10 ações importantes para as empresas diante da pandemia

Uma cadeia formada por gestores, funcionários, clientes e fornecedores e uma análise minuciosa dentro da empresa para driblar as dificuldades enfrentadas pela crise Covid-19

Já faz mais de um ano que a crise da Covid-19 chegou inesperadamente pegando as empresas e a sociedade de surpresa. Mesmo para as organizações grandes e estruturadas, não foi e continua não sendo um momento de grandes realizações e sucessos. 

Mas, como protagonistas da economia e do ambiente de negócios, as empresas têm como responsabilidades básicas a boa condução dos negócios e o cuidado com seus funcionários. 

Com a pandemia que continua a desafiar economias e a ciência no mundo todo, acredito que, se tornou mais necessário que regras sejam estabelecidas e seguidas para que os desafios sejam enfrentados com reflexão e resiliência.

Isso é esperado pelos clientes e, principalmente, pelos funcionários, que confiam em seus gestores e no alto escalão de suas organizações, para que possam continuar executando suas funções com a certeza e confiança de que seu trabalho será recompensado e que a empresa para qual trabalham está enfrentando a crise da melhor maneira. 

Quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou a pandemia, as empresas ficaram expostas a uma série de riscos estratégicos e operacionais, como atrasos ou interrupção do fornecimento de matérias-primas, mudanças nas demandas de clientes, aumento de custos, insuficiências logísticas que levam a atrasos em entregas, questões de saúde e segurança de funcionários, força de trabalho insuficiente e desafios referentes a importação e exportação de produtos. 

A importância e a pressão da sociedade para que as organizações estivessem mais do que nunca empenhadas em questões sociais, ajudando ONGs, hospitais e se mostrando preocupadas com a sustentabilidade, foi um ponto que precisou ser urgentemente posto à prova e entrar nos planejamentos a curto prazo. 

Com base em análises das principais práticas de empresas de todo o mundo em Planos de Continuidade de Negócios (BCP) e gerenciamento de grandes emergências frente a diferentes tipos de doenças como pneumonias infecciosas atípicas, Influenza H1N1, Febre Hemorrágica do Ebola, entre outras já muito conhecidas, a Deloitte, maior organização de serviços profissionais do mundo, formulou um guia com 10 práticas que recomenda serem aplicadas pelas empresas que ajudam a passar por esses momentos de incertezas como o que estamos agora. 

1. Estabelecer equipes de tomada de decisões de emergência

Como um passo muito importante, as empresas precisam estabelecer imediatamente, após o começo de crises de qualquer tipo, equipes de tomada de decisão para assuntos urgentes e temporários, como uma “Equipe de Resposta a Emergências” ou um “Comitê de Gestão de Grandes Emergências” para definir os objetivos a serem alcançados e criar um plano de emergências, além de garantir que as decisões possam ser tomadas o mais rápido possível em diferentes situações. 

Para a criação dessa equipe, deve-se priorizar profissionais da própria empresa e, se necessário, trazer novos para adequar seus negócios às características regionais.

2. Avaliar os riscos e esclarecer mecanismos de resposta a emergências, planos e divisão de trabalho

É comum para muitas empresas ter planos prontos de “contingência de emergências” ou “planos de sustentabilidade de negócios” e, assim, podem colocá-los em prática imediatamente quando reconhecem situações necessárias para isso. 

Entretanto, para empresas que não dispõem de tais planos, é necessário que seja feita uma avaliação imediata e abrangente de todos os riscos, incluindo questões com funcionários, terceiros, governo, demais públicos externos e toda a sua cadeia logística. 

É muito importante que a avaliação de riscos seja abrangente e envolva diversas áreas importantes da organização, tais como: questões relacionadas ao espaço do escritório, planos de produção, compras, fornecimento e logística, segurança dos funcionários e capital financeiro.

3. Estabelecer um mecanismo positivo de comunicação de informações para funcionários, clientes e fornecedores e criar documentos de comunicação padronizados 

Deixar os funcionários e fornecedores seguros é muito importante, assim como estabilizar as cadeias logísticas e de suprimentos e fortalecer o gerenciamento de informações e de serviços prestados aos clientes para evitar uma visão negativa que pode ser gerada por algum tipo de negligência por parte da empresa. 

Ao mesmo tempo, o sistema de transmissão de informações interno da empresa deve estar sempre atualizado para que os funcionários estejam sempre informados sobre novidades externas e sobre a empresa e sintam-se seguros e motivados dentro da organização. Os sistemas de informações são muito importantes para prevenir sobre riscos também.

4. Manter o bem-estar físico e mental dos funcionários e analisar a natureza de diferentes negócios e trabalhos para assegurar a adequada retomada desses trabalhos

Sabe-se que condições boas de trabalho são essenciais para bons resultados e manter os funcionários motivados. Para isso, condições de trabalho flexíveis foram implementadas por diversas empresas e mostram ótimos resultados. 

Outra ação muito importante é o suporte de tecnologias, com parâmetros de trabalho não presencial e à distância durante períodos específicos; estabelecer um sistema de monitoramento de saúde dos funcionários e manter a confidencialidade de suas informações pessoais. 

Devem garantir a segurança no ambientes de trabalho, limpando e desinfetando os locais de acordo com as exigências de gestão das autoridades sanitárias e de saúde pública nacionais e regionais em períodos de grande propagação de doenças infecciosas; fortalecer a educação sobre segurança durante pandemias, estabelecer diretrizes de proteção pessoal para funcionários baseadas em fatos e aumentar a conscientização sobre segurança e prevenção de riscos.

5. Foco em planos de resposta a riscos da cadeia logística de suprimentos

Grandes empresas geralmente planejam com antecedência o uso de instalações de escritórios parecidos em outras regiões, que possuem a mesma capacidade das áreas que foram afetadas, para que o trabalho na “área infectada” possa ser rapidamente retomado ou para que a produção tenha que parar devido à falta de capacidade ou de matérias-primas; 

Em relação à gestão de estoques, as organizações precisam  considerar o aumento do ciclo de uso das mercadorias, causado pelo bloqueio de consumo, o aumento de custos financeiros associados e a pressão no fluxo de caixa. Ao mesmo tempo, em setores com longos ciclos de produção, organizações devem se preparar antecipadamente para a retomada do consumo com a redução da pandemia, para prevenir riscos de estoques insuficientes.

6. Desenvolver soluções para riscos de conformidade e manutenção de relacionamento com clientes decorrentes da inabilidade de retomar a produção em curto prazo

Quando alguma pandemia ou crise é confirmada, as organizações devem cooperar com seus clientes para entender as mudanças do mercado e administrar da melhor forma possível o impacto e entender como deve ser a retomada; Leis sobre o cumprimento de contratos civis e comerciais devem ser observadas, já que nem todos os não cumprimentos durante uma pandemia podem ser livres de consequências legais;

As empresas devem procurar e avaliar os contratos cujo cumprimento pode ser afetado e rapidamente avisar a parte que está ligada diretamente ao contrato para reduzir possíveis perdas, assim como avaliar se é necessário realizar um novo contrato e manter evidências para uso em possíveis processos civis.

7. Prática de responsabilidade social e gerenciamento de partes interessadas e incorporação de estratégias de desenvolvimento sustentável às tomadas de decisão

É essencial que as empresas sigam o planejamento e planos de ação do governo local e foquem em uma boa divulgação de suas informações e pontos fortes para assim, melhorar a imagem da organização com seu público externo.

A prática mais importante é a de conseguir implementar ações de responsabilidade corporativa social nos setores ambiental, social, econômico e de estabilidade de funcionários e também coordenar boas relações com a comunidade e fornecedores. É necessário avaliar o possível impacto e a duração da pandemia para assim ajustar os planos e, quanto aos acionistas ou conselho diretivo, comunicar medidas propostas e resultados de avaliações.

8. Criar um plano de gestão de dados dos profissionais, garantindo segurança e confidencialidade de informações 

As empresas devem estabelecer uma boa gestão de dados de profissionais, terceirizados, fornecedores, parceiros e outros profissionais com os quais mantêm contato; também é necessário criar rapidamente e de forma certeira, planos de resposta a emergências de segurança de informações para garantir a estabilidade da operação. 

Oferecer suporte à distância 24h por dia, 7 dias por semana, para garantir o monitoramento de computadores, servidores, redes, sistemas, aplicativos e outros recursos de informática e, assim, possibilitar que profissionais que trabalham à distância e que os que trabalham internamente na empresa continuem suas atividades com segurança e conforto, sempre podendo contar com ajuda. 

9. As empresas precisam considerar ajustes em seus orçamentos e planos de implantação, planejamento de fluxo de caixa e mecanismos de notificação prévia para comércio internacional

O conselho é que as empresas fiquem atentas ao seu fluxo de caixa, ajustem o seu cronograma de recebimentos e pagamentos para garantir recursos de acordo com o ritmo de fornecedores e planos de trabalho dos funcionários. 

Além disso, é necessário prestar muita atenção à situação de importações e exportações no comércio internacional, especialmente devido às mudanças repentinas ou desastres em locais de onde grande parte dos produtos se origina, o que afetará o comércio e poderá gerar grandes perdas também para a empresa. Para prevenir tais eventos, empresas devem preparar um “plano de cenário” de emergência para fornecedores essenciais o mais rápido possível.

10. Melhoria dos mecanismos de gestão de risco

Estar sempre preparada para situações de emergência, deixando prontos relatórios de risco e planejamentos referentes a ações necessárias para se enfrentar uma crise. Esse é um ponto muito importante, mas que muitas empresas nem sempre estão completamente prontas. 

A gestão deve sempre estar ciente dos planos de ações e realizando mudanças de acordo com os acontecimentos atuais locais e globais, para assim, estarem sempre atualizados e preparados para serem usados casa haja uma emergência.  

O avanço que a pandemia tomou no último ano não era esperado, e mesmo que muitas empresas se sentissem preparadas para momentos como esse, a prática muitas vezes é diferente do que está escrito no papel. Diversas organizações precisaram batalhar muito para se organizarem e planejarem as ações pensadas na nova realizada do mundo. 

As 10 práticas listadas acima são essenciais e servem de grande ajuda para muitas empresas de diversos portes. A Covid-19 ainda não foi superado, mas é possível melhorar a situação a cada dia e assim, fazer a economia se reerguer. 

Tags
açõesempresaspandemia
Compartilhe

Rodrigo Fragoso

Sócio da Deloitte desde 2004, tendo mais de 28 anos de experiência em Consultoria Empresarial. Foi líder no Brasil da prática de Risk Advisory 2012/2018. Atua em projetos de análise e implantação do processo de Governança, Gestão de Riscos/Controles Internos e Conformidade. Líder Risco Regulatório e Private Companies a partir de 2018. LCSP Clientes Globais. Cursou Faculdade de Computação - Universidade Mackenzie, é pós-graduado em Administração Geral e Sistemas Integrados de Informações- CEAG - Curso de Especialização e Atualização em Economia – CEABE - Mestrado em administração - FGV – Fundação Getúlio Vargas. Diretor do IBEF –SP – Membro do Conselho Fiscal da JA (Junior Achievement) e Membro da Comissão de Inovação do IBGC. Tem especialização nos setores de energia, manufatura, serviços e bens de consumo. Desenvolvimento de soluções para Indústria 4.0 em conjunto com a IBM.