A tecnologia está em todo lugar e o smartphone é a grande prova disso, já que hoje todo mundo possui um aparelho celular. E quem imaginaria que um dia ele iria se transformar também em um computador e uma câmera fotográfica?
Esses aparelhos estão evoluindo mais a cada versão lançada e isso é apenas um pedacinho de tudo que a tecnologia pode nos proporcionar no caminho para a 4ª Revolução Industrial.
Agora tente imaginar como essa tecnologia pode fazer a diferença na área da saúde. Que tal ser diagnosticado sem precisar ir ao médico, por exemplo? Tudo através da Inteligência Artificial (IA) na nuvem e um aplicativo no seu celular. Pois isso se tornará realidade.
Esse aplicativo emitiria o diagnóstico e uma receita médica e, logo após, você entregaria a receita à farmácia mais próxima, onde seria impresso seu medicamento em 3D. Seja bem-vindo à 4ª Revolução Industrial.
Japão em prol da 4ª Revolução Industrial
A 4ª Revolução Industrial nada mais é que as mudanças rápidas proporcionadas pela evolução da ciência e da tecnologia. Agora é a vez da Inteligência Artificial (AI), da Internet das Coisas (IoT) e do Big Data.
O Japão está liderando essa revolução e criou um centro juntamente com o Fórum Econômico Mundial (WEF) para trabalhar essa inovação global. Mas por que o Japão?
Bem, o país asiático possui várias vantagens, como disciplina, habilidade técnica, uma forte indústria de apoio, profissionais dedicados e capacitados e um excelente setor de robótica, muito utilizado na indústria – sem falar no domínio da inteligência artificial.
Por ter todos esses recursos, o Japão vem trabalhando em diversas inovações no seu centro de pesquisa. Entre algumas contribuições que o WEF aguarda do país, a medicina de precisão é uma área que traz bastante expectativa.
Para quem não sabe, a medicina de precisão está focada no estilo de vida dos seus pacientes, identificando abordagens eficazes com base em fatores genéticos e também ambientais. O objetivo é identificar a doença com mais rapidez e precisão.
Uma das doenças preocupantes é a obesidade. Com o seu alto crescimento no mundo, pesquisadores japoneses encontraram uma forma de analisar e prever a doença.
Através dos biomarcadores, que são substâncias no sangue, os japoneses conseguem estimar o risco da doença pelo paciente. Essa análise é de Big Data, que também está sendo utilizado para estudos sobre o câncer e outras doenças terminais.
Outras inovações do Japão
A Inteligência Artificial no Japão é, sem dúvida, o carro-chefe da 4ª Revolução Industrial. O país é rico no assunto – e entendido. Para se ter uma ideia, no país asiático, IA já é realidade há muito tempo.
Até a polícia em algumas cidades possuem um sistema com inteligência artificial supostamente capaz de prever quando e onde crimes e acidentes têm mais chances de ocorrer.
Na medicina também já é possível encontrar inovações, como o aparelho de mobilidade individual, criado pela Honda, que ajuda quem precisa caminhar. O aparelho é leve – tem pouco mais de dois quilos e meio – e permite à pessoa que tem dificuldade de andar realizar a marcha.
Segundo Makoto Shibata, um dos técnicos da Honda, em entrevista feita pelo site Euronews de Portugal, o andador funciona com dois motores, uma bateria e um computador no lado de trás.
Enquanto a pessoa anda, o computador capta e assiste o movimento das pernas humanas. A comunicação entre o dispositivo e o tablet funciona como a assistência a um carro de corrida nos boxes.
A robótica também é outro destaque japonês para a 4ª Revolução Industrial. O país já utiliza robôs em vários setores. Não estranhe, por exemplo, se for atendido por um robô em uma recepção de um hotel em Tóquio.
Essa é a nova realidade do país, chamada de Sociedade 5.0, onde robôs vão substituir o trabalho feito por humanos.
Na área da medicina, o Japão apresentou enfermeiros robôs, que ajudam a carregar os pacientes de um ambiente para outro.
Eles foram programados para atender idosos, já que é crescente o número de pessoas da terceira idade no país. Uma pesquisa confirmou que um enfermeiro carrega um paciente 40 vezes por dia. Com o robô, isso não será mais preciso.
A novidade é que alguns desses robôs enfermeiros já fazem o atendimento ao paciente – são os robôs humanoides. Eles passam instruções de exercícios e atividades para os pacientes. Criada pela Softbank, essa inovação ainda está sendo testada no país.
Além dessas, existem outras invenções interessantes que trarão benefícios para a medicina mundial. Quando o assunto é inovação e tecnologia, o Japão estará à frente e buscará novidades para ajudar a sociedade.
O que é Sociedade 5.0?
Sociedade 5.0 é uma proposta de modelo de organização social em que tecnologias como Big Data, Inteligência Artificial e Internet das Coisas (IoT) são usadas para criar soluções com foco nas necessidades humanas.
Esse modelo busca prover os serviços necessários para o bem-estar a qualquer hora, em qualquer lugar e para qualquer pessoa. Isso acontece graças ao planejamento de cidades totalmente conectadas, nas quais o ciberespaço se integra de maneira harmônica com o mundo físico.
Trata-se de um projeto do governo japonês, que busca equilibrar o avanço econômico com a resolução de problemas sociais. A Sociedade 5.0 é possível graças às tecnologias avançadas que já são usadas hoje na Indústria 4.0.
Os três principais valores da Sociedade 5.0
Qualidade de vida: a meta é que nossas vidas se tornem mais confortáveis, independentemente de nossa idade ou gênero. O trabalho pesado deve ser praticamente eliminado graças à automação, permitindo que utilizemos nosso tempo para realizar tarefas mais carregadas de significado.
A saúde avançará com o Big Data, robôs, biogenética e outras tecnologias, permitindo viver com maior qualidade de vida até uma idade avançada. As cidades também serão mais seguras e convenientes, muito menos estressantes, perigosas e nocivas à saúde do que são atualmente.
Inclusão: é preciso ter um bom poder aquisitivo para ter qualidade de vida, conforto, saúde, segurança. O objetivo da Sociedade 5.0 é construir um mundo menos excludente , em que todos têm acesso igual aos benefícios que a tecnologia trará.
A inclusão é um valor-chave pois, caso não fosse, a desigualdade provavelmente seria acentuada e perpetuada nessa nova sociedade. Afinal, nesse cenário, o domínio da tecnologia seria cada vez mais uma ferramenta para subjugar a população das camadas mais pobres.
Sustentabilidade: a sociedade do consumo foi o pano de fundo de muitos avanços. A competição entre empresas resultou em invenções sem as quais não conseguimos nos imaginar hoje em dia.
Só que essa lógica trouxe outro efeito: a exploração sem controle dos recursos do planeta para que a produção e consumo continuassem eternamente em crescimento. O resultado foi a degradação de ecossistemas, extinção de espécies, escassez de recursos e mudanças climáticas.
Na sociedade 5.0, a sustentabilidade é uma premissa para a evolução e adoção das tecnologias. A principal faceta desse valor é a expansão das energias renováveis e o abandono de combustíveis fósseis – a ascensão dos carros elétricos, por exemplo, já começou.
Como surgiu o conceito de Sociedade 5.0?
Em janeiro de 2016, o governo japonês lançou o 5º Plano Básico de Ciência e Tecnologia, um documento que definia políticas de inovação a serem estimuladas pelo país entre 2016 e 2021.
Dentro do plano, constava o conceito de Sociedade 5.0, descrito como uma sociedade que o Japão deveria aspirar no futuro.
Mas por que 5.0? Basicamente, porque sucede outros quatro momentos da sociedade humana:
A sociedade da caça (1.0): quando a espécie surgiu, os seres humanos eram caçadores-coletores. Viviam um estilo de vida nômade, migrando quando a oferta de alimentos do meio em que estavam se tornava escassa.
A sociedade da agricultura (2.0): o desenvolvimento de técnicas de cultivo de alimentos foi uma revolução na humanidade, pois marcou a transição do modo de vida nômade para o sedentário e possibilitou uma explosão populacional no planeta.
A sociedade industrial (3.0): o surgimento dos motores a vapor resultou na revolução industrial, no aumento na produção de bens de consumo.
A sociedade da informação (4.0): com o surgimento dos computadores, o mundo ficou digital. Na Era da Informação, passou a ser possível processar uma grande quantidade de dados e se comunicar em tempo real com pessoas de qualquer canto do planeta.
A Sociedade 5.0 é a evolução da 4.0, com os computadores e a hiperconexão resultando em um modo de vida mais inteligente, eficiente e sustentável .
Qual o objetivo da Sociedade 5.0?
Em um vídeo produzido pelo governo japonês para promover a ideia da Sociedade 5.0, são citados alguns problemas e desafios que a implementação de tecnologia promete resolver ou reduzir os danos das consequências que eles causam.
Problemas: aumento na demanda por energia; aumento na demanda por alimentos; competição internacional; aumento na desigualdade na concentração de riqueza.
Soluções: redução da emissão de gases do efeito estufa; aumento na produção e redução no desperdício de alimentos; promoção da industrialização sustentável; redistribuição de renda e correção da desigualdade.
Como funciona a Sociedade 5.0?
A Sociedade 5.0 alcança um alto grau de convergência entre o espaço virtual e físico. Fica mais fácil entender se compararmos com a Sociedade 4.0, na qual nós acessamos bancos de dados na nuvem, para encontrar e analisar informações.
Na Sociedade 5.0, esses dados acumulados no ciberespaço são analisados por uma Inteligência Artificial, o que resulta em diversas formas de interação com os humanos no espaço físico. Pessoas, objetos e sistemas são conectados para otimizar os resultados e produzir valores que, antes, não eram possíveis obter.
Vejamos alguns exemplos: drones – os veículos aéreos não tripulados devem ser cada vez mais usados na entrega de mercadorias e no atendimento a desastres. Através de Internet das Coisas e Inteligência Artificial, as casas passarão a ser mais conectadas, eficientes e confortáveis.
Na medicina e enfermagem, robôs erram menos e serão fundamentais para encarar o desafio do envelhecimento da população.
Os robôs também assumirão trabalhos pesados (na agricultura, construção e limpeza), eliminando a necessidade de humanos ocupando essas posições desgastantes e degradantes. Soluções da computação em nuvem vão beneficiar pequenas e médias empresas, assim como empreendedores individuais, que terão gestão mais profissional e eficiente.
Principais tecnologias relacionadas à Sociedade 5.0
Energias renováveis: para que as máquinas e robôs funcionem, é preciso uma nova maneira de gerar energia. A diferença é que, na Sociedade 5.0, não serão utilizados recursos energéticos finitos, como petróleo e carvão, mas sim renováveis, como o sol e o vento.
Inteligência Artificial: é a capacidade de máquinas e sistemas tomarem decisões sem a interferência humana. Outra tecnologia, o Machine Learning, permite às máquinas aprenderem com a experiência adquirida.
Robótica: robôs com Inteligência Artificial e Machine Learning tomarão conta dos serviços pesados na agricultura, limpeza e outros ramos, diminuindo os acidentes de trabalho.
Internet das Coisas: também conhecida pela sigla IoT (Internet of Things), é a tecnologia que permite que objetos (como eletrodomésticos) estejam conectados à rede e funcionem de maneira mais eficiente por meio da coleta e interpretação de dados.
Computação em nuvem: com essa tecnologia e graças ao aumento na velocidade de conexão, sistemas complexos podem ser executados em hardwares cada vez menores.
Veículos autônomos: para que os veículos (de transporte de pessoas e cargas) funcionem sem piloto, eles utilizam várias tecnologias de que falamos aqui: Inteligência Artificial, Internet das Coisas, computação em nuvem e energias renováveis.
Principais desafios da Sociedade 5.0
Além dos desafios sociais que a Sociedade 5.0 promete ajudar a resolver, quais são os principais obstáculos para a implementação desse modelo proposto pelos japoneses? As maiores dificuldades não serão técnicas.
Várias das tecnologias da Sociedade 5.0 já foram desenvolvidas ou estão em estágio avançado de desenvolvimento. A que será mais importante é a evolução da mentalidade individualista que prepondera na sociedade atual para um pensamento de colaboração, cocriação e busca do bem comum.
Atualmente, boa parte das empresas de tecnologia ainda colocam o lucro em primeiro lugar na lista de prioridades. É uma realidade que, aos poucos, está mudando.
No Vale do Silício, têm conquistado mais espaço as startups com forte propósito social, de construir uma sociedade melhor e preservar o meio ambiente. Esses empreendedores sabem, afinal, que o bem-estar geral da população é um indicador positivo também para os negócios.
Mas não devem ser somente as empresas a se preocuparem com o desenvolvimento da sociedade 5.0. É necessário o envolvimento e a liderança do Estado, melhorando suas práticas de gestão pública, planejando a integração das tecnologias e criando novas legislações para uma transição segura à era da sociedade super inteligente.
Por último, nós, enquanto cidadãos, também devemos se engajar no projeto, compreendendo e apoiando essa nova mentalidade.
Nota: Agradeço a LinkLab e Engine. Textos também disponíveis nos sites https://linklab.acate.com.br/ e https://www.enginebr.com.br/
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Cristian Machado de Almeida
Formado em Engenharia de Produção e Pós graduação em Indústria 4.0. Atualmente trabalhando na Nova Fase Tecnologia como Industrial Business Development, Membro do Grupo de Estudos de Direito Digital e Compliance na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo - FIESP e Representante Comercial do Festival Internacional de Tecnologia e Comunicação.