Não faz muito tempo. No início desse século, o termo “economia colaborativa” ainda nem existia. Mais precisamente em 2.008 e 2.009 começa-se a falar em economia colaborativa. E, hoje, esse movimento sai da lista de tendências para inspirar o modelo de negócios de muitas empresas.
A velocidade de absorção do mercado é tão alta que, enquanto muitos teóricos procuram definições mais apuradas para diferenciar o que é economia compartilhada, colaborativa, sob demanda e até economia das pessoas, os empreendedores já enxergam essa realidade, e criam negócios cada vez mais conectados com o espírito do nosso tempo.
Segundo
Rachel Botsman Rachel, autora do livro What’s
Mine is Yours: How Collaborative Consumption Is Changing The Way We Live, “diz que um negócio da economia colaborativa é
criado a partir de um sistema econômico de redes e mercados descentralizados
que combina necessidades e posses, ignorando os intermediários tradicionais. Na
prática, são negócios como o Etsy, um site conecta diretamente vendedores a
compradores de produtos artesanais; e o Kickstarter, que usa o poder coletivo
de financiamento (crowdfunding) para lançar projetos inovadores. ”
Ainda conforme
o Sebrae “Economia Colaborativa: a tendência
que está mudando o mercado. ”
Repensando os formatos
A cadeia de valor da Economia Colaborativa mostra como empresas
podem repensar seus modelos de negócios tornando-se “Prestadoras de Serviços”,
“Fomentadoras de Mercado” ou “Provedoras de Plataformas”. As empresas com visão
de futuro empregam um modelo, enquanto as mais inovadoras empregam todos os
três, com a corporação no centro, abandonando assim a fórmula de preço, praça,
produto e promoção.
Compartilhar sim, centralizar não
No coração da economia colaborativa estão empresas e projetos que surgiram a partir de variações do compartilhamento pessoa-para-pessoa (peer-to-peer), o chamado consumo colaborativo. Carros, alimentos, serviços, motos, moradia, informação, tecnologia, entre outros bens, podem ser compartilhados. Agregar valor em cada nível gera retorno, uma vez que os modelos representam um aumento na maturidade, exigem investimentos e resultam em benefícios para cada nível.
Esse conceito tem se provado um movimento duradouro, abrangente e
revolucionário. Grandes corporações já passaram a adotar estratégias baseadas
no compartilhamento em seus principais negócios, como a Toyota, ao alugar
carros de concessionárias selecionadas e o Citibank, ao patrocinar um programa
de compartilhamento de bicicletas na cidade de Nova York, como já ocorre no
Brasil.
Os pilares do sucesso
A Economia Colaborativa é fruto da união de três pontos de sucesso
que fazem o conceito cada vez mais atrativo a partir da evolução ampla da
sociedade: Social, com destaque para o aumento da densidade populacional,
avanço para a Sustentabilidade, desejo de comunidade e abordagem mais
altruísta; Econômico, focado em monetização do estoque em excesso ou ocioso,
aumento da flexibilidade financeira, preferência por acesso ao invés de
aquisição, e abundância de capital de risco; e Tecnológico, beneficiado pelas
redes sociais, dispositivos e plataformas móveis, além de sistemas de
pagamento.
Hora da decisão, tempo de mudar
Para pegar carona nos novos caminhos que as forças de mercado vêm
traçando, as empresas devem repensar seus modelos de negócios e incorporar um
ou mais dos três modelos colaborativos já citados: “Prestadoras de Serviços”,
“Fomentadoras de Mercado” ou “Provedoras de Plataformas”. Ao fazê-lo, elas vão
evoluir ao lado de seus clientes.
Tenho afirmado que o capitalismo é um modelo desgastado e
superado, principalmente depois dos anos 2.006, 2.007 e 2.008, crise Sub prime
dos Estados Unidos que atingiu de forma mais ou menos intensa todos países do
mundo. Para ter uma ideia melhor o que eu estou falando, recomendo assistir o
filme “A Grande Aposta.”
Alguns exemplos de Economia colaborativa:
Uber
Este é provavelmente o exemplo
mais famoso (e polêmico) de colaborativa. O Uber chegou para revolucionar todo
o mercado de mobilidade, apesar de não ser o único deste segmento. Esta é uma
plataforma na qual o usuário pode oferecer um serviço básico de transporte a um
preço mais acessível do que os de táxis, sendo mais confortável do que meios de
transporte público. O sucesso, como todos sabemos, é inegável.
Kickstarter
O crowdfunding é um dos melhores
exemplos de economia colaborativa. Quando você precisa de ajuda para conseguir
capital para algum projeto, mas não sabe onde obtê-lo, você decide engavetá-lo?
Não mais! O Kickstarter é a maior plataforma de crowdfunding do mundo,
conectando projetos e financiadores sem barreiras geográficas. Você apresenta
sua ideia, estabelece uma meta de quanto dinheiro precisa e divulga o máximo
que puder. No geral, são pessoas físicas que colaboram com as iniciativas.
Airbnb
Quem gosta de viajar provavelmente
agradece diariamente pela existência do Airbnb. Hotéis e pousadas costumam ser
razoavelmente caros para turistas, mas é bem mais barato buscar estadia na casa
de alguém. Então, se você tem um quarto sobrando, pode ganhar uma fonte de
renda extra cadastrando-o no Airbnb e recebendo hóspedes de todos os lugares.
Os viajantes pagam menos e os anfitriões recebem: a conta perfeita.
Wikipedia
Sim, o site com o qual você está
acostumado há tantos anos também é um exemplo de economia colaborativa. Assim
como as outras wiki desenvolvidas ao longo dos anos, a Wikipedia é feita com o
conhecimento geral de milhares de colaboradores. A comunidade que produz e
edita o conteúdo do site é tão extensa que se tornou uma referência óbvia
(ainda que controversa) de pesquisa.
Freecycle
Doação é a palavra-chave na
Freecycle, que está espalhada pelo mundo todo. Basta você se unir a um dos
fóruns locais e começar a doar e receber itens dos mais diversos, desde roupas
até móveis. É uma colaboração que ajuda um lado a se livrar de objetos não
desejados e o outro a adquirir coisas novas gratuitamente.
Cooperativismo de Crédito
As
primeiras cooperativas de crédito tiveram Franz Herman
Schulze como seu precursor, com a criação da
primeira cooperativa de crédito urbana no
ano de 1852, na cidade alemã de Delitzsch. Originaram-se desse movimento
os Volksbank (banco do povo), voltados para as necessidades
dos proprietários de pequenas empresas (comerciantes e artesãos),
com grande adesão da população urbana, chegando a 183 cooperativas já
em 1859, com 18.000 membros na Pomerânia e Saxônia. Tais
cooperativas seguiam o modelo que passou a ser denominado Schulze-Delitzsch.
SCHULZE-DELITZSCH
As cooperativas de crédito Schulze-Delitzsch
surgiram por volta do ano 1849. Foram idealizadas por Hermann Schulze
(1808-1883), magistrado nascido em Delitzsch, que fundou bancos populares entre
os artesãos e foi o autor do projeto que serviu de base à elaboração do
primeiro Código Cooperativo, promulgado em 27 de março de 1867, na Alemanha.
Schulze entendia que a associação é o
meio encontrado pela sociedade para atuar de forma eficaz em setores que o
Estado não consegue atingir.
As principais características do modelo
por ele idealizado podem ser resumidas nos seguintes pontos:
- o capital da sociedade é constituído através de quotas-partes
integralizadas pelos associados, adotam o princípio de self-help;
- há a constituição de fundo de reserva geralmente limitado a dez por
cento do capital subscrito;
- distribuição dos ganhos entre os sócios sob a forma de dividendo;
- responsabilidade solidária e ilimitada dos sócios pelos negócios da
entidade.
- Não é associação classista, sendo permitida a participação de todas
as categorias econômicas, todavia, dirige-se mais especificamente à classe
média urbana;
Cooperativismo de Crédito no Brasil
1902 – Tudo começou em 1902,
no Rio Grande do Sul, sob a inspiração do Padre Jesuíta Theodor Amstadt que,
conhecedor da experiência alemã do modelo de Friedrich Wilhelm
Raiffeisen (1818-1888), para aqui a transplantou, com enorme sucesso. Foi criada em Linha
Imperial, distrito de Nova Petrópolis/RS, a 1ª Cooperativa de Crédito da
América Latina, a SICREDI
Pioneira RS, atualmente uma das maiores do país e na época denominada “Caixa de Economia e Empréstimos
Amstad“.
Esse
modelo aplicava-se, preferencialmente, junto a pequenas comunidades rurais ou
pequenas vilas. Fundamentava-se na honestidade de seus cooperados e atuava
basicamente junto aos pequenos produtores rurais. Não dava importância ao
capital dos cooperados.
O Cooperativismo de
Crédito é evoluído hoje no Brasil, principalmente nos três
estados do sul, proporcionando inúmeros benefícios à sociedade, dos quais
destaco: a distribuição de renda, inclusão social, sua pratica promove o
desenvolvimento econômico e social das pessoas, possui ações fortes na Educação
perante a comunidade na qual está inserida, utilizando para isso recursos
do FATES, oriundo das sobras e por fim se torna um grande elemento de
equilíbrio entre o Capitalismo e o Socialismo.
Entendo,
que no mundo o precursor da Economia Colaborativa é
o Cooperativismo de Crédito.
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Horst Schroeder
Empresário, economista, Professor titular da Univille e palestrante sobre Cenários Econômicos.