A voz é a ferramenta de
comunicação mais primária e mais imediata de que dispomos para interagir na
sociedade, pois ela não requer qualquer acessório nem mecanismo especial para
ser utilizada.
É um elemento de fundamental importância, porque por meio dela observamos as emoções, intenções, sensações, cansaço, falsidade, estado de humor, entre tantos outros aspectos de quem está comunicando.
E se a voz é capaz de transmitir e indicar todas estas
características do indivíduo, você já parou para pensar o quanto a voz interfere
de modo decisivo na eficácia de nossa comunicação pessoal, social e profissional?
A voz tem uma força incrível, sendo
um dos instrumentos de influência mais eficazes nas comunicações humanas.
Conhecer a própria voz é uma ferramenta para atingir o sucesso, causar boa
impressão, elevar sua reputação, seduzir, vender, liderar, gerar impacto e
aumentar sua influência. Dominar o uso de sua voz permite-lhe trazer
à tona o bom dos outros e o melhor de você.
Não importa o quanto atraímos as pessoas, podemos destruir facilmente a imagem que nos esforçamos para projetar no momento em que abrimos a boca. Pois somos julgados não apenas pela aparência ou atitude, mas pelo que dizemos e, talvez mais ainda, como dizemos. Nossas vozes são únicas como nossas impressões digitais.
Podem fazer com que a
mensagem mais elegantemente construída perca toda a beleza, como podem realçar a
afirmação mais simples. E, mais que as palavras, refletem nossos mais
profundos pensamentos e emoções. Já diz o adágio popular, “a boca fala do
que o coração está cheio.”
Em ano eleitoral e principalmente nos meses que antecedem o dia das eleições, temos exemplos diários de como jamais conduzir um discurso, candidatos despreparados de conteúdo, postura, vocabulário, um verdadeiro show de horror.
E também podemos observar aqueles que pela sua voz, propostas, palavras bem colocadas conseguem a atenção dos eleitores, transmitem confiança e com isso conseguem ser lembrados no momento do voto...
Assim também é o
dia-a-dia corporativo, mudando apenas o “cenário”, pois falar em público é
essencial a quem deseja buscar uma projeção influente, e não é fácil! Por isso
tem tanta gente que trava nesta habilidade tão essencial as nossas profissões,
a nossa autoestima, e a própria existência.
Nossas vozes traçam vívidos perfis de personalidade, que afetam o
modo pelo qual as pessoas nos percebem. Podem ser importantes trunfos, ou
obstáculos intransponíveis, fazendo com que sejamos apreciados ou não, respeitados
ou ignorados, que vençamos ou não uma eleição, sejamos ouvidos, compreendidos e
apreciados, ou simplesmente ignorados, incompreendidos e evitados.
Qual é a sua imagem local?
Uma voz bem empregada é natural, macia e clara. É fácil
de compreender e ouve-se com prazer. Uma voz carismática é expressiva
e confiante, chama atenção para seu dono e para o conteúdo que
está dizendo, mais que sobre si mesma.
Você em algum momento de sua vida ou carreira examinou sua voz?
Realizou algum exercício ou reflexão sobre a imagem vocal que você transmite?
Observe estas perguntas que podem lhe auxiliar nesta avaliação:
1. Você fala com confiança, murmura,
fala muito baixo ou fala de forma hesitante?
2. A qualidade de sua voz é
agradável de se ouvir ou é
lamurienta, áspera, ofegante, nasalada, esganiçada ou
rascante?
3. É monótona ou
interessante? Possui variação de tom, velocidade e timbre?
4. Acrescenta ou diminui à
sua aparência visual?
5. É uma voz que te
agrada ouvir?
6.
Projeta a imagem que você deseja?
Grave várias de suas conversas, analise as mensagens que transmite, avalie suas características vocais. Pode ser mais fácil ouvir suas ligações, embora nossas vozes ao telefone tenham timbres diferentes de nossas vozes ao vivo.
Parte das características vocais são devidas à nossa anatomia,
região onde nascemos (sotaque), mas parte significativa é aprendida pela
imitação de outras pessoas, nossa autoimagem e nossos hábitos. E se os hábitos
podem ser modificados, vale a pena uma auto avaliação de sua imagem vocal.
É aconselhável observar os outros quando estiver tentando melhorar sua voz, exatamente como ao tentar mudar sua linguagem corporal. Ouça particularmente as que conquistam e retêm sua atenção quando falam.
Observe as qualidades que as tornam especiais, fique atento aos elementos
que compõem as grandes vozes, e por que elas tocam e influenciam seus
piores ou melhores sentimentos.
Ritmo, Articulação e Volume
Escolha uma história escrita e familiarize-se com ela, lendo-a em voz
alta. Depois leia-a com um gravador. Repasse a gravação, analisando
a sua emissão, todos os elementos do conteúdo que você gravou, e coloque-se perguntas
como: Meu discurso é facilmente compreensível? O sentido
está claro? A minha velocidade e ritmo dão tempo aos ouvintes para
visualizarem o que descrevi? Uso pausas e variações de volume para
ênfase e para acrescentar interesse? O volume geral é confortável de se
ouvir? Transmito confiança?
Escute com franca atenção e decida o que poderia fazer para melhorar o
impacto e sua total influência. Pratique as mudanças desejáveis e
grave outra vez. Avalie seu progresso. Incorpore o que
aprendeu em seus diálogos diários. Lembre-se: mudar
hábitos requer prática frequente, muita força de vontade, autocrítica e
persistência.
Expressividade
Indivíduos carismáticos tem vozes expressivas fascinantes de se ouvir, mesmo quando o que dizem não é inteligente ou profundo. Suas vozes são um veículo que usam para partilharem suas reações emocionais com o mundo que experimentam na sua totalidade. A expressão livre e plena confere vida às palavras, envolvendo os outros. Cativam a imaginação, aquecem o coração e tocam a essência das pessoas.
Para ser expressiva, uma pessoa deve estar disposta a expor emoções
profundas ao escrutínio de outras pessoas. Aqueles que têm uma tendência a
reterem os sentimentos quando falam, estão mais preocupados em causar uma boa
impressão, de modo que a espontaneidade e expressividade são abafadas; no
entanto, ironicamente, a melhor impressão é causada por aqueles que são sinceros, verdadeiros, espontâneos,
calorosos e expressivos.
A melhor maneira de sentir-se mais à vontade sendo expressivo é praticar. É eficaz ler uma história curta, carregada de emoção, em voz alta, ao gravador. Então imagine-se como o ator/atriz numa peça, retratando uma pessoa forte, autoconfiante. Leia a história novamente ao gravador, mas desta vez faça-o como o faria o personagem da peça.
Se você realmente se identificar com o papel, notará um aumento de sentimentos em sua voz comparada à da primeira leitura. Agora tente novamente, lendo a história como você a relataria a seus amigos se fosse verdadeira. Compare essa leitura com a primeira. Ficou mais expressiva? Pense em você mesmo como sendo expressivo e tente agir como se estivesse conversando com as pessoas.
Quanto mais o fizer,
tanto mais natural irá ficando. Você se sentirá melhor e
partilhará mais o você verdadeiro com as pessoas, sem os empecilhos das antigas
inibições.
Quando falamos de expressividade, estamos pensando em um conjunto
de elementos: a intensidade da voz, a entoação (como a variação melódica, as
pausas e ênfases, o ritmo, os momentos de respiração), a dicção. Estes são os
mais importantes e cada um deles exerce um papel diferente que combinados geram
um resultado único.
Tom
O tom da sua voz acrescenta uma carga emocional a tudo que você diz. Indica a sua atitude em relação ao que você está dizendo, às pessoas com quem você está conversando e a você mesmo.
Independentemente
das palavras de alguém, muitos sentimentos ficam logo aparentes; por
exemplo: sexualidade, irritação, desilusão amistosidade, confiança, simpatia,
antipatia, animosidade, apatia, vivacidade e calor. Considere que qualidades
podem ser evidentes na sua voz usual.
Por estas você será julgado e as pessoas reagirão a
elas. Usar um tom confiante faz você se sentir mais confiante;
um tom calmo, mais relaxado; um tom caloroso, mais amigável. Mudar sua voz pode
ser um instrumento importante na melhoria de sua personalidade, sua autoestima,
sua autoimagem e principalmente sua influência.
Como influenciar as atitudes de outras pessoas com a sua voz
Seu tom de voz pode diminuir as emoções negativas de outras pessoas e
aumentar as positivas. Há dois fatos que tornam isso possível:
1. As pessoas tendem
automaticamente a imitar as vozes que ouvem
Pense nisso. Quando você sussurra ou eleva a sua
voz, os outros não sussurram ou elevam a voz também? E as
pessoas não adquirem facilmente características tais como o sotaque, e
falam mais rápido ou mais devagar dependendo da velocidade do discurso da
pessoa com quem estão falando? O tom emocional também é imitado. Uma
voz zangada convida a raiva e a fúria de outra pessoa. A
amistosidade solicita a amistosidade e gentileza, e calor é respondido com
calor humano e os melhores sentimentos das pessoas.
2. Os sentimentos de uma
pessoa podem ser afetados pela voz que usa.
Pessoas geralmente experimentam a emoção que suas vozes exprimem. Conseguir
que alguém imite sua voz positiva pode modificar o sentimento dessa
pessoa. Escolhendo o tom adequado, você pode difundir hostilidade, acalmar
a irritação, promover a amizade, pacificar a insatisfação, elevar o entusiasmo,
e principalmente influenciar e aumentar a felicidade dessa pessoa através de
estados e emoções favoráveis.
Pratique ouvir o sentimento implícito do que as pessoas
falam. Depois altere sua voz para preencher suas
necessidades. Como você pode saber que tom funciona melhor?
Faça-o usando aquele que reflita a atitude que você desejaria que a outra
pessoa adotasse.
Em uma consultoria recente que executei, empresa gigante da
indústria plástica da cidade de Joinville, tive o prazer de aplicar este
trabalho com a equipe de telemarketing (funcionários internos), e equipe
externa de vendedores, e fizemos a seguinte experiência:
Trouxemos o time das vendas externas para vivenciarem e “sentirem” as dificuldades da equipe de telemarketing em vender na base de clientes. Primeiro, os vendedores acompanharam diversas ligações, buscando entender casos reais e práticos, diferentes situações do cotidiano para estarem contextualizados da atividade e como é executada.
Com base nesta vivência, tivemos diversos encontros para troca de experiências entre as equipes, para que o time de vendas externo contribuísse com seu relato e conhecimento de como tratam situações semelhantes quando a negociação ocorre de forma presencial, olho no olho e sendo possível observar a comunicação não verbal.
Essa experiência agregou bagagem e conhecimento ao time do telemarketing, enriquecendo suas habilidades na identificação das emoções expressas pelos tons vocais dos usuários e clientes do outro lado da linha. Evoluiu a capacidade de identificação de novas situações e como responder de forma a obter melhores resultados.
Sabemos que pelo telefone na maioria das vezes
conseguimos determinar se a pessoa do outro lado está sorrindo, está nervosa,
entusiasmada, entediada, mas o relato do time externo ao telemarketing trouxe
maior nitidez e clareza na identificação destas emoções, pois uma vivência da
situação ajuda a tornar mais real a imagem que projetamos e que buscamos ter
empatia.
O resultado este trabalho foi fantástico. Em primeiro lugar times integrados e engajados, cada um percebendo que existe espaço e oportunidade para todos, que não é necessário medir forçar, mas uni-las.
Time de
telemarketing mais preparado, aumentando as vendas ativas em mais de 30% no
trimestre seguinte. Time de vendas externas mais motivado, entendendo que
possuem diferencial com o fato de conversarem pessoalmente com os clientes e
que sua experiência de campo é rica e possui enorme valor.
Um aspecto bem importante desta consultoria também foi a valorização da atividade do telemarketing. Infelizmente temos e cada um conhece pelo menos um exemplo de atendimento que classificaria como péssimo, gerando descrédito para a empresa e para a profissão.
Mas assim como temos exemplos negativos, reforçamos que antes da invenção da televisão, as pessoas tinham acesso às notícias apenas por meios impressos e pelo rádio. O interlocutor não era visto pelo público e isso dava asas à imaginação do ouvinte, que criava uma imagem mental de como seria, fisicamente, o dono da voz.
Mesmo nos dias de hoje isso ainda ocorre com o
telemarketing, e por isso, muitos profissionais tendem a trabalhar maneiras de
dar particularidades a seu atendimento, criando fidelização com quem está do
outro lado da linha. A voz caracteriza o atendente e gera empatia com quem o
escuta, que gosta daquela voz, daquela entonação e cria um vínculo sem precisar
do visual.
Essa habilidade de influenciar as emoções das pessoas é inestimável
numa variedade de situações. Você também pode desenvolvê-la,
aprendendo e usando três leis básicas da conversão vocal:
a) Imitar e fazer a calibragem do tom de
voz da outra pessoa, isso reforça a qualidade do que estiver transmitindo;
b) Igualar e elevar o tom de voz da outra
pessoa aumenta a qualidade do que estiver transmitindo;
c) Usar o tom de voz oposto ao da outra
pessoa reduz a qualidade do que estiver transmitindo, ou traz à tona a
qualidade oposta.
SUA NOVA VOZ, SUA NOVA
PERSONALIDADE, SUA AUTOIMAGEM PROJETADA NO PRAZER DA FALA
Quando você se livrar do stress criado por temer o que os outros pensam, a beleza de sua voz natural será libertada.
Quando você a desenvolver corretamente e a tornar coerente com sua personalidade, projetará uma imagem vocal positiva e poderosa, e obterá um bom feedback de outras pessoas, melhorando a sua autoimagem, sua autoestima, sua autoconfiança e sua. Imitar a pessoa que você deseja tornar-se irá ajudá-lo a se transformar nessa pessoa tão especial. EU ACREDITO EM VOCÊ!
Conhecer sua voz é como conhecer os limites do seu corpo. Atletas fazem disso uma atividade constante, buscando sempre saber onde precisam aprimorar ou cuidar.
Fazer uma análise
crítica da sua qualidade e potencialidade vocal é um passo importante para
otimizar o modo como você se comunica e pode obter cada vez melhores resultados.
“Eu nasci com essa voz e
não consigo mudar”, “falo igual ao meu pai, não tem jeito”, “Esse jeito de
falar é de família, todos são iguais”… será que isso é verdade para todos os
casos e pessoas? De fato, temos uma voz determinada pela genética, pela cultura
e histórico social. Mas o sistema que produz a voz é bastante plástico,
maleável, e mudanças são sempre possíveis, respeitando os limites de cada um.
A voz é um cartão de visitas e ela é capaz de dizer muito sobre quem fala e sobre a empresa de quem fala. Também nas organizações, a voz é elemento de comunicação interpessoal essencial.
Capacitar os colaboradores para que tenham mais domínio sobre os
parâmetros vocais é uma forma de aperfeiçoar sua relação com o cliente externo,
melhorar os relacionamentos corporativos, deixar clara a comunicação nas
lideranças, além de ajudar a criar uma marca cada vez mais forte.
Tenham um excelente dia hoje é sempre, pois o mercado é do tamanho da
sua capacidade, influência e imaginação.
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gestão comunicação voz influência negociaçãoCompartilhe
Paulo César Silveira
Conferencista com mais de 2500 palestras em seus 21 anos de carreira, nas áreas corportamental, liderança, vendas consultivas, negociação, vendas técnicas e comunicação com base em influência. Foi contratado por mais de 200 empresas das 500 melhores empresas eleitas pela Revista Exame. Professor convidado da FGV/SP, FIA FEA/USP, UDESC e UFRGS. Consultor, empreendedor e articulista com mais de 900 artigos editados. Autor de 26 livros, destacando-se os best-sellers: A LÓGICA DA VENDA, ATITUDE – A Virtude dos Vencedores e o VENDA SUSTENTÁVEL – A Lógica da NEGOCIAÇÃO lidos por mais de 4,8 milhões de leitores. Está revolucionando o mercado com novas formas de pensar e treinar equipes comerciais, com formatos disruptivos e inovadores, trazendo resultados nunca antes alcançados! Sua experiência e conhecimento são amplamente compartilhados em livros e artigos. Esses não só fizeram sucesso entre os mercados corporativos, como também despontaram em vendas para o público geral, tornando alguns dos seus títulos como os mais aplicáveis e vendidos do segmento. Sendo ainda Mentor e líder do Projeto Liderança Made in Brazil.