

É sabido que a automação é o futuro da indústria, mas vale a pena aplicá-la em linhas de usinagem? Possivelmente quando pensamos em linhas de produção seriada, provavelmente a resposta seja sim.
E quando
temos linhas de produção com lotes pequenos? Este artigo tem como objetivo
desmistificar o uso da automação em linhas de usinagem flexíveis. Para a
surpresa de todos, já iniciamos com um spoile:
Sim, vale muito a pena a automação em linhas não-seriadas.
Segundo dados da ABINFER (Associação Brasileira da
Indústria de Ferramentais), a produtividade média das ferramentarias no Brasil
é inferior à 40%, ou seja, a cada 100 horas de produção, a máquina produz
efetivamente e apenas 40 horas. Comparando nossa realidade com países mais
desenvolvidos industrialmente, estamos com a produtividade média cerca de 25%
pior.
Rodrigo Manzano, Gerente de Divisão da Liebherr,
informa que existem basicamente 3 formas de automação de linhas de usinagem,
que são:
· FMS
(Flexible Manufacturing System, ou
Sistema Flexível de Manufatura);

· Bin Picking/Célula
Robotizada/Robô com 7° eixo e;
· Portal
Linear.
Cada uma dessas formas de automação é mais apropriada para um tipo de realidade produtiva, conforme demonstrado na figura 1.
Figura 1 – Enquadramento dos sistemas de automação.
Fonte: Liebherr (2020)
Quando temos um processo dedicado a lotes pequenos,
como por exemplo o trabalho na indústria de moldes e matrizes, o sistema FMS é
o mais indicado. Já para linhas dedicadas, como por exemplo a usinagem de
blocos de motor, recomenda-se o portal linear.
Que a automação melhora o processo, garantindo mais
confiabilidade e segurança, já não é uma novidade, mas em muitos casos as
empresas se esbarram na questão custo de investimento. Existe uma diferença
grande entre valor e preço.
· Preço é exatamente quanto
se paga em um processo de automação e;
· Valor é o que se ganha com a implantação deste sistema.
Existem diversos exemplos onde o investimento
inicial foi pago em menos de seis meses, considerando todos os ganhos gerados,
como maior produtividade, maior segurança e maior confiabilidade do sistema.
Manzano explora justamente este ponto, usando como exemplo a indústria de moldes
e matrizes.
"É evidente o aumento de produtividade que se
pode atingir em cada máquina como, por exemplo, no seguimento de moldes e matrizes,
onde é possível triplicar a produtividade da máquina com a utilização de
sistemas FMS". Com este tipo de ação, é possível o equipamento trabalhar 7
dias por semana, 24 horas por dia, com uma eficiência mínima de 85%, completa
Manzano.
É comum encontrarmos empresas que possuem tempo de
preparação de peças superiores a 1 hora. Não é raro vermos tempos ainda
maiores, na casa de 2 à 4 horas. Vale lembrar que não é somente o tempo de
ajuste que se reduz com a utilização de células FMS, mas também é evidente a
melhoria da qualidade da peça produzida e um processo muito mais enxuto e
seguro para os operadores.
Na fábrica alemã da Schunk, fabricante mundial de
tecnologia de fixação e sistemas de garras, as linhas produtivas foram
concebidas seguindo esses mesmos princípios. Existem os três tipos principais
de automação para centros de usinagem, onde a produtividade é superior à 80%.
Para uma célula FMS rodar com sua capacidade
máxima, é muito importante analisar os periféricos, como sistemas de fixação
por ponto zero, morsas e porta ferramentas. O conceito do FMS é ter uma linha
rodando automaticamente, ou seja, não há espaço para ajustes ou correções de
processo.
Frequentemente as empresas se questionam como
começar o seu processo de automação e a resposta é: melhorando seu setup. A
figura 2 mostra o caminho entre o processo de fixação por grampos (tradicional)
até a célula automatizada. Fica claro a necessidade de melhoria do processo de
fixação para que a automação tenha um resultado mais eficiente.
Figura 2 – Evolução dos sistemas de fixação de peças.
A Schunk adota e traz a tecnologia de fixação de ponto zero, chamada Vero-S, que permite uma fixação rápida, segura e precisa, garantindo repetibilidade menor que 0,005mm na troca dos componentes.
É possível visualizar o funcionamento no vídeo
O sistema é totalmente fabricado em aço inoxidável e está disponível em uma ampla gama de opções, com forças de fixação de até 28 kN por módulo (versão NSE3 138). Os módulos estão totalmente preparados para automação, com sensoriamento de abertura, fechamento e acoplamento, uma vantagem muito grande quando falamos de trocas automáticas de palete[1].
Fixando a peça com sistema de ponto zero, além dos
benefícios mostrados acima, permite-se a usinagem de 5 lados da peça sem
alterar a fixação, reduzir o comprimento de ferramentas e com isso melhorar a
qualidade do processo.
Respondendo a pergunta do título deste artigo: sim, vale a pena o investimento em uma célula automatizada e os ganhos são imensuráveis. Atualmente, os maiores concorrentes da indústria brasileira somos nós mesmos.
O
não investimento em tecnologia cria uma barreira entre qualidade e capacidade
produtiva e facilita que a concorrência externa consiga os pedidos que poderiam
ser direcionados à nossa indústria.
Uma ciranda perigosa e onerosa para o futuro das
empresas brasileiras.
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Automação usinagem ABINFER moldes matrizesSchunktecnologiaCompartilhe
Mairon Cezar Anthero
General Manager SCHUNK Intec BR