Relação entre Robotização vs Emprego

Uma pergunta sempre está presente em minhas apresentações: O que acontecerá com meu emprego a partir do momento que um robô tomar meu posto de trabalho?

O medo de perder o emprego para o robô e não sobrar espaço no mercado de trabalho para uma recolocação é uma realidade não somente no Brasil. Países como a Alemanha, Estados Unidos, Itália, França, China, entre outros, passaram pelo mesmo questionamento de sua população economicamente ativa.

Antes de falarmos sobre o emprego, é importante entendermos a densidade de robôs presentes em nosso dia a dia. A melhor análise que utilizo é a densidade de robôs para cada 10.000 trabalhadores. Com esses dados, conseguimos mensurar quão presente estão os robôs em nossa indústria.

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Segundo dados da IFR (International Federation of Robotics), a média mundial de robôs para cada 10.000 trabalhadores é de 99, com destaque para Singapura (831), Coréia do Sul (774), Alemanha (338) e Japão (327). Países como Estados Unidos e China possuem valores também acima da média, 217 e 140, respectivamente. O Brasil ainda está muito longe destes grandes players, com uma média de 12 robôs apenas.


A China, tida como um país de produtos de baixa qualidade por muito tempo, vem se modernizando a cada dia, trazendo ao mercado novas formas de produção e produtos cada dia mais inovadores. Hoje, 30% de toda a produção global de robôs vai para a China. São mais de 150 mil novos robôs sendo instalados a cada ano, um número absurdamente maior que os 1,5 mil instalados por ano no Brasil.

Como eu sempre olho o lado positivo de qualquer ação tomada, vejo isso como uma grande oportunidade de modernização de nossa indústria e que temos um caminho bastante promissor pelos próximos anos em nosso país.


Os robôs e a própria automação estão presentes em nosso dia a dia, onde muitas vezes não percebemos. Antigamente, quando íamos ao cinema, perdíamos horas na fila para comprar o ingresso. Hoje, compramos pela Internet ou por um totem de auto-atendimento. Quem imaginaria à 20 anos atrás que conseguiríamos nos comunicar, onde estivéssemos, com o mundo todo com um aparelho móvel?

O mundo se modernizou e as pessoas se modernizaram com ele. Com a indústria, a realidade será e está sendo exatamente a mesma. Com a concorrência cada dia mais acirrada, as empresas que não se modernizarem ficarão para trás. A única forma de se manter competitivo é ter o seu processo produtivo mais eficiente possível. Essa é a diferença entre o sucesso e a falência.

Sem mais delongas, toda e qualquer nação que tenha passado por um processo de robotização ou automação passou pelo mesmo questionamento. E os empregos? Um estudo muito detalhado da IFR, denominado Robot Creates Jobs, mostra um cenário interessante sobre este assunto. 

Em um estudo focado especificamente em robótica para o Center for Economic Performance da London School of Economics, Georg Graetz e Guy Michaels concluíram que a densificação do robô aumentava o crescimento anual do PIB e produtividade do trabalho entre 1993 e 2007 em cerca de 0,37 e 0,36 pontos percentuais em 17 países estudados, representando 10% do crescimento total do PIB destes países.


Na Alemanha, do ano de 2010 à 2015, houve um aumento médio de 3% de robôs instalados (+13 mil unidades) e os postos de trabalho aumentaram com uma taxa de 2,5% ao ano (+93 mil novos empregos).

Além de tudo isso, o robô vêm também para ajudar o dia a dia de trabalho. Um dos maiores motivos de afastamento de trabalho são Lesões por Esforços Repetitivos (LER). O maior crescimento do mercado de robótica, em termos percentuais, é a robótica colaborativa. Os robôs colaborativos em como principal função facilitar e colaborar com o ser humano em seus processos, com total segurança e confiabilidade. Isso garante um aumento da produtividade, saúde e segurança dos processos. Esse tema será mais abordado em um artigo específico.

A relação entre robôs e humanos se dá na lei da oferta e da demanda. Os robôs aumentam a produtividade e a competitividade. Melhores processos, significam melhores margens. Melhores margens significam melhor competitividade frente aos concorrentes. Com o aumento da produtividade, inicia-se um ciclo de geração de empregos, conforme gráfico abaixo.


Para que todo esse ciclo se complete, é muito importante a capacitação da mão de obra. O Brasil ficou para trás de outras nações no quesito educação, mas se vê fortemente a adequação das escolas profissionalizantes, faculdades e universidades, que incluíram ou modernizaram sua grade com aulas como robótica, programação, automação e engenharia de software. Esse é um passo extremamente importante para uma demanda crescente do mercado de trabalho.

O Prof. Dr. Fábio Lima, do Centro Universitário da FEI coloca que é inegável que a automação industrial trouxe grandes benefícios para a produtividade das empresas. Porém, desde o início desse processo, muito se discute a respeito da redução dos postos de trabalho a partir da inserção dos elementos de automação. Ao acompanhar a evolução da automação industrial, percebe-se que se por um lado há a extinção de postos de trabalho, por outro há a criação de novas oportunidade de emprego. A questão é que esse processo ganhou uma velocidade nunca antes vivenciada. A resposta deve vir com a educação e a formação de bons profissionais preparados para os novos desafios. O Centro Universitário FEI, atento as mudanças impostas pela Indústria 4.0, vem implementando novos laboratórios e modernizando os já existentes. Destaca-se nesse processo a parceria com empresas como a Siemens, que possibilitou a implementação do Laboratório de Manufatura Digital e a Schunk, que forneceu as garras para os robôs na modernização do Laboratório de Manufatura Integrada.


A inovação cresce em curvas exponenciais. O que antes demorava dezenas de anos para ser criado, hoje é feito em alguns meses. Estudos indicam que 30% dos cargos que existirão em 2030 não existem hoje, menos de 10 anos antes. Fica claro que, quem não se modernizar ficará parado no tempo e está fadado a ficar pelo caminho. Para mim está claro que, o que puder ser automatizado, será automatizado. Em breve o que vemos em supermercados, postos de gasolina, bancos e na indústria, deixarão de existir ou serão modificados. Tudo isso é uma ordem natural de progresso.

Como diz Artur Mendes: "O progresso é a esperança dos povos e o desespero dos acomodados".

Finalizo este artigo com uma frase que uso para minha vida: "Não tenha medo do que já fez, mas se preocupe bastante com o que deixou de fazer".

 

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Mairon Cezar Anthero

General Manager SCHUNK Intec BR