, ouvir afirmações e não concordar com elas. O problema existe quando não se respeita o que é dito ou quem o diz, justamente por dizê-lo. As opiniões não precisam disputar entre si, e sim somar-se na construção de novas verdades e novas ideias - que, por sua vez, podem se modificar em pouco tempo.


Ouvir não é escutar, ver não é enxergar e falar não é dizer! E quem não percebe, não respeita.... Durante um diálogo, é possível que surjam julgamentos e ofensas, mesmo que sem intenção direta, por isso o cuidado redobrado em escolher palavras assertivas para se expressar seu ponto de vista.


Uma dica também muito importante é o autoconhecimento. Quanto mais olhamos para dentro de nós, mais livres e tolerantes com os outros seremos.


Outros aspectos que ensino em cursos e nos processos de mentoria que desenvolvo como estes que descrevo a seguir, também devem ser levados em consideração em nosso processo de comunicação e de “avaliação” da opinião alheia. São eles:


 

Prioridades

Você precisa de dinheiro; outros precisam de reconhecimento. Você precisa de respeito; outros precisam de dinheiro. Você precisa de organização absoluta para produzir ou manter o equilíbrio; outros sobrevivem e se adaptaram totalmente no caos. Você precisa ser amado para produzir; outros só precisam fazer sexo de vez em quando para relaxar. Você é de esquerda, os outros são de direita... Assim é o ser humano, cada um adaptado às suas “próprias” virtudes, necessidades, vícios, manias, egos, vaidades, formações e anseios.


 Filtros e arquétipos culturais 

Os arquétipos culturais são, na cultura que nascemos, as leis que dizem respeito aos relacionamentos e às organizações humanas. Os arquétipos também são válidos em todas as épocas e em todos os lugares. Eles emergem sob a forma de mitos, heróis, rituais, esportes, negócios, política, valores, princípios ou ideias, preconceitos ou liberdade, diversidades ou censura, e com o tempo cristalizam-se na forma da lei, cultura ou moda.

O que para você pode ser uma “bizarrice” como, por exemplo, um cabelo moicano pintado de roxo, para outro é moda, para outro uma forma de expressar sua arte, para outro a forma de chamar a atenção de seus pais, outro quer expressar sua “revolta” com a sociedade, e assim por diante. Cada ser humano irá interpretar e interagir com este arquétipo de acordo com seus filtros.


 

Valores e princípios

 

Valores são características que definem pessoas e grupos, bem como os seus respectivos modos de agir em sociedade. Adquiridos de berço ou ao longo da vida, os valores determinam como o indivíduo é, a sua verdadeira essência, enquanto ajudam no controle e na manutenção da sociedade também.


E justamente por serem construídos e evoluírem desde o nascimento até as diversas experiências de vida, são individuais, e por isso se tornam também um “desafio” em nosso processo diário de diálogo.

 

• Morais: Os valores morais ditam o funcionamento da sociedade e foram preestabelecidos ao longo dos anos. É um valor moral não trair, por exemplo. Grande parte da sociedade só consegue viver harmoniosamente graças a estes valores que são até mesmo confundidos com regras e leis;


• Sociais: Os valores sociais também contribuem com o convívio das pessoas em sociedade. Dentre eles, o respeito é sem dúvida o maior valor a se destacar nesta categoria, pois sem ele não há meios de superar as diferenças. Outros valores sociais importantes são o compartilhamento e o diálogo;


• Éticos: Pode-se dizer que ética corresponde a um aglomerado de preceitos e regras que atuam diretamente com a moral das pessoas. Motivando ou até mesmo distorcendo princípios, ética é aquilo que é o mais certo a se fazer;


• Religiosos: A fé é o principal valor religioso independentemente da crença ou religião de uma pessoa. Seja ela católica, evangélica ou espírita, acreditar em um Deus supremo é o que mantém essa categoria de valores. Apesar de estarem se adaptando ao século, parte dos valores religiosos continuarão os mesmos, como a caridade e a esperança num amanhã melhor;

 

• Materiais: Valores materiais correspondem a tudo aquilo que o corpo humano precisa para sobreviver e se satisfazer em seu dia a dia. Desde o alimento, que é essencial para a manutenção corpórea, até bens materiais supérfluos, é tudo aquilo pelo qual se gasta dinheiro para obter e chamar de seu e;


• Estéticos: Valores estéticos, por sua vez, dizem respeito à aparência, vestimenta e estrutura corporal. A sociedade impõe muitos padrões como valores estéticos e se esquece da diversidade entre as pessoas, provocando problemas de saúde e emocionais, como a anorexia, por exemplo, um efeito da baixa estima que algumas pessoas têm de si mesmas.

 

No entanto, existem alguns valores que são apresentados como “universais”, presentes em quase todas as sociedades do mundo, como o princípio da liberdade, por exemplo. Alguns destes valores são tão primordiais que estão previstos na Declaração Universal dos Direitos Humanos.


A consciência de que o respeito ao próximo deve ser um imperativo no convívio social, pode ajudar a evitar uma das consequências mais desagradáveis e negativas que o conflito de diferentes valores pode provocar: a discriminação e o preconceito.

 

Linguagem 

 

Atualmente não se conceitua mais a linguagem como certa ou errada e sim como adequada ou inadequada a determinado contexto comunicativo, porque ela não se constitui um fator estático, ou seja, ela não apresenta uma uniformidade e uma linearidade, pois sofre variações de acordo com a adequação linguística.


Por isso, ao contrário do que se pensa, comunicar-se adequadamente não significa apenas obedecer às normas padrão de uma língua, mas utilizar a linguagem em conformidade com todos os demais elementos envolvidos no ato comunicativo para assegurar que a mensagem seja compreendida da forma como se pretende transmiti-la.


Muitas palavras trazem uma carga de conhecimentos históricos que se acoplam ao seu significado, moldando, às vezes, de tal maneira o seu sentido que elas passam a ter um cunho preconceituoso, pejorativo. É preciso um cuidado maior, para que o falante não seja o responsável pela perpetuação do preconceito. A língua é um produto da cultura, também é um instrumento de manifestação dela, que se adapta ao meio e se modifica, conforme variem as necessidades e as condições de seus falantes.


A língua(gem) é interação, pois proporciona ao indivíduo a possibilidade de exercer atividade sobre o outro, sobre si mesmo e sobre o mundo. É independente de estímulo: não necessita de alguém para ativá-la.


Desta forma, compreende-se que a língua(gem) é uma atividade essencialmente humana, histórica e social. Se bem conduzida, pode ser uma aliada na luta contra os preconceitos sociais, pois é a partir de seu uso que observamos, compreendemos e interagimos com o mundo natural.

 

Para nossa última reflexão neste artigo: Se não houver o diálogo, é impossível a mente ultrapassar limites, criar e inovar. O diálogo é a base evolutiva, uma troca sistemática entre o saber individual de cada um. Assim, compartilho com vocês algumas dicas para um diálogo proveitoso.

 

Ao opinar

 

Evite julgar. A sua opinião não precisa ser sempre acompanhada de um juízo de valor. Prefira dizer “eu não gosto de novelas” do que “eu não consigo entender quem gosta de novelas”. Ao falar sobre a situação e não sobre as pessoas que a vivenciam, corre-se menos risco de ofender ao opinar.


Ao ouvir

Não é preciso concordar, o importante é respeitar o que se diz e quem o diz. Para que o diálogo seja enriquecedor, tente pensar como o outro e avaliar se o seu pensamento inicial se modifica ou se fortalece após refletir sobre o dele. Permita-se agregar novos pontos de vista e novas formar de pensar.


Ao debater

O debate pode ser encarado como um momento para compartilhar opiniões, quando é possível que sejam geradas novas ideias e aprendidas novas formar de se encarar uma mesma situação. Não é preciso que uma opinião saia como a vencedora. O importante é poder melhorar a si mesmo através do contato com o outro.

 

Visão, conexão e ação tornam agradável o ato de viver pessoal e coletivamente. Por isso a nossa experiência é com certeza singular e, portanto, devemos compartilhá-la enquanto ela tiver validade, utilidade e boa energia... Assim como devemos ver, perceber e aprender com a experiência e ponto de vista dos outros, e nos desenvolvermos na íntegra! -Pois na maioria dos casos a experiência traz sabedoria, ou aumenta a ignorância... Isso depende exclusivamente de como e onde a pessoa se criou e aprendeu as coisas, as potencializou pelas suas percepções, crenças e valores, e o que construiu através delas.


Tags
Compartilhe

Paulo César Silveira

Conferencista com mais de 2500 palestras em seus 21 anos de carreira, nas áreas corportamental, liderança, vendas consultivas, negociação, vendas técnicas e comunicação com base em influência. Foi contratado por mais de 200 empresas das 500 melhores empresas eleitas pela Revista Exame. Professor convidado da FGV/SP, FIA FEA/USP, UDESC e UFRGS. Consultor, empreendedor e articulista com mais de 900 artigos editados. Autor de 26 livros, destacando-se os best-sellers: A LÓGICA DA VENDA, ATITUDE – A Virtude dos Vencedores e o VENDA SUSTENTÁVEL – A Lógica da NEGOCIAÇÃO lidos por mais de 4,8 milhões de leitores. Está revolucionando o mercado com novas formas de pensar e treinar equipes comerciais, com formatos disruptivos e inovadores, trazendo resultados nunca antes alcançados! Sua experiência e conhecimento são amplamente compartilhados em livros e artigos. Esses não só fizeram sucesso entre os mercados corporativos, como também despontaram em vendas para o público geral, tornando alguns dos seus títulos como os mais aplicáveis e vendidos do segmento. Sendo ainda Mentor e líder do Projeto Liderança Made in Brazil.