Uma ação pioneira no Brasil irá desenvolver um benchmarking organizacional e tecnológico de ferramentarias brasileiras para avaliá-las e compará-las com concorrentes mundiais.
A estratégia faz parte da Linha IV – Ferramentarias
Brasileiras mais Competitivas, do Programa Rota 2030. Nove empresas foram
selecionadas para participar do “Cluster
Benchmark Brasil”, com o objetivo de gerar uma amostra para traçar o
panorama nacional do setor e efetivar atividades de fortalecimento da cadeia
ferramental.
Essa estratégia integra as Frentes de
Certificação e Formação da Linha IV e será desenvolvida por meio de parceria
entre a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep), Instituto de
Pesquisas Tecnológicas (IPT), Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e WBA
Aachener Tooling Academy (da Alemanha). O investimento total será de R$ 1,2
milhão e a expectativa é concluir os trabalhos em março de 2021.
Para execução será utilizada uma abordagem
desenvolvida pela WBA, que consiste em comparar os dados coletados dos
participantes com uma base de dados mundial, compilar as informações com um
levantamento de pontos fortes e de melhorias, bem como conduzir a implementação
de medidas de aperfeiçoamento. O projeto está dividido em etapas que permitem
determinar a posição competitiva e derivar campos de ações específicos para o
avanço de cada empresa.
O diretor-presidente do IPT, Jefferson de
Oliveira Gomes, destaca que o foco das ações da Linha IV é ampliar a
competitividade do setor. “Competitividade não se trata somente de
desenvolvimento de pesquisas para uma área, principalmente quando falamos de
pequenas empresas. Competitividade significa um conjunto de ações, desde o
desenvolvimento de pesquisas inovadoras, pesquisas aplicadas, aplicações de
conceitos, desenvolvimento de empreendedorismo, formações e um profundo
programa de análise e benchmarking
das ferramentarias brasileiras em comparação com o planeta. E este trabalho não
é apenas para produzir estatísticas, o objetivo é verificar dentro do programa
o que pode ser feito e atuar dentro desta comparação para melhorar níveis específicos”,
ressalta.
De acordo com o professor adjunto do ITA,
Ronnie Rego, com essa estratégia será possível realizar uma avaliação
organizacional e tecnológica detalhada. “Faremos um levantamento minucioso
sobre os comportamentos organizacionais e tecnológicos das ferramentarias.
Vamos conseguir identificar, a partir de uma amostra, como as empresas
brasileiras se comportam e comparar com um banco de dados internacional. O IPT
e o ITA vão atuar na extração e na interpretação das respostas, sob uma perspectiva
macroeconômica e cultural brasileira”, explica.
Ferramentarias participantes
As ferramentarias participantes foram
selecionadas com o apoio da Associação Brasileira da Indústria de Ferramentais
(ABINFER) e aprovadas pelo Comitê Técnico da Linha IV.
O presidente da ABINFER, Christian Dihlmann,
explica que foram estabelecidos critérios capazes de refletir o atual cenário
do setor. “O mundo de ferramentarias abrange diversos processos. Para o benchmarking, priorizamos os estampos e
moldes para injeção de plástico, que são os de maior demanda da indústria
automotiva. Buscamos, na relação da entidade, uma representação de estamparia,
fundição e injeção de plásticos nos principais polos e nomeamos empresas de
Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina”, explica.
Dihlmann também reforça que o trabalho será
importante para apontar quais ações precisam ser priorizadas. “O que não se
mede, não se gerencia. Como vamos saber quais as ações precisamos priorizar? Se
são, por exemplo, mais comerciais, administrativas ou técnicas. O objetivo é
fazer uma radiografia do setor ferramenteiro nacional, mapear quais as nossas
competências e fragilidades para então definir planos de ação”, diz.
A Ferramentaria Gaspec, de Santo André/SP, é
uma das empresas participantes da ação de benchmarking.
Para o diretor industrial, Maurício Tomazetti, a ação será importante para
fornecer um alinhamento sobre a competitividade da empresa em âmbito
internacional. “Será um trabalho muito importante porque vamos ter condição
para identificar como a Gaspec está realmente situada nos contextos nacional e
internacional”, destaca.
As nove ferramentarias participantes são:
Ferramentaria Gaspec (SP); Voa Ferramentaria (MG); Estampo Tec. Indústria e
Comércio (SP); IBT Indústria de Moldes (SC); Indústria de Matrizes Belga (RS); Union Moldes
(SC); Parkfer Ferramentaria e Usinagem (SC); Ferramentaria JN (SC); e Modelação e Ferramentaria
Walbert (SC).
Treinamento de especialistas brasileiros
Dentro do projeto, a WBA também irá promover o
treinamento de especialistas brasileiros para garantir capacidade para a
execução do mesmo procedimento em outras oportunidades e estabelecer parâmetros
nacionais de benchmarking.
Pelo treinamento, será possível entender o
método aplicado pela WBA para avaliação organizacional e tecnológica das
ferramentarias. Também poderá ser realizado uma observação de quais são e como
são calculados os indicadores (KPIs) considerados para avaliação, o processo de
construção do benchmarking, a
estruturação de um procedimento de visita técnica para validação das
informações, os procedimentos de análise dos dados e a determinação do
resultado final.
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Revista Ferramental
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