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O setor de ferramentaria no Brasil tem enfrentado uma grande crise devido à concorrência global e a nossa falta de competitividade como País, além das ineficiências internas inerentes a cada ferramentaria.
Temos como grandes concorrentes, em passado recente Portugal, atualmente China e Coreia do Sul, e amanhã, talvez, Índia, leste Europeu ou até mesmo os Estados Unidos, dentre outros.
Apesar de que, hoje, a indústria brasileira de moldes e ferramentais
esteja sendo beneficiada pela alta do câmbio, há um grande desafio a ser
realizado em curto prazo: melhorar a produtividade, a qualidade e a gestão.
Mesmo com a desvalorização da nossa moeda, coreanos e chineses conseguem
oferecer um produto com alto valor agregado, unindo competitividade, qualidade,
desenvolvimento e dinamismo durante todo o processo de construção e entrega do
ferramental.
O parque ferramenteiro nacional tem se reduzido a cada ano,
apesar de todos os esforços das entidades de classe, como ABINFER, ABIMAQ, APL
ABC, aliados à própria indústria automobilística e a outros entes da cadeia
produtiva de moldes e ferramentais para desenvolver a produção local. Face o
exposto, não podemos cruzar os braços e devemos seguir firmes na busca contínua
por melhorias de qualidade e gestão.
Se olharmos no médio prazo, nossa realidade oferece grandes oportunidades frente ao cenário Brasil. Temos como pontos fortes um país de dimensões continentais, com inúmeros recursos naturais, uma população de 203 milhões de pessoas, das quais 75% estão com idade entre 15 e 64 anos e a classe média representando 52% da população.
Possuímos um único idioma e estamos
isentos de problemas religiosos. A natureza é generosa e não apresenta
catástrofes naturais significativas. Uma economia diversificada com regime
democrático estável.
A indústria automotiva cresceu, mas ainda temos uma taxa de
motorização muito baixa comparativamente a números mundiais. Esta é, sem
dúvida, uma grande oportunidade de evolução para o setor e, consequentemente, para
o “mundo das ferramentarias”.
Entretanto, devemos encarar os nossos pontos fracos: a
economia está desacelerando, é necessário um ajuste fiscal urgente e uma
política mais agressiva de incentivo à indústria. Ainda temos a pressão
inflacionária alta, elevadas taxas de juros e um câmbio volátil, resultando em
baixo índice de confiança para investidores, o que é ainda mais agravado pela
incerteza sobre o rumo do governo.
Ressalto que se faz necessária uma
grande profissionalização,
visando otimizar e agregar valor à atividade de ferramentaria: com melhores
práticas de gestão empresarial; redução dos prazos de entrega; melhoria da
qualidade; aumento da competitividade e; visão de médio e longo prazo
(investimentos no parque de máquinas).
Há que se usufruir de benefícios
governamentais oferecidos por bancos de fomento à pesquisa ou investimento
como, por exemplo, o FINAME, seja no momento da aquisição de ativos
(financiamento) ou na venda de ferramentais (cadastro FINAME), de forma que os
clientes possam também utilizar estas linhas ou benefícios fiscais, gerando
assim, melhor competitividade via redução do impacto no caixa com despesas
financeiras.
É necessário revisar os processos
produtivos e operacionais, preparando empresas para a retomada, a fim de que
estejam prontas para crescer com ganho de produtividade e não apenas pelo
aumento de capacidade.
Fundamental mudar a realidade da gestão
familiar centralizada no conhecimento dos proprietários sem uma formação
complementar. É imperativo entender a necessidade de maximizar os investimentos
e que, cada vez mais, os tempos de desenvolvimento dos produtos serão menores.
Em futuro próximo, a Indústria 4.0, baseada na automatização e controle por robôs, será cada vez mais presente.
Máquinas dotadas de sensores conseguirão comunicar-se entre si – e tornar o
processo produtivo mais eficiente.
Com o avanço dos sistemas de Big Data e da chamada internet das coisas, o controle da
produção poderá ser feito remotamente. É uma questão de tempo para que
indústrias de todo tipo se adaptem a esse novo conceito.
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Fábio Júnio Rodrigues da Silva
Finanças de Compras – Gestão FINAME