Tem algo que vem me incomodando nas últimas semanas e resolvi colocar algumas palavras em texto para entender se faz sentido.
Indústria 4.0 é apenas um termo cunhado para definir um conceito extremamente abrangente e subjetivo. De todos os lados se ouve que a economia está mudando, que as indústrias precisam se adaptar e que a concorrência será cada vez maior. O meu questionamento é: Ok, entendi, mas como isso afeta cada empresa e como elas devem fazer para "dar essa virada"?
Vejo poucas iniciativas realmente práticas, um curso superior ou pós graduação aqui, uma associação acolá, mas só vemos industrias multinacionais noticiando movimentos realmente consistentes. Existe um grande desafio a ser ultrapassado e que pode colocar tudo a perder. Qualquer mudança é melhor que nenhuma mudança?
Eu não acredito nisso. Por isso a importância de ter pessoas ou parcerias que consigam pensar de forma holística, é preciso muita pesquisa fora e dentro da organização para se obter respostas concretas que guiem os passos rumo à digitalização.
Quantas pessoas da sua empresa estão preparadas para liderarem
qualquer tipo de iniciativa? A autonomia é uma parte importante do processo.
Caso contrário, essas pessoas que não a tem, não terão oportunidade de
desenvolver uma série de habilidades indispensáveis para os novos tipos de
cargos que serão criados. E isso encarece ainda mais o processo de
transformação, pois a troca de pessoas será inevitável.
Mesmo a tecnologia não substituirá a melhor forma de procurar soluções já criada, a troca de experiências. Implantar qualquer coisa por tentativa e erro é o caminho mais tortuoso e ineficaz possível. Claro que, às vezes, não é possível fugir desta situação, principalmente quando se fala em inovação tecnológica.
Entretanto as tecnologias da indústria 4.0 já são utilizadas há anos e estão sendo "apenas" adaptadas para a realidade das fábricas. Sempre terá alguém que passou por cada situação, mesmo em um ramo diferente, e que pode compartilhar a melhor forma de se fazer cada etapa do processo. Veja bem, até mesmo a Inteligência Artificial já é tema de pesquisas desde os anos 50-60.
E esta opinião cabe para empresas convencionais, que só querem achar uma forma de sobreviver e aumentar os seus lucros, qualquer empresa que se propuser a desenvolver alguma nova tecnologia pagará esse preço de bom grado em nome dos lucros futuros advindos do pioneirismo.
O primeiro passo antes de iniciar qualquer movimento é óbvio, saber onde está e onde quer chegar. Não adianta querer implantar machine learning no seu setor de compras se ele vai tornar o trabalho muito mais burocrático ou oneroso. Aqui vale a velha regra do "menos é mais". Faça um mapeamento de processos, recursos disponíveis, pessoas habilitadas e com capacidade de liderar o(s) projeto(s), o diagnóstico é o primeiro passo.
Quais decisões são tomadas com base em dados e quais ainda são de acordo com o "feeling" de pessoas, quais são as perdas que podem ocorrer em cada processo, como obter informações em tempo real, quanto tempo leva para as perdas serem rastreadas, qual o objetivo de cada etapa na criação de valor para o cliente final. Essas são perguntas simples que devem ser respondidas antes de qualquer visita em feira, pesquisa de mercado, reunião com fornecedor etc. Essa é a etapa mais lógica e mais esquecida, muitos estão perdidos e procurando qualquer resposta simplória que torne tudo "mais fácil".
É hora de voltar a
prancheta e repensar o seu negócio. Lembre-se do porque a empresa foi criada,
qual o problema ela deseja resolver e quanto valor ela gera para o seu público.
A partir daí, imagine se é a sua estrutura que gera valor e traz clientes ou se
você precisa buscar clientes para "bancar" a sua estrutura.
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Diego Teixeira
Preparando empresas para a Indústria 4.0