

A fim de atender
um conjunto de maneiras e métodos para o melhor gerenciamento dos
empreendimentos ao longo do tempo, são necessárias BOAS práticas de gestão
comprovadamente eficientes, eficazes e efetivas. Neste artigo vamos conhecer
algumas delas, que atendem ao Modelo de Excelência em Gestão (MEG)
A melhor maneira de
começar a colocar em prática os planos e tirá-los do papel é descrevendo as
ações necessárias para atingir as metas e objetivos. Prática Gerencial é um conjunto
de ações e atitudes que a empresa realiza e precisa para atender suas
necessidades de gerenciamento organizacional. É o processo gerencial como
efetivamente é implementado pela organização, dentro de sua realidade de porte,
tempo de atuação, tipo de mercado, etc. Deve descrever como a empresa realiza o
respectivo processo, contendo as regras de funcionamento das práticas de
gestão. Podem ser expressas na forma de procedimentos, rotinas de trabalho,
normas administrativas, fluxogramas, ou qualquer meio que permita a execução
destas práticas na organização.
Uma boa prática deve possuir as seguintes características:
1. Metodologia - Qual o método e as regras de funcionamento (o que?)
2. Responsabilidade - Quem implanta, controla e mantém?

3. Controle - Como é assegurada a execução conforme os
padrões previstos na metodologia?
4. Proatividade - Como são prevenidas e antecipadas situações
indesejáveis?
5. Abrangência - Onde a prática está aplicada?
6. Continuidade - Desde quando e com que periodicidade está
implantada?
7. Refinamento - Como é avaliada e melhorada?
8. Integração - Como é a relação entre as áreas e com partes
interessadas, processos, práticas, estratégias e princípios?
9. Resultados - Que benefícios trouxe após a implantação? O
que melhorou?
Na edição anterior lançamos algumas perguntas que surgem quando da necessidade de tomar algumas decisões sobre várias questões importantes, que circundam o universo organizacional.
Apresentaremos a seguir algumas sugestões de práticas que podem auxiliar nestas respostas.
Os gestores analisam sistematicamente os resultados?
Quase como um clichê, o mundo empresarial utiliza a máxima: O que não pode ser medido, não pode ser gerenciado. A análise crítica do desempenho deve ser precedida pela definição dos seus indicadores estratégicos, bem como a maneira de acompanhar a evolução dos mesmos. Desde a coleta das informações, respectivos registros confiáveis até a forma de avaliar e interpretar, culminando na tomada de decisões a partir destas análises.
É importante
salientar que a organização pode gerar vários indicadores para auxiliar no
controle dos processos desenvolvidos, mas deve selecionar os mais estratégicos
que irão medir o desempenho global associado a sua missão e visão.
Uma das práticas mais
comuns nas organizações é o sistema de
reuniões, que inclusive é utilizada para consolidar outras análises
gerenciais.
Para exemplificar esta prática, tomamos por base o relatório de gestão da Suzano Papel e Celulose:
1 - Sistema de reuniões hierárquicas de alinhamento, responsável pelo desdobramento e comunicação pela linha gerencial até o nível operacional e acompanhamento de planos e metas: reunião Conselho de Administração (CA); reunião Comitê de Gestão; reunião apresentação do plano de ação – Full day; reunião diretoria; reunião análise de resultado; reunião fechamento de gaps; reunião semanal de alinhamento (apoio e produção); reunião alinhamento de área; reunião alinhamento dos facilitadores; reunião diária de alinhamento; reunião análise crítica (figura 1) e integração entre as áreas; reunião interação diária com a equipe.
2 -
Sistema de reuniões dos Comitês Transversais, que assegura a integração de
todas as áreas e níveis relevantes na tomada de decisões, harmonizando enfoque,
objetivos e uma comunicação eficiente.
O desempenho da Suzano é analisado segundo o
conceito de sustentabilidade, ou seja, o equilíbrio entre o social, o
ambiental e o econômico. Todas as áreas da empresa desempenham esse papel, de
acordo com a metodologia Key Performance
Indicators – KPI. Esses indicadores estão desdobrados a partir dos
requisitos de desempenho da holding, dividindo-se a partir de então em níveis estratégicos, táticos e operacionais.
A análise é feita por meio de duas principais dimensões:
· Monitoramento: análise de vários agrupamentos de
indicadores: do “nível 0”, Processo/Área (UN – unidades de negócio, PS –
prestadores de serviço e Divisões), SIG, PLRE, PAP, de forma preventiva –
mensal, bimensal, semestral e anual –, conforme a instância de análise
· Aprendizado: análise dos pareceres dos relatórios de avaliação, de auditorias e de pesquisas produzidas no sistema de aprendizado, que incluem informações de desempenho.
Tanto o ambiente
externo como o interno são avaliados. Externamente, a informação é distribuída
por meio das seguintes sistemáticas: informativo mensal da controladoria; coletânea
(clipping) semanal de artigos de
mídia; e divulgação mensal de periódicos. Internamente, as UNs e as PSs, por
meio da área de inteligência competitiva, coletam informações (mercadológicas,
setoriais, macroeconômicas, legais e socioambientais) mensais, que são
posteriormente consolidadas em um relatório gerencial.
A eficácia do alcance
das estratégias é avaliada mensalmente pela diretoria por meio de um conjunto
de indicadores alinhados e integrados aos requisitos estratégicos da Suzano. As
avaliações resultam no Relatório da Administração e no Relatório de
Sustentabilidade.
A comunicação das decisões é feita por meio de três principais sistemáticas:
· Sistema de reuniões hierárquicas
(além da comunicação nesse sistema, também se realiza o acompanhamento da
implementação das decisões);
· Comunicação gerencial
executiva; e
· Prestação de contas da direção.
As pessoas se sentem bem trabalhando em minha empresa?
As organizações são
construídas baseadas nas pessoas que fazem parte da sua história. Assim é
importante saber se esta base se sente parte do processo de crescimento
organizacional. Valorizar pessoas significa assegurar seu desenvolvimento,
bem-estar e satisfação, criando práticas mais flexíveis e produtivas para
atrair e reter talentos, bem como um clima organizacional participativo e
agradável, que propicie um alto desempenho pessoal e organizacional.
Para a avaliação da
satisfação das pessoas sugere-se uma pesquisa de
satisfação dos funcionários, composta por um conjunto de questões ou
afirmativas cuja análise das respostas vai permitir medir o nível de satisfação
dos funcionários da organização. O tipo de questão a ser formulada na pesquisa
depende das características de cada organização, sua cultura organizacional, o
comprometimento da direção com a força de trabalho e os recursos disponíveis.
Demonstramos abaixo exemplo prático da Sanepar GGNO – Gerência Geral Noroeste, em seu relatório de gestão (disponibilizado no site do PNQS).
Visando atender o objetivo estratégico “Promover a satisfação das pessoas”, a organização mede o grau de satisfação das pessoas por meio de pesquisa de clima organizacional, e leva em conta os fatores que afetam o bem-estar, satisfação e comprometimento dos funcionários, sendo a USRH a área gestora do processo.
A pesquisa Fale Francamente, aplicada a cada dois anos, passou a ser a ferramenta oficial de avaliação de satisfação. A pesquisa passou a ser aplicada anualmente, sendo que a média dos resultados dos aspectos verificados representa o índice de satisfação dos funcionários.
A pesquisa é disponibilizada a todos os funcionários efetivos, via intranet, e acessada por meio de senha individual, garantindo a confidencialidade do processo. As últimas pesquisas realizadas, a média dos resultados, foram superiores aos da corporação, no mesmo período. As informações obtidas servem de subsídio para avaliar o grau de bem-estar, satisfação e comprometimento das pessoas e estão divididos em dois requisitos (tabela 1):
· Estrutural: mede a
satisfação em relação à remuneração, benefícios oferecidos, condições de
trabalho, qualidade do ambiente, imagem da empresa, rumo da empresa e
desenvolvimento profissional e pessoal;
· Relacional: mede a satisfação em relação à
liderança, relacionamento entre os colegas, gestão no processo, comunicação,
integração, crescimento, reconhecimento e ética.
A alta direção incentiva todas as ações que implicam na melhoria das condições de trabalho, ou que resultem em motivação dos funcionários, decorrentes de adequações das condições e ambiente de trabalho. A pesquisa Fale Francamente e ACTs anuais, colaboraram na conquista de benefícios e ações corporativas e locais, Por meio do Sistema de Reuniões e pesquisa Fale Francamente é realizado o controle de satisfação das pessoas no âmbito da GGNO.
Os meus fornecedores e parceiros são os melhores que posso ter?
O relacionamento com fornecedores também é desenvolvido pelos processos gerenciais utilizados na organização para identificação, qualificação e seleção de vários tipos de insumos necessários para sua operação e posicionamento estratégico por meio de parcerias. Mesmo que algumas instituições vejam a gestão dos fornecimentos como um processo de apoio, ela merece consideração, em virtude da relação direta que os fornecedores têm com a qualidade dos produtos disponibilizados pela organização.
A seguir são
descritas algumas práticas para qualificação e seleção de fornecedores da Belgo - Usina de Monlevade:
Seleção e qualificação de fornecedores
Conforme detalhado no perfil da empresa, a organização se relaciona com fornecedores caracterizados em três tipos distintos: produtivos, comerciais e de serviços.
O DSUP - Departamento de Suprimentos, através de suas práticas de gestão, promove diariamente a integração entre fornecedores e clientes internos, assegurada pelo cumprimento dos padrões do processo de compras e do processo de almoxarifado.
O DSUP é
responsável pelo gerenciamento dos processos de seleção e qualificação de
fornecedores produtivos e comerciais, visando atender às necessidades de seus
clientes internos nos aspectos de qualidade, custo e prazo. A seleção/qualificação
de fornecedores de serviços é de responsabilidade da GMUA - Gerência de
Engenharia de Manutenção, Utilidades e Meio Ambiente.
A qualificação destes
fornecedores é o resultado de um trabalho conjunto dos clientes internos e a
área de suprimentos, tomando como base, principalmente, os avanços tecnológicos
e, a partir daí, são definidos os respectivos requisitos, formalizados através
de um padrão.
Dentre os critérios
podem ser destacados: referencial de
mercado, menor custo, capacidade de fornecimento (volume e prazo), equipamentos
instalados, capacidade de produção, certificação na ISO 9001:2000,
regularidade
fiscal e histórico de fornecimento.
A partir dos
resultados obtidos na seleção, os fornecedores são qualificados e assim se
mantêm enquanto estiverem ativos no sistema integrado de compras.
Outro bom exemplo é o
Manual de requisitos para fornecedores,
instrumento que as Empresas Randon
utilizam para aprimorar continuamente o relacionamento com sua cadeia de
fornecedores, a fim de garantir a melhoria nos processos que envolvem
componentes e serviços adquiridos.
A 5ª edição do
Manual, revisada e atualizada, traz esclarecimentos sobre o desenvolvimento e avaliação
de fornecedores, que vêm sendo sistematizado de forma compartilhada para todas
as empresas do grupo. Destacamos na figura 2 o fluxograma da sistemática de seleção,
desenvolvimento, avaliação e monitoramento de fornecedores.
Muitas outras
práticas poderiam ser exemplificadas e sugeridas, mas como cada empresa tem
suas características peculiares, deve selecionar algumas organizações como
modelo de referência e buscar conhecer as práticas de gestão que possam ser
adaptadas a sua realidade.
Aproveitamos mais uma
vez a oportunidade para exaltar o trabalho realizado pela Fundação
Nacional da Qualidade (FNQ),
que reconhece as boas práticas das empresas brasileiras e as divulga
nacionalmente para que outras empresas possam atingir a Excelência na Gestão.
Tags
gestãoMEGanálisedecisõesCompartilhe

Roger Becker da Silva
É Coach Executivo e Consultor Organizacional especialista no MEG. Formado em gestão de processos organizacionais e pós-graduado em administração e marketing. É Vice-Presidente de Projetos Especiais da ABINFER – Associação Brasileira da Indústria de Ferramentais.