Mundo real ou virtual? Qual a diferença?


Para a maioria das pessoas nascidas entre 1940 e 1979, as chamadas gerações Baby Boomer e X, o mundo real não se mistura com o mundo virtual. São mundos paralelos. Essa percepção é muito diferente para a geração Y, também chamada de Millennial (nascidos após 1980), e para a geração Z, os nativos digitais (nascidos após 1990), onde não há diferença entre mundo real e virtual. 

Para essas gerações, o mundo virtual é real. Acessar um site de compras online pela internet (e-commerce), por exemplo, escolher uma peça de roupa, definir características de tamanho e cor, provar a peça de roupa virtualmente, tirar dúvidas com o atendente online, comprar o produto que gostou e avaliar o atendimento da loja, é uma atividade considerada normal para as gerações Y e Z, como se estivessem dentro de uma loja real.

O processo de digitalização dos produtos e serviços, integrada às tecnologias da informação e comunicação (TICs), está cada dia mais presente na vida das pessoas e das empresas. 

Esse processo está causando e causará impactos ainda maiores e de grandes transformações no mundo do trabalho e dos negócios. 

Em estudos recentes do World Economic Forum (Fórum Econômico Mundial), em Genebra na Suíça, foram apresentados registros de que, atualmente, 30% dos trabalhadores atuam em profissões que não existiam há dez anos e que, no futuro, 65% dos trabalhadores atuarão em profissões que ainda não existem hoje. 

Pasmem! Nas escolas, estamos preparando, desenvolvendo e formando profissionais para atuarem em profissões que ainda não foram inventadas.

Os conceitos de comunicação entre máquinas (M2M – Machine-to-Machine) é uma das principais aplicações tecnológicas em desenvolvimento na esfera corporativa e empresarial, em especial, no setor industrial. 

A aderência dessas tecnologias está reinventando os processos que permeiam as indústrias, dando origem a chamada Indústria 4.0, que está associada ao conceito de uma 4ª Revolução Industrial.

Neste contexto, para uma nova indústria precisaremos de novos profissionais, ou melhor, profissionais com novas competências, compreendidas como um conjunto de Conhecimentos (Saber), Habilidades (Saber Fazer) e Atitudes (Saber Ser). 

As competências profissionais para o século 21 extrapolam o desenvolvimento dos conhecimentos técnicos, tornando-se fundamental o fortalecimento das competências socioemocionais. 

As competências socioemocionais compreendem capacidades de comunicação, colaboração (trabalho em equipe), criatividade (inovação) e pensamento crítico. 

A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) adota uma concepção de competências socioemocionais que envolve as capacidades de atingir objetivos (perseverança, autocontrole, entusiasmo), trabalhar com os outros (cordialidade, respeito, cuidado) e gerir emoções (calma, otimismo e confiança).

Além disso, percebe-se que as profissões estarão conectadas e interdependentes, pois as tecnologias também trabalharão de forma integrada. 

Fundamentalmente, os profissionais do futuro precisarão combinar os saberes de diversas áreas para resolução de problemas complexos, melhoria de produtividade e desenvolvimento de soluções inovadoras. 

As carreiras de especialistas são gradativamente substituídas por carreiras multiespecializadas, que transitam em área combinadas, como por exemplo:

· Redes de computadores, desenvolvimento de sistemas;

· Mecânica industrial, elétrica e eletrônica;

· Moda, vestuário, design e química;

No passado, estudamos para sermos profissionais a vida inteira, agora, para sermos profissionais, passaremos a vida inteira estudando. A palavra do novo século é “mudança”. Estamos vivendo uma época de profundas transformações. Fato! O mundo está conectado, portanto, você está conectado com o mundo.

No mundo do trabalho, esse cenário não é diferente. Os profissionais precisam adaptar-se às novas tecnologias, processos, negócios e inovações. 

Neste contexto, as mudanças são a base para a melhoria contínua. O escritor James Hunter, afirma em seus livros e palestras que, para melhorar é preciso mudar. Isso é princípio básico e contrariaria a lógica, qualquer interpretação diferente. 

Portanto, podemos afirmar que fazer o que você sempre fez e esperar resultados diferentes é sinônimo de insanidade mental.

A quantidade de informações técnicas dobra a cada dois anos. Isto significa que, para alguém começando um curso superior de quatro anos este ano, metade de tudo o que ele aprender durante o curso poderá estar ultrapassado ou obsoleto quando colar grau.

Quem aqui não conhece aquele ditado que diz: amanhece na África, a gazela acorda e sabe que precisará correr mais rápido do que os leões para fugir e sobreviver. 

Amanhece na África, o leão acorda e sabe que vai precisar correr mais rápido do que as gazelas para poder se alimentar e sobreviver.

Então, não importa de que lado você está, acorde e comece a correr. Este ritmo acelerado de novas informações e descobertas, impõe aos profissionais a necessidade de constante atualização técnica. 

De fato, em um mundo que se transforma a cada dia, ninguém pode parar de estudar.

Parafraseando o famoso escritor Philip Kotler, diria que existem profissionais que fazem acontecer, profissionais que observam o que acontece e outros que se perguntam: o que aconteceu?

É muito provável que estes últimos estejam com seus dias contados no mercado de trabalho. Os empresários e acionistas estão focados na melhoria do desempenho da produtividade e, consequentemente, da competitividade dos seus negócios. Diante disso, não haverá espaço para profissionais que não estejam preparados.

Jack Welch, ex-presidente da General Eletric (GE) diz que, quando as mudanças na sua empresa estiverem acontecendo num ritmo menor do que as mudanças no mercado, sinto informar, o fim está próximo. A única coisa constante nos dias de hoje é a mudança. 

Esta máxima nunca esteve tão forte e atual. Estatísticas apontam que os 10 empregos que mais oferecerão vagas em 2030, ainda não foram criados. Vivemos tempos exponenciais:

· Em média, 170 bilhões de e-mails são enviados todos os dias, ou seja, 25 vezes a população mundial;

· Estima-se que em uma semana o jornal lhe dê mais informações, do que uma pessoa do século XVIII conseguiria durante toda a sua vida;

· O rádio levou 38 anos para atingir uma audiência de 50 milhões de pessoas no mundo, a TV 13 anos, a Internet 4 anos, o Facebook, por exemplo, 2 anos;

Em relatório publicado pela ONU (Organização das Nações Unidas), em 2015, a atual população mundial de 7,3 bilhões de pessoas pode chegar a 8,5 bilhões até 2030, e a 9,7 bilhões em 2050. Com esse ritmo, o planeta deve alcançar em 2100 quase 12 bilhões de seres humanos. 

Esses dados, apesar de serem estimativas, preocupam e muito, principalmente, do ponto de vista de mercado de trabalho, infraestrutura, alimentação, meio ambiente e segurança.

Contudo, acredito que as mudanças serão inevitáveis. As pessoas precisarão adaptar-se, não por questão de opção, mas de sobrevivência. 

Adaptabilidade, sem dúvida, será uma competência essencial para as pessoas na vida pessoal e profissional. Com sua permissão, atrevo-me a oferecer-lhe um conselho: Não pare de estudar e esteja atento às mudanças. Lembre-se que sorte é a soma de oportunidade e ação. Esteja preparado!

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Raphael da Silveira Geremias

Formado em Administração de Empresas (2002), na Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE), MBA em “Gestão para Excelência” (2007) pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) e SENAI/SC e Especialização Lato-Sensu em Gestão Estratégica da Qualidade (2004) pela Sociedade Educacional de Santa Catarina (SOCIESC). Atualmente, Mestrando em Administração de Empresas. Desde 2013, é Gerente de Educação e Tecnologia do SENAI/SC em Joinville.