A usinagem de cantos, nas operações de desbaste ou mesmo nas operações de acabamento, é sempre um desafio, pois é comum o surgimento de vibrações que irão comprometer a qualidade da superfície usinada e também a produtividade, ou seja, o tempo de execução da tarefa.
Com a aplicação das técnicas corretas, seleção de ferramentas e definição de parâmetros de corte, a usinagem de cantos torna-se uma operação fácil de ser realizada.
Leia também:
Seis processos de usinagem que (talvez) você não conheça
Usinagem: o que é e qual a importância desse processo?
Os mitos da refrigeração nos processos de usinagem
O que isso significa na prática?
Na abertura de cavidades ou bolsões, quanto maior for o diâmetro da fresa utilizada para o desbaste e menores forem os raios de canto finais dessa cavidade, mais material teremos para remover nos cantos.
A técnica de fresamento em mergulho pode ser uma técnica produtiva para a remoção do excesso de material.
Depois entramos com técnicas de retoque, ou rest milling no termo em inglês, para o acabamento final.
Uma das técnicas para realizar o retoque final dos cantos é o fatiamento, ou slicing em inglês, que recebe esse nome por remover pequenas porções de material remanescentes nos cantos e na área de parede próxima a eles. A outra técnica para a operação de retoque é o fresamento trocoidal, que daremos mais detalhes.
Essas duas técnicas de fresamento foram originalmente desenvolvidas para o desbaste e o semidesbaste de materiais difíceis, como aços duros, ISO H, e materiais resistentes ao calor, ISO S. Porém, também podem ser usados em outros materiais, especialmente em aplicações sensíveis às vibrações.
A técnica
Ambos os métodos estão baseados em pequena profundidade de
corte radial, ae, que garante que apenas um dente da fresa estará em contato
por vez no material. Isso gera menor força de corte resultando em menor
tendência a vibrações. Outro fator positivo é a possibilidade de trabalharmos
com grandes profundidades de corte axiais, ap.
A pequena profundidade de corte radial ainda gera pouco
calor na zona de corte, o que possibilita o aumento da velocidade de corte e
também uma espessura máxima de cavacos, hex, pequena, que nos permite o aumento
considerável da taxa de avanço, resultando em maior produtividade e menores
tempos para a execução da tarefa.
A escolha da ferramenta
A ferramenta mais utilizada nas operações de fatiamento e
fresamento trocoidal são as fresas sólidas de metal duro, devido à
disponibilidade de pequenos diâmetros e à sua grande capacidade de profundidade
de corte axial, ap, mas quando o desenho do produto requer profundidades
menores, as fresas a 90° com pastilhas intercambiáveis ou mesmo as sólidas com
acoplamentos roscados são alternativas mais viáveis.
Para grandes profundidades axiais, onde as exigências de
acabamento superficial nas paredes não são tão elevadas e/ou marcas de usinagem
são permitidas, as fresas com pastilhas intercambiáveis de aresta longa,
chamadas de long edge, também podem ser utilizadas.
Fresamento trocoidal
O fresamento trocoidal pode ser definido como uma operação
de fresamento circular que inclui movimentos simultâneos de deslocamento à
frente. A fresa remove “fatias” repetidas de materiais em uma sequência de
percursos espirais contínuos da ferramenta no sentido radial. Isso demanda uma
programação especializada, facilitada pelo uso de softwares de programação CAM,
além de recursos da máquina-ferramenta para realizar a operação. Alguns benefícios
desse método são:
O arco de contato controlado gera baixas forças de corte
permitindo altas profundidades de corte axiais, ap.
Todo o comprimento da aresta de corte é utilizado,
garantindo que o calor e o desgaste sejam uniformes e se dissipem, resultando
em maior vida útil da ferramenta.
Devido ao arco de contato pequeno, são utilizadas
ferramentas multidentes, o que permite altos avanços da mesa.
Como aplicar
O fatiamento, assim como o fresamento trocoidal, usa alta
velocidade de corte, vc, e alta profundidade de corte axial, ap, mas com
contatos radiais pequenos, ae, e também baixo avanço por dente, fz.
Para o fresamento trocoidal, o ap máximo deve ficar dentro
de 2xDc e a velocidade de corte,vc, pode ser até 10 vezes maior que a
velocidade aplicada no fresamento convencional.
Definição de parâmetros
Diâmetro máximo da fresa Dc = 70% da largura do canal
Passo de deslocamento w = Máximo 10% de Dc
Profundidade radial ae = 20% de Dc
Profundidade axial ap = até 2xDc
Definições para fresamento trocoidal
Definições para fresamento trocoidal
Nossas dicas
Use o fresamento em mergulho para remover o excesso de
material deixado nos cantos de cavidades.
Remova o material remanescente com técnicas de retoque.
Use fresas a 90° com pastilhas intercambiáveis ou fresas
sólidas de topo.
Use fresas com diâmetro máximo de 1,75 vezes o raio de canto
a ser usinado.
Copie / interpole o raio de canto.
Em comparação aos métodos tradicionais, o fresamento
trocoidal trabalha com velocidades de corte mais altas.
Calcule a taxa de avanço com base na espessura máxima de
cavacos, hex, recomendada para a geometria da ferramenta.
Tags
Sandvik Usinagem FerramentariaCompartilhe
Sandvik Coromant
Sandvik Coromant Parte do grupo de engenharia industrial global Sandvik, a Sandvik Coromant está na vanguarda no que se refere a ferramentas para manufatura, soluções de usinagem e conhecimento que impulsionam o desenvolvimento de padrões e inovações exigidos pela indústria metalmecânica, tanto hoje quanto para a próxima era industrial. Suporte educacional, amplo investimento em P&D e sólidas parcerias com os clientes garantem o desenvolvimento de tecnologias de usinagem que mudam, lideram e direcionam o futuro da manufatura.