Planejamento sucessório: o segredo do sucesso

Diz o ditado: o que é combinado não é caro. Entender, aceitar e adotar o planejamento sucessório na empresa é fundamental para a perpetuação do negócio. Quanto mais cedo estruturar, tanto maior é a chance de sucesso.

 

As empresas familiares representam, atualmente, 80% de um total de 21 milhões de empresas ativas no País , segundo aponta a Pesquisa de Empresas Familiares realizada pela PWC . Foram as empresas familiares as grandes responsáveis por traçar os rumos da história da economia brasileira, ficando, assim, claro o significativo papel que estas empresas têm na economia nacional e mundial.

 

Não obstante serem conhecidas pela resiliência e estabilidade, segundo a pesquisa do PWC o tempo médio de vida destas é de três gerações, sendo que apenas 12% sobrevivem. Além disso, caindo para 3% o número de empresas que conseguem alcançar a quarta geração.

 

É certo que, em muitos casos, vender a empresa pode ser considerado sinal de sucesso no negócio. Todavia, falhar em manter a empresa durante a mudança de gerações pode ser um sinal claro de que a empresa familiar não conseguiu concretizar seus objetivos no longo prazo.

 

Muito embora cada empresa tenha sua própria história, alguns pontos são, sem sombra de dúvida, inerentes a todas elas. O crescente aumento da competitividade, a globalização, a flexibilização das normas para constituição de empresas e até do próprio conceito de “família” são apenas alguns exemplos que atingiram em cheio todas as empresas familiares, não importando o tipo de empresa ou área de atuação. Além disso, as constantes modificações na legislação, cumuladas com o advento do novo Código Civil, fizeram com que fosse inevitável uma reestruturação da empresa como um todo, e as que se mantiveram estagnadas no tempo acabaram ficando para trás.

 

Assim, entraram em cena os profissionais das áreas de assessoria jurídica e gestão, os quais passaram a analisar a história dessas empresas familiares a fim de compreender as causas dos problemas que acabaram por levar as empresas ao insucesso. E a orientação mais importante que estes profissionais trouxeram foi uma só: planejamento sucessório.

 

Para muitos empresários, fazer um planejamento sucessório e patrimonial ainda parece desnecessário. Contudo, um planejamento eficiente é aquele realizado justamente quando o empresário ainda possui plena capacidade laborativa, pois assim pode-se garantir que serão preservados todos os valores e objetivos mais fundamentais da empresa quando esta for transmitida aos herdeiros. Ainda, é importante ressaltar que a execução do plano sucessório não significa o imediato encerramento da atuação do fundador da empresa.

 

No cenário atual, para que a empresa familiar se mantenha no topo, além de serem necessários um bom negócio e muito trabalho duro, são igualmente vitais a preparação profissional dos sucessores, a responsabilidade ambiental, a separação entre patrimônio empresarial e pessoal, a implementação da gestão empresarial, a governança corporativa e a atualização no tocante à legislação e, mais do que nunca, à tecnologia. Sem tais elementos, é provável que a empresa perca posições em relação à concorrência, vindo a perecer com o tempo.

 

Uma vez consolidada a ideia do que é planejamento, é preciso ter em mente que um planejamento sucessório completo irá alcançar, além da empresa, a esfera pessoal dos sócios. Assim, far-se-á a proteção do patrimônio pessoal, através da constituição de holdings patrimoniais e outros institutos de ordem societária que, além de complementar o planejamento e facilitar a sucessão, ainda garantem uma vantajosa economia tributária.

 

Não se pode falar em sucessão familiar empresarial sem mencionar ainda as situações de ordem civil, como os divórcios, casamentos, dívidas e falecimentos, os quais deverão ser contemplados ao planejamento, a fim de atender aos anseios do empresário, trabalhando a interesse deste e de sua empresa.

 

A solidez de uma empresa familiar depende diretamente da qualidade do seu planejamento sucessório. Uma vez que o planejamento, realizado conforme os desejos do fundador, esteja implementado e voltado aos herdeiros e estes tenham a qualificação necessária e a vontade de empreender, tem-se a garantia de que as novas gerações trarão a inovação necessária ao avanço da empresa, deixando sua marca, porém, mantendo vivas as tradições ensinadas por seus pais e avós, e por consequência mantendo vivas também as suas memórias.

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Bárbara Meira de Souza

Advogada societária na Schramm Hofmann Advogados Associados.