Como todos sabem, o Japão é uma grande potência tecnológica e industrial, concorrendo de forma direta com países altamente desenvolvidos.
Mas, o que possibilitou ao Japão um crescimento tão rápido em um curto período de tempo?
A resposta está na criadora do Lean Manufacturing, a Toyota.
O Toyotismo, ou sistema Toyota de produção, foi desenvolvido após a Segunda Guerra Mundial, quando o Japão estava em busca de inovações que permitiriam a reconstrução do país.
Neste artigo vamos te mostrar como esse método revolucionou o mercado de diferentes indústrias e por que ele continua sendo utilizado até hoje.
O que é o Sistema Toyota de Produção?
O Toyotismo, também conhecido como sistema Toyota de produção, é um método de produção que, desde o seu início, vem sendo utilizado com foco na melhoria da produtividade geral de uma empresa por meio da organização de processos e redução de desperdícios.
Por meio de seus esforços, a abordagem aumenta significativamente o valor criado para o cliente final, reduzindo significativamente os prazos de entrega.
No entanto, essa aceleração não se dá à custa do bem-estar do trabalhador ou da sobrecarga de atividades.
Pelo contrário, o Toyotismo facilita o trabalho cotidiano, porque alinha e rearranja as atividades do fluxo de forma que o aumento de produtividade vêm da eliminação de processos desnecessários.
Como surgiu o Sistema Toyota de Produção?
Após o fim da guerra, o Japão procurava formas de reestruturar sua indústria e alavancar a economia nacional que estava destruída por conta do conflito.
Neste cenário, o governo começou a incentivar todas as iniciativas de estudo para melhoria da produtividade e qualidade.
Foi neste período que o Toyotismo surgiu na Toyota Motor Corporation e se tornou uma ferramenta valiosa para gestores.
Quem criou o Sistema Toyota de Produção?
Quem deu origem ao Sistema Toyota de Produção foi Taiichi Ohno, chefe de produção da Toyota no período após a Segunda Guerra Mundial.
Ohno era engenheiro mecânico e industrialista japonês que ficou famoso por suas contribuições na área, fazendo parte do grupo de estudiosos conhecidos como "gurus da qualidade".
Nascido na China, filho de pais japoneses, ele entrou para a Toyota quando ainda era jovem, com 20 anos, e permaneceu lá até quando se aposentou, 46 anos depois.
Principais características do Sistema Toyota de Produção
O Toyotismo tem características bem distintas das observadas até então nos sistemas de produção norte-americanos. Um dos principais diz respeito ao estoque de matérias-primas.
Por ser um país que depende da importação de produtos primários destinados à indústria, criar estoques muito grandes era muito caro para as fábricas japonesas.
No sistema Toyota de produção não existe estoque, nem de produtos finalizados e nem de matérias-primas.
Ele faz uso do sistema just-in-time, no qual a velocidade produtiva, a importação e aquisição de matéria-prima e o processo de entrega ou abastecimento do mercado acontece de acordo com a demanda dos consumidores, atendendo a prazos estabelecidos anteriormente.
Dessa forma, temos um sistema de produção flexível.
Essa flexibilização da produção continua para etapas que vão além da montagem, caracterizando assim o processo de terceirização produtiva.
Isso significa que nem todos os processos são feitos no interior da mesma indústria, acontecendo a difusão da produção no espaço geográfico e a geração de grandes cadeias de produção.
O trabalho também é flexível, o que quer dizer que um trabalhador pode executar diferentes funções no momento da produção.
Dessa forma, o mesmo profissional pode atuar em qualquer uma das etapas produtivas e ele pode ser deslocado para outra tarefa caso surja essa necessidade.
Com isso temos uma redução da quantidade de mão de obra, porém exige mais diversidade de conhecimento por parte do profissional.
Além disso, esses trabalhadores são separados em grupos, nos quais as funções e tarefas são atribuídas.
Juntamente com o grande avanço tecnológico deste período (a Terceira Revolução Industrial) o sistema Toyota de produção se caracteriza também pela grande utilização de equipamentos eletrônicos e de alta tecnologia dentro das indústrias.
Isso exige por parte do funcionário, além de amplo conhecimento, um alto nível de qualificação profissional.
A inspeção e o controle de qualidade são feitos de forma integral, isto é, em todos os estágios do processo de produção.
Este procedimento é realizado de forma minuciosa pelos próprios trabalhadores, que possuem autonomia para realizar reparos, caso seja necessário.
Vantagens e Desvantagens do Toyotismo
A implementação do modelo Toyotista diminuiu os custos de manutenção de estoque com o sistema just-in-time, gerando benefícios também através da adaptação do seu ritmo produtivo com as demandas do mercado, não deixando espaço para desperdícios e respondendo às necessidades dos consumidores de forma exata.
Os produtos originados deste processo possuem qualidade elevada, levando em conta o controle rígido aplicado durante o processo e a produção por profissionais altamente qualificados, através de maquinários de alta tecnologia.
Além disso, o sistema Toyota de produção trouxe maior diversificação de produtos no mercado.
Se pensarmos pelo lado somente econômico, a terceirização trouxe redução dos custos de produção.
No entanto, com o uso de mais tecnologia e pelo fato dos profissionais exercerem mais de uma atividade, aconteceu uma redução do número de trabalhadores dentro das fábricas e da oferta de emprego, por conta da diminuição dos postos de trabalho.
Com isso tivemos um aumento no desemprego e no trabalho informal. Além disso, o Toyotismo possui muita dependência da aquisição de matérias-primas, por conta da ausência de estoques.
Diferenças entre Toyotismo e Fordismo
O Toyotismo nasceu como uma alternativa ao Fordismo, modelo de produção criado por Henry Ford e aplicado inicialmente nas montadoras de veículos da Ford localizadas nos EUA no início do século 20.
Abaixo listamos algumas das principais diferenças entre os dois modelos:
Fordismo
• Produção em massa
• Formação de estoques
• Padronização dos produtos
• Trabalhadores altamente especializados
• Ritmo produtivo oriundo da linha de montagem (esteiras)
• Controle de qualidade realizado ao final da produção
Toyotismo
• Produção em lotes, conforme a demanda
• Ausência de estoques, com escoamento imediato dos produtos finais
• Maior diversificação dos produtos
• Trabalhadores multifuncionais
• Ritmo produtivo oriundo da demanda
• Controle de qualidade realizado durante as etapas de produção
Principais Ferramentas e Pilares do Sistema Toyota de Produção
O Toyotismo funciona como uma ampla metodologia, que utiliza de ferramentas específicas para atingir seus objetivos.
A seguir vamos conhecer algumas delas:
Poka-Yoke
É a técnica utilizada para assegurar que a mercadoria que deixa as fábricas está “à prova de erros” – inclusive, esta é a tradução do termo em japonês.
Desenvolvido por Shigeo Shingo, o Poka-Yoke na prática funciona como um dispositivo que procura evitar defeitos na produção ou uso do produto.
Para tanto, ele cria automações que podem alertar o trabalhador através de um aviso luminoso ou sonoro e até mesmo parar equipamentos para corrigir o erro.
Jidoka
O Jidoka também é focado no controle de qualidade, e podemos traduzir como “automação com toque humano”.
Essa ferramenta traz autonomia para que as máquinas possam verificar erros e também soar alarmes ou até mesmo parar a produção se for necessário.
Kaizen
O Kaizen é geralmente traduzido para o português como “mudança para melhor”.
A técnica propõe a perspectiva de que tudo pode ser melhorado, trazendo dessa forma a gestão de uma cultura de melhoria contínua da produção.
Kanban
Uma das essências do sistema Toyota de produção é ter pouco ou nenhum estoque, o que requer uma sincronia da produção para que não existam esperar ou atrasos.
Dessa forma, o Kanban aparece como a ferramenta usada para indicar o fluxo de trabalho entre as etapas, sinalizando para os funcionários o momento para realizar suas funções.
Sistema Toyota de Produção e Taylorismo
Em um curto período de tempo, o Toyotismo ficou famoso e começou a influenciar a criação de sistemas de produção ao redor do mundo.
Nos EUA, o engenheiro de produção Frederick Taylor foi o responsável por desenvolver o Taylorismo – conhecido também como Administração Científica.
O sistema de Taylor era diferente do Toyotismo por focar no desempenho individual e não no desempenho em grupo.
Conclusão
Nascido no Japão, o Sistema Toyota de Produção se popularizou desde o momento de sua criação e ainda hoje serve de inspiração para indústrias de diversos segmentos.
O que iniciou como uma tentativa de Taiichi Ohno para melhorar os resultados da montadora, acabou se tornando o ponto inicial para uma verdadeira revolução da indústria.
Focado na redução dos desperdícios e melhoria contínua da qualidade, o Sistema Toyota de Produção continua sendo utilizado com sucesso nos dias de hoje.
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