Em 2016, a Apple comercializou mais de 210 milhões de iPhones em todo o mundo.
O que muitos não sabem - mesmo algumas pessoas da área - é que os iPhones são usinados, a maior parte deles na Foxconn, empresa de origem taiwanesa e principal parceira da Apple na montagem de seus produtos. Para usinar mais da metade da produção de celulares (e também de alguns outros itens como iPads e MacBooks), a Foxconn mantém um exército de centros de usinagem em suas várias fábricas na China.
Não se sabe ao certo o número de máquinas instaladas na empresa, estima-se que supere a marca de 50 mil. 40 mil delas seriam de apenas um fornecedor, a japonesa Fanuc, e de um único modelo, o RoboDrill. A DMG Mori (com o MillTap) e a Brother (TC-32) também contam com bom volume de máquinas nas instalações da Foxconn. O parque contaria ainda com máquinas de alguns fabricantes de Taiwan, que fabricam máquinas semelhantes a estes modelos. Ou seja, máquinas compactas, rápidas, multitarefas (com capacidade para furar, fresar e rosquear) e com cone 30.
Os números não são exatos porque tudo o que envolve a Foxconn, que é Integrante do grupo Hon Hai Precision Industry, com sede em Taiwan, é envolto em sigilo, principalmente após problemas de ordem trabalhista e de saúde de seus trabalhadores terem vindo à tona anos atrás. Obter qualquer informação sobre a Foxconn é tarefa quase impossível. Os fornecedores da empresa - com receio de se indispor com um cliente deste quilate, o que é totalmente compreensível - preferem não se manifestar.
Por outro lado, esta aura de segredo forma o caldo que fomenta a divulgação de inúmeras notícias pouco confiáveis sobre a empresa. Para ficar apenas num exemplo, recentemente foi divulgado que a empresa havia cortado 60 mil empregos numa de suas unidades chinesas (nesta planta estima-se que trabalhariam cerca de 110 mil trabalhadores), substituindo-os por robôs. Jornais, revistas e sites de todo o mundo republicaram a notícia, posteriormente negada pela Foxconn, não sem a intervenção da Apple. Outras diziam que o novo modelo (iPhone 8) passaria ser forjado e não mais usinado, ou que seria produzido em cerâmica, entre várias outras especulações.
Ex-funcionários de distribuidores locais dos fabricantes das máquinas utilizadas pela Foxconn, procurados pelo Usinagem-Brasil, confirmaram algumas informações. Um desses entrevistados conta um caso emblemático: no início desta década, a Foxconn - com um pedido de 1 mil máquinas a partir de um projeto próprio - não conseguiu encontrar um único fornecedor em Taiwan com capacidade para atender o prazo. Foi necessária a formação de um consórcio, reunindo vários deles.
Outro entrevistado conta que, em outra ocasião, a Foxconn teria apresentado à Fanuc um pedido de 6 mil máquinas - existem rumores também sobre um pedido de 10 ou 12 mil máquinas. (Que fabricante de máquinas no mundo não gostaria de um cliente assim? Em seus melhores anos, de 2008 a 2012, o Brasil consumiu cerca de 3 mil máquinas CNC!). Nosso entrevistado informa que, nestas ocasiões, até os prazos de entrega de máquinas no Brasil foram afetados. Segundo ele, a produção da linha RoboDrill, no Japão, quase dobrou durante o período de produção destes pedidos (a produção da Fanuc que varia de 1000 a 1500 máquinas/mês teria saltado para 2.500/mês).
Tudo o que envolve a Foxconn (e em geral a China) tem grandes proporções. Para se ter uma ideia, a empresa tem 1,3 milhão de empregados. Apenas na China a empresa teria mais de uma centena de plantas. Num país caracterizado pela sua capacidade de exportação, a Foxconn é considerada o maior exportador da China. Além de usinar a carcaça do iPhone, a empresa produz baterias, tem unidades para a produção de componentes eletrônicos, de montagem final etc. (Vale lembrar aqui que recentemente foi divulgado que a Foxconn estaria fechando suas unidades no Brasil, onde chegou anos atrás com a promessa de investir US$ 12 bilhões - volume superior ao que anunciou recentemente que irá investir nos EUA).
Mas porque o iPhone é usinado? - A Apple tem como uma de suas marcas o design de seus produtos. A própria empresa diz que tem entre os seus objetivos "produzir tecnologia como forma de arte". A escolha do processo de usinagem, segundo alguns especialistas, foi baseada nos recursos que o processo oferece em termos de qualidade, precisão e cabamento, detalhes extremamente valorizados pela fabricante e sua legião de usuários. A decisão da Apple acabou servindo de “inspiração” para vários outros fabricantes de smartphones.
Curiosidades - A seguir, apenas a título de curiosidade, reproduzimos algumas notícias encontradas na Internet - que obviamente não pudemos checar - mas que trazem detalhes interessantes sobre a produção dos produtos da Apple e sobre a atuação do CEO da Foxconn, Terry Gou.
Uma delas diz que quando o iPhone 4 estava próximo de entrar em produção, a Foxconn e a Apple se deram conta que a fabricação do quadro em alumínio era tão “especial” que precisaria ser feito em centros de usinagem de alto custo e de baixo volume, geralmente utilizados para produção de moldes. Terry Gou teria feito a sugestão de utilizar as máquinas compactas, que no Brasil alguns chamam de centro de furação e rosqueamento. Ideia aceita, o executivo encomendou 1 mil máquinas à Fanuc.
Outra conta que a empresa estava tendo dificuldade de encontrar um fabricante de máquinas laser com capacidade para realizar furos de 10 µ. Quando enfim encontrou uma empresa com uma máquina capaz de realizar furos de 20 µ, Terry Gou não teve dúvidas: comprou a empresa e todo seu estoque de produtos.
Diz-se também que a Foxconn não encontrou fornecedor capaz de produzir baterias tão finas quanto necessitava, que atendessem ao novo projeto de um dos modelos do iPhone. A saída foi a empresa montar a sua própria fábrica de baterias.
Fonte Usinagem BrasilTags
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