Competência feminina na ferramentaria

Piloto de avião, bombeiro, mecânico, ferramenteiro. O que vem a sua cabeça são homens ocupando essas funções? 

Dados de um estudo realizado pelo Banco Mundial, o “Mulheres, Empresas e Direito 2018”, apontam que mais de 2,7 bilhões de mulheres no mundo enfrentam restrições legais na escolha de suas atividades profissionais. 

O relatório estudou 189 economias e mostra que em 104 delas, mulheres são impedidas de trabalhar à noite ou em algumas áreas como construção, energia, água e transportes. 

Ainda que a grande maioria tenha leis que impedem a discriminação no trabalho com base no gênero, apenas 76 aplicam remuneração igual para homens e mulheres que ocupem a mesma função. 

Apesar de muitos dados ainda serem negativos, essas cinco mulheres provam que a paixão por uma profissão considerada “masculina”, vence o preconceito. Elas seguirem seus planos, seus sonhos em busca de realização profissional.


Autodidata que conquistou seu espaço 

Patrícia Paiva tem 38 anos de idade. Começou a trabalhar aos 16 anos, como auxiliar de produção na empresa IABV, em Mandaguari-PR, empresa que produz peças automotivas de borrachas.

“Na época, dava acabamentos no esmeril. Logo passei para o setor de expedição, onde fiquei por três anos”, aborda. A empresa começou a trabalhar com peças de metais, abriram um setor de usinagem, onde ela passou a trabalhar. “Fazia serviços gerais, principalmente na furadeira. Eu ficava ao lado do centro de usinagem e sempre de olho nos procedimentos, pois achava muito interessante aquela máquina.



 

Em um certo dia seu chefe pediu para pôr um bloco na máquina e prender. “Fiz como ele disse e logo depois pediu para alinhar o mesmo. Fiz um pouco assustada, mas com vontade de aprender, demorei, mas consegui. Depois desse dia nunca mais sai da máquina. “Peguei o manual da máquina e comecei a estudar, além de pegar algumas dicas com meu chefe. Quando tinha oportunidade copiava programas que ele tinha feito e alterava, depois simulava para ver o que tinha dado. Com o tempo comecei a programar o centro de usinagem para fazer as peças da produção e às vezes nos tornos CNC, mas só operando”, relembra. 

A empresa cresceu, compraram mais máquinas e também um centro de usinagem horizontal de quatro eixos. “Como eu já programava no vertical tive um treinamento de três dias e comecei a programar e operar horizontal também. Como a demanda de peças aumentaram foram contratados operadores e eu passe a só programar e cuidar da produção”, aborda. 

Patrícia destaca que no início da sua carreira profissional fazia de tudo e teve preconceito por ser mulher. “Foi bem complicado o aprendizado por eu não ter cursos. Fui aprendendo aos poucos, fiquei trabalhando por 11 anos na IABV, quando resolvi sair. Quatro dias depois já estava trabalhando em uma empresa de Maringá-PR Foi contratada como programadora de centro de usinagem. “No dia que fui conhecer a empresa, como só trabalhavam homens, o comentário foi que eu iria trabalhar na limpeza ou no escritório. Aí veio o preconceito”, relembra. 

Ela começou a trabalhar para programar e operar o centro de usinagem para fabricação de peças automotivas. Com apenas três meses, após a saída do líder do turno da manhã que programava os tornos CNC, recebeu a proposta de que cuidasse do setor. “Indaguei o fato de programar centro de usinagem no torno e ouvi: se você programa uma máquina com quatro eixos, com dois vai ser moleza. Como sempre aceitei desafios e não podia perder essa oportunidade. Tive que ler manuais, pesquisar e absorver todas as informações que me passavam”, explica. 

Ela reconhece que no começo foi muito difícil, “Mas não desisto fácil, passeia programar e cuidar do setor de usinagem, programando sete máquinas CNC, também furadeiras, retifica e máquina de indução e serra”, comenta. Patrícia passou por aperfeiçoamento em cursos de empilhadeira e ponte rolante. 

Nesta empresa, foram mais 10 anos de trabalho, até fevereiro de 2018 e, em menos de 15 dias, estava na Flaus, empresa de Sarandi-PR, seu atual local de trabalho. “Fui recebida muito bem, porém novamente questionada por ser mulher programando máquinas CNC. Entrei para fazer matrizes e moldes para a ferramentaria. Também programo os tornos CNC para produção de peças para caminhonetes”, explica.

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- Namorando

- Filha: Vitória Eduarda

- Moro em Mandaguari - PR

- Hobby: Gosta muito de dançar. É formada em dança do ventre e pratica muai thai

- Sonho: Concluir a faculdade de investigação forense perícia criminal

- Música: Estilo sertanejo

- Função atual: Programadora de CNC

- E-mail: paty28paiva@hotmail.com

  

De auxiliar de usinagem à professora de mecânica 

A instrutora de mecânica e programação CNC no Senai, Viviane Cristina Valverde Franco, tem 32 anos de idade, começou a trabalhar aos 17 anos, como auxiliar de usinagem na Empresa Wutzl, em Guarulhos/SP. 

Depois, trabalhou na CRW, como assistente técnicado setor de projetos, na Valeo, no setor de Qualidade e na CRW, como desenhista projetista de moldes plásticos. Ingressou no Senai em 2011, como instrutora do curso técnico de projetos, passou pela fabricação mecânica, pela ferramentaria e, desde 2016, na mecânica. 


Aos 14 anos de idade, seu pai apresentou diversas opções de “vestibulinhos” para o ensino médio, sendo uma delas o Senai. “Conheci a escola porque meu irmão estava se formando como aprendiz. Aí, não tive dúvidas da escolha. Sempre gostei de trabalhos manuais, o que me levou a ficar apaixonada pela área, que ainda tem suas raízes artesanais”, argumenta. 

Viviane cursou Aprendizagem Mecânica e fez especialização em Ferramentaria. Aos 17 anos conseguiu um estágio na Wutzl, onde operava máquinas de usinagem e CNC. “Logo fui chamada para trabalhar no setor de projetos de moldes e dispositivos, como assistente técnica, em uma empresa de plásticos. Lá descobri o amor da minha vida: projetos de moldes. E foi por essa descoberta que comecei a estudar Projetos na Fatec, graduando-me no ano de 2009”, justifica. 

Viviane, por motivos pessoais, precisou se afastar do trabalho por um ano, retornou com o desafio de uma nova área: Controle de Qualidade. Porém, depois de seis meses,a paixão por projetos de moldes fez retornar à área. “Trabalhei com grandes profissionais, pude aprender muito, sempre fiz com muito carinho meu trabalho. Certo dia, um colega comentou da vaga de professor do Senai. 

Era algo que eu jamais havia pensado, mas pareceu interessante e resolvi me inscrever”, comenta. Filha de professores, algo interior a tendenciou para esta profissão. Sem grandes pretensões, foi aprovada no processo seletivo e resolveu se arriscar. “Com muita dor no coração me despedi novamente do meu amado projeto a fim de dedicar-me a esse novo desafio”, salienta. 

A professora já está há nove anos atuando em diversas atividades, todas dentro a área de mecânica: Usinagem convencional, Desenho técnico mecânico, CAD e usinagem CNC. Para aprimorar a formação profissional, além dos cursos de curta duração oferecidos pela instituição, é pós-graduada em Gestão Escolar e Projetos de CAD/CAE/CAM. 

“Ser mulher em uma área que ainda é muito masculina não é fácil, porque a nossa cultura ainda dificulta bastante. Até mesmo nós mulheres temos preconceito entre nós. Mas a diferença não existe, é pura cultura”, desabafa. Ela explica que trabalhar como professora nessa área também foi um grande desafio. “Iniciei ainda nova, tendo que trabalhar com alunos que às vezes tinham o dobro da minha idade. Por isso, sempre busquei me preparar, trabalhar e estudar bastante para oferecer uma aula completa, com conteúdo, interessante e honesta. E quando se trata de trabalhar com menores de idade em máquinas perigosas, a responsabilidade se multiplica”, argumenta. 

Casada com um engenheiro mecânico, conversas a respeito da área sempre são recorrentes. “Discutimos problemas que surgem no dia a dia do trabalho dele e sempre que possível, proponho ideias para auxiliá-lo com seus desafios. Trabalho nessa área com muito amor, procurando dar o meu melhor, respeitando meus limites e buscando sempre aprender mais e mais”, conclui. 

- Casada

- Mãe da Heloísa

- Moro em Guarulhos/SP

- Hobby: Artesanato e dançar Rockabilly

- Sonho: Morar em sítio

- Música: Rockabilly

- Função atual: Instrutora de mecânica convencional e programação CNC

- E-mail: vivianecvalverde@gmail.com   

Fermentaria ou Ferramentaria? 

O ingresso na área da ferramentaria um pouco confuso Vanessa Gonçalves de Almeida, tem 30 anos de idade, é Engenharia Mecânica formada pela a PUC-Minas. 

Em 2006, fez inscrição no Senai e achou que estava concorrendo a vaga para o curso de “Fermentaria”, mas era de Ferramentaria. No dia em que foi olhar o resultado, observou que eram 13 meninos, ela e a Yves na turma. “Pensei: nossa que tanto de menino querendo ser padeiro”. Quando entrou no curso descobri que Yves era um menino. Ninguém na família trabalhava na área de mecânica e nem conhecia a ferramentaria.

           


Mesmo assim, seguiu em frente. Quando chegou na parte da lima e ajustagem pensou em desistir, mas depois dessa fase ficou muito animada e cada vez mais interessada. “Gostei tanto do Senai que fiz outro curso que ensinava a mexer com injetora plástica. Formei no segundo curso em dezembro de 2007, e desde então ficava pedindo a Deus um emprego na área”, comenta.

 

“Em janeiro de 2008 a Minas Plastic me ligou para eu fazer uma entrevista. Fiz, mas não tive nenhum retorno. No dia 18/02, no meu aniversário, ligaram falando que eu tinha passado. O emprego era ótimo. Eu ia de moto, andava 70 km da minha casa até a empresa. Todos os dias enfrentava chuva, frio e calor, mas valeu a pena cada esforço e sou muito grata à ferramentaria que foi a base do meu histórico profissional”, comemora.

 

A Minas Plastic foi seu primeiro contato com a indústria automotiva. “Lembro no primeiro dia que meu chefe ensinou a operar ponte rolante. Ninguém teve coragem de passar perto, os operadores de máquina ficaram todos no canto olhando, enquanto eu passava com o molde no meio da fábrica. Experiência inesquecível”, relembra. No entanto, Vanessa confessa que teve medo de içar os moldes grandes. Preferia dar manutenção no molde a transportá-los. “A conquista do primeiro emprego é sempre muito difícil, principalmente em uma área com poucas mulheres”, salienta.

 

Seu próximo desafio foi na Tornearia RMSG e Usinagem Ltda como auxiliar de Ferramentaria. “Alipude observar a diferença entre empresas de grande de porte e de pequeno porte. Nas de pequeno porte precisamos criar diversos recursos técnicos. Por exemplo, aprendi a afiar lâminas de forma que se tornavam uma faca para dispositivo de corte de borracha. Era um serviço que todo mundo corria. Eu fiz uma vez e ficou bem feito, logo virou uma tarefa minha”, comenta.

 

Depois, Vanessa voltou a Minas Plastic como Assistente de Ferramentaria. “Fui convidada para retornar com uma nova função. Depois, promovida para Assistente de Engenharia onde auxiliava na análise de desenvolvimento de ferramentais e melhorias em produtos existentes na linha de produção. “Confesso que me arrependi, gostava mais de trabalhar na ferramentaria e ter contato com os moldes no físico do que ficar analisando desenho e simulações”.

 

Na Isomonte SA, teve seu primeiro contato com mineração, fazia serviços burocráticos e acompanhava os projetos por meio de desenhos, onde adquiriu conhecimento em SAP. 

A Formtap Interni oportunizou o conhecimento na fabricação de tetos e painéis de portas de carros. “Na Minas Plastic eu conheci apenas o processo de fabricação das peças de plástico. Hoje, quando entro no carro sei como são fabricadas grande parte das peças. Minha função era acompanhar o desenvolvimento de novos produtos e discutir melhorias para produtos existentes, por meio de protótipos, que na maioria das vezes eram feitos a mão”, explica. 

Vanessa começou como estagiária de Usinagem na Açoforja. Na mesma empresa, ainda trabalhou como técnica de processos de usinagem por quase três anos. “Finalmente consegui voltar para o chão de fábrica, distribuía os processos, auxiliava os operadores conforme a programação diária e realizava a montagem das ferramentas de corte”, comemora. Ela destaca que um dos melhores momentos da sua vida profissional foi quando assumiu como Engenheira de Processos Trainee.“ Na Açoforja, os funcionários me ensinaram muitas coisas e aceitaram os meus conhecimentos também. No início me chamavam de fraldinha e depois fui promovida para neném! A frase que eu mais ouvia era: “antes de você nascer eu já operava máquina”, mas aos poucos fui conquistando espaço, sempre respeitando o do outro e nunca querendo ser melhor que ninguém”, relembra.

 

Já são 11 anos de trajetória profissional, em seis empresas. Trabalha há oito meses na IMA - Indústria Mecânica Alterosa, em Contagem-MG, onde é Analista de Planejamento e Controle de Produção. Até então não tinha trabalhado em uma empresa que fabricasse e recuperasse cilindros hidráulicos. “Simplesmente estou apaixonada”, salienta.

Para ela, um dos maiores desafios da área é conseguir demonstrar para as pessoas com mais experiência que você também pode agregar conhecimentos, que pode haver uma troca, pois as coisas evoluem com o tempo.Vanessa comemora porque conseguiu passar por diversas áreas da mecânica.


- Noiva do Lincoln (casamento 10/08/2019)

- Moro em Belo Horizonte - MG

- Hobby: assistir filmes, brincar com as cachorras

- Sonho: construir minha família

- Música: Aleluia

- Função atual: Analista de planejamento e controle de produção

- E-mail: vanessaengmec@hotmail.com

 

Futuro profissional na Alemanha

 

Recém-formada em Engenharia de Materiais pelo Cefet de Minas Gerais, Larissa Mara Batista Duarte tem 23 anos de idade e há poucos meses fez um estágio em Berlim, na Alemanha. Está atualmente no Brasil, mas providenciando as documentações para retornar à Alemanha, onde irá trabalhar na área de mecânica da fratura no Instituto BAM-Berlin.


 

Ela realizou seu primeiro estágio durante a graduação, na Metalúrgica Fercar, na cidade de Carmópolis de Minas – MG, aos 21 anos. “Trabalhei por sete meses no setor de ferramentaria, sendo responsável pela leitura e interpretação de projetos mecânicos e operação e programação de uma fresadora CNC”. Larissa destaca que neste período, recebeu treinamentos e consultorias da empresa “Zion Solução em CAD/CAM/CNC”, na área de programação manual, programação CNC em software GibbsCAM e interpretação de projetos.

 

E foi nesta empresa, na Zion, que posteriormente fez um estágio voluntário por seis meses. “Foi um período de grande crescimento pessoal e profissional, sendo responsável pela realização de serviços em torno CNC e elaboração de cursos para serem ofertados no centro de treinamento da empresa”, comenta. Deixou o Brasil, em julho de 2018, para realizar o estágio de seis meses na área de pesquisa em Análise de Falhas, em Berlim, na Alemanha.

 

Para ela, durante o período em que trabalhou no setor de ferramentaria e mecânica, ser mulher sempre foi um desafio. “Sempre fui a única mulher no meu ambiente de trabalho e ouvia diversas vezes comentários como: você é a única mulher que conheço que trabalha nessa área, nossa, mas uma mulher trabalhando com ferramentaria? Você está começando agora, não tem conhecimento suficiente para isso”, descreve.

 

A engenheira salienta que ao mesmo tempo em que é um desafio ser mulher e se destacar em um mercado de trabalho ainda dominado por homens, é satisfatório ter o seu trabalho reconhecido e mostrar que se é capaz de fazer igual ou até melhor do que aquilo que esperam de você. “Creio que nós, mulheres, estamos cada vez mais mostrando que não existe “trabalho de homem” e que nós podemos, sim, realizar as mesmas atividades e com excelência”, aborda.



- Solteira

- Moro em Belo Horizonte - MG

- Hobby: ouvir música e assistir filme

- Sonho: estabelecer profissionalmente na Alemanha 

- Música: Tempo Perdido - Legião Urbana 

- Função atual: preparando os documentos para ir para a Alemanha

- E-mail: larissambd@hotmail.com 

 

Mais de três décadas dedicadas à Embraco

 

A Embraco é uma empresa global que tem sete fábricas, três escritórios comerciais e uma unidade global de serviços compartilhados. Está presente em mais de 80 países e é aqui no Brasil, na unidade sediada em Joinville-SC, que Maria Kock atua há 32 anos. Foi a primeira e única empresa que ela trabalhou e onde, atualmente, é técnica em ferramentaria, desde 2003.


Até os 20 anos de idade morava com os pais em Presidente Getúlio,município do interior do estado Catarinense, onde estudava e ajudava com os trabalhos do sítio. Veio para Joinville justamente para começar a trabalhar na Embraco, em abril de 1987, como operadora de produção.

 

Em fevereiro de 1989 passou na seleção para treinamento industrial, um curso de formação de ferramenteiros, mais focado nas necessidades da empresa. “Estudei até junho de 1990 e fui para a ferramentaria fazer estágio na área de usinagem retíficas”, comenta. No ano seguinte passou para o cargo de retificador I e, três anos depois, retificador II.

 

Maria fez vários outros cursos para aperfeiçoar em cálculos, conhecimentos em materiais e ferramentas de corte, mas sempre atuou no setor de usinagem retíficas, na ferramentaria. “O meu trabalho consiste na usinagem de peças de alta precisão, ajustes finos de peças para ferramentas de estampo, moldes e dispositivos, padrões e todos os tipos de peças para a fábrica e manutenção”, descreve.

 

Atualmente, participa do CCQ (Círculo do Controle da Qualidade) como circulista e ajuda a desenvolver projetos de melhorias, que são muito importantes para a empresa. O CCQ surgiu como forma de estimular e valorizar o potencial criativo dos colaboradores para identificar possíveis falhas e criar soluções simples, criativas e eficazes, que possibilitem um melhor aproveitamento dos recursos e a construção de um ambiente de trabalho ainda mais seguro e agradável.

 

Para ela, como toda carreira profissional, “existem algumas dificuldades no começo, principalmente na área de ferramentaria, onde há vários trabalhos complexos. Mas, com o passar do tempo, conhecendo o processo e adquirindo experiência, as dificuldades desaparecem”. A profissional destaca que como o mercado de ferramentaria é muito competitivo, a qualidade e a entrega são essenciais. 

 

“O meu trabalho na usinagem são peças pequenas e leves, ideal para uma mulher. Na ferramentaria tem vários trabalhos que poderiam ser realizados por mulheres, mas são poucas que atuam nessa área. No meu turno de trabalho só eu que atuo”, comenta. Ela disse que sempre fui muito respeitada como mulher e, acima de tudo, como profissional pelos superiores e colegas de trabalho. “Gosto muito do que faço e me sinto realizada profissionalmente. Tenho muito orgulho de fazer parte da Embraco”, finaliza.

 

Divorciada

Filhos: Tenho uma filha, a Jeniffer

Moro em Joinville/SC

Sonho: Ver minha filha formada na faculdade

Música: sertaneja e gospel.

Hobby: Viajar, assistir um bom filme e, principalmente, visitar minha família no sítio.

Função atual: Técnica em ferramentaria

Email: mariaakock@gmail.com

  

Determinação, coragem e amor pela profissão 

Regiane Aparecida Marques, 39 anos, trabalha a mais de sete anos como operadora e programadora de eletroerosão a fio na Giacomini Ferramentaria, em Ibiporã-PR. Porém, sua história profissional iniciou na mais tenra idade, quando tinha apenas 11 anos, em um depósito de ferragens em São Paulo, realizando serviços de montagem e armação de ferragens para construção.

 

Neste ramo da construção civil, ela atuou por nove anos. “Comecei como servente e depois me qualifiquei em madeiramento para telhados e colocação de piso cerâmico”, relembra. No ramo metalúrgico, ingressou aos 20 anos de idade, na empresa Juntas Universal, onde passou pelos cargos de auxiliar de produção, operadora de prensa, expedista, serigrafista. Ainda, por oito anos integrou a equipe da qualidade (Certificação ISO) e, por fim, foi montadora de atuadores de turbina.

 

Em um determinado momento, quando não havia mais espaço para seu crescimento profissional, decidiu realizar cursos na área da ferramentaria. “Fiz de torneira mecânica, fresadora mecânica e processos industriais, no Senai de Londrina”, salienta.

 

Aos 31 anos, ingressou na Giacomini Ferramentaria como auxiliar de operador de eletroerosão a fio. “Para mim, foi um grande desafio. Dediquei-me e a empresa me deu oportunidade de aperfeiçoamento. Meu trabalho não é só pegar a peça e colocar na máquina, envolve um estudo de como a ferramenta vai funcionar e o que pode ser melhorado durante o processo. É um trabalho que exige muito da equipe, desde o projeto até o teste”, salienta. Ela defende: “é preciso executar todo e qualquer trabalho com o máximo de dedicação. Não o faça simplesmente porque recebe por isso, lembre-se que você está se qualificando para o futuro”.

 

E sobre trabalhar em uma empresa onde a maioria das funções é ocupada por homens, ela aborda: “infelizmente, alguns deles ainda têm uma mente retrógrada, acham que a mulher só serve para cuidar da casa. Quando surge um problema na montagem, não buscam fazer um check-up desde o início do processo, já vêm com "a menina errou aqui", mas, de contrapartida tem aqueles pensantes, geralmente dos 30 anos para menos, que fazem a vistoria correta e que sempre elogiam meu trabalho. Isso é muito gratificante”, justifica.

 

Ela aborda que o mercado gera muitas incertezas. “Há muitas empresas no ramo da ferramentaria, por isso, muita competição e, o pior, sem incentivo fiscal fica difícil melhorar o maquinário e oferecer preços melhores”, justifica. Regiane acrescenta que a produção ainda é muito cara nesse ramo: o material, a manutenção das máquinas e qualificar um colaborador. Para ela, competir com o mercado externo fica quase impossível com a alta carga tributária do país.

 


Casada com Valdir

Filho: Renan (17 anos)

Moro em Ibiporã (cidade vizinha a Londrina/ PR)

Sonho: Ver meu filho crescer profissionalmente

Música: Legião Urbana, mas cresci ouvindo Rap

Hobby: Futebol

Função atual: Operadora e Pogramadora de eletroerosão a fio

Tags
ferramentaria mulheres Competência femininaindústria CNC
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Revista Ferramental

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